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Cemig e Andrade Gutierrez enxergam Energisa pelo espelho

  • 17/01/2011
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A Cemig e a Andrade Gutierrez querem transformar a iminente perda da Elektro em uma meia-derrota. A elétrica dupla prepara uma investida sobre a Energisa, holding controlada pela família Botelho. Em razão da diferença de porte entre as duas empresas, o projeto pode até soar como um prêmio de consolação diante da frustrada ofensiva sobre a Elektro. No entanto, a operação tem enorme sentido estratégico para a Cemig e a Andrade Gutierrez. Dentro da estatal mineira, há até quem se refira a  companhia utilizando um trocadilho infame: -Sinergisa-. Não há outra empresa capaz de capturar tamanha sinergia com os negócios da Energisa em geração e distribuição quanto a Cemig. Existe uma expressiva complementaridade dos ativos de ambas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, leia-se a Light. A Energisa é dona da Energisa Minas Gerais, responsável pelo atendimento a 66 municípios e a mais de um milhão de consumidores, e da Energisa Nova Friburgo, que opera na Região Serrana fluminense. Entre usinas já em funcionamento ou em construção, controla ainda oito PCHs nos dois estados. Ou seja: guardadas as devidas proporções, é quase uma empresa-espelho da Cemig e da Light em algumas regiões de Minas e do Rio. Na estratégia idealizada pela Cemig e pela Andrade Gutierrez, a entrada no capital da Energisa se daria por uma porta lateral: a compra da participação de Antônio José Carneiro, o -Bode-. O investidor detém 22% das ordinárias e 53% do capital total. Tomando-se como base a atual cotação da Energisa em Bolsa, a fatia acionária de -Bode- vale aproximadamente R$ 1 bilhão. Uma vez dentro da empresa, e com uma participação expressiva, nada mais natural que Cemig e Andrade Gutierrez usem de todo o seu peso para assumir o controle. A própria vulnerabilidade dos Botelho joga a favor. Não obstante sua conhecida recusa a  venda do controle, a família não se encontra em uma situação das mais confortáveis. Pesam sobre seus ombros o endividamento da Energisa, hoje em torno de R$ 1,5 bilhão, e as limitações financeiras da empresa para se manter em um setor dominado por grupos cada vez mais fortes e com maior poder de alavancagem financeira. Diante deste cenário, os Botelho se encontram diante de uma encruzilhada: de um lado, manter o atual status quo societário e ser controlador de uma empresa com notórias dificuldades competitivas; do outro, a possibilidade de ser acionista minoritário de uma companhia controlada pela Cemig e pela Andrade Gutierrez, dois investidores de altíssima voltagem.

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