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O quartel-general do Insper, instituição de ensino da ciência econômica, administração e direito, nessa ordem de importância, fica localizado na Rua Quatá, Vila Olímpia, endereço nobre de São Paulo. Nas proximidades, no Ibirapuera, respirase o pouco ar puro que sobrou na cidade. O bucolismo do parque, contudo, não encontra qualquer associação com a usina efervescente de ideias que funciona nos porões do Insper. Naquela casa, o vice-presidente da instituição, Marcos Lisboa, é o maestro de uma sinfonia wagneriana sobre economia aplicada, cuja inspiração é o assassinato do capitalismo de Estado.”Marquinhos”, conforme é chamado na academia e no mercado, já jogou em vários times -pertenceu, por exemplo, aos quadros da FGV e foi secretário de política econômica na gestão de Antônio Palocci na Fazenda. Mas parece ter se encontrado no Insper, sobre os auspícios do ex-banqueiro Claudio Haddad, o menos parlapatão dos economistas conservadores do país. O discreto Haddad foi o quarto mosqueteiro do trio de ouro do Garantia -Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Não aparecia na foto e ganhava muito menos, o que, ainda assim, significava muito. Decidiu tirar o Ibmec do economista Paulo Guedes e depois extraiu o Insper das entranhas do Ibmec, deixando uma marca de ódio entre ambos os acionistas. É ele o grande patrono da nova agenda macro e microeconômica que vem sendo forjada por um batalhão de economistas. “Marquinhos”, seu regente eleito, constituiu uma joint venture informal com a faculdade de economia da PUC-RJ, celeiro do Plano Real, onde hoje se encontram os economistas reflexos do Insper. A agenda, assumidamente liberal, pretende desmontar a estrutura que deu ao PIB brasileiro 60 anos seguidos de crescimento médio em 7%. Será entregue ao futuro mandatário, em 2018 -ou antes, se for o caso. Os economistas do Insper sabem que trabalham sobre um cenário de terra arrasada. Não se trata de caracterizar o ajuste fiscal como uma política liberaloide. Até o professor Celso Furtado, que está sentado a esquerda do deus exdesenvolvimentista, praticou um bruto arrocho com seu Plano Trienal, em idos hiperinflacionários. Mas o estrago que a presidente Dilma Rousseff provocou, com seu esquizofrênico ativismo estatal, não tem paralelo. O sistema de propulsão da economia brasileira sempre foi constituído de uma gigantesca companhia, a Petrobras -com funções de agência de interiorização e desenvolvimento -, um banco de fomento, o BNDES, dois grandes bancos varejistas, com impacto social e poder de mediação no mercado de crédito, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e o Complexo Eletrobras. Construí- lo demorou mais de seis décadas. Destruí-lo, custou só um quinquênio. A dizimação foi tamanha que eliminou os anticorpos contra a conquista pelos grupos de interesse. E os decantados investimentos sociais também serão reduzidos a título de melhoria da qualidade das políticas. O Insper vai fazer a sua agenda; outros farão também, homólogas. É o início apoteótico do ciclo conservador no Brasil, meio que na contramão do mundo. Tá tudo dominado!
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