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Soft power ou “no power” ? O dilema do governo brasileiro na eleição da OEA

  • 23/09/2024
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A sucessão no comando da OEA (Organização dos Estados Americanos), no início de 2025, já mobiliza o governo brasileiro. Antes dela há outra eleição, ou melhor, a eleição, nos Estados Unidos, que deverá ser determinante para a posição do Brasil no tabuleiro geopolítico das Américas.

Por ora, segundo o RR apurou, o Itamaraty trabalha com dois cenários. Um deles, mais “simples”, é apoiar a candidatura do atual ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rúben Lezcano, ao cargo de secretário-geral da OEA. Na mais recente reunião de cúpula do Mercosul, em Assunção, Lezcano cumpriu uma agenda de conversas reservadas com o objetivo de articular e viabilizar sua participação no pleito.

Mas o Itamaraty também considera a hipótese de um Plano B, que pode virar Plano A dependendo das circunstâncias. Seria o lançamento de uma candidatura própria para o lugar hoje ocupado pelo uruguaio Luis Almagro. Esta possibilidade teria em Celso Amorim, assessor direto do presidente Lula na área de política externa, o seu principal mentor. Amorim é sabidamente defensor da ideia de que o país deve buscar uma maior representatividade nas organizações multilaterais.

No caso de uma candidatura made in Brazil, dois nomes despontam nos meios diplomáticos. Um deles é o da embaixadora Maria Laura da Rocha, atual secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores. Maria Laura é próxima do próprio Celso Amorim – foi chefe de gabinete do então chanceler entre 2008 e 2011. A diplomata tem um razoável track records em organismos multilaterais: foi representante do Brasil na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e na FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).

Outra indicação cogitada é do embaixador Benoni Belli, que atualmente chefia a representação do Brasil na própria OEA. Ou seja: sob certo aspecto, Belli teria a possibilidade de trabalhar sua candidatura por dentro da entidade. No fim de semana, em entrevista à CNN, Belli disse que a OEA “vive uma crise de legitimidade”.

O lançamento de uma candidatura própria para a OEA depende de delicadas costuras, transversais a uma série de outros interesses cruzados e agendas diplomáticas de relevância ainda maior. O soft power do Brasil, ou, no limite, do próprio Lula sobre a vizinhança seria um handicap para angariar apoios na América do Sul e Central.

No entanto, esta é uma disputa que, basicamente, passa por um único grande eleitor. Na prática, a votação na OEA é decidida a pouco menos de uma milha do edifício-sede da entidade, mais precisamente na 1600 Pennsylvania Avenue NW. O secretário-geral da Organização é aquele que a Casa Branca escolher. A questão é saber quem estará no salão oval em 2025: Donald Trump ou Kamala Harris.

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