Sergio Moro abre fogo contra o “delivery do crime” nas prisões

  • 13/11/2019
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O ministro Sergio Moro, que chegou ao cargo sob a bandeira do combate à corrupção, dedica-se à sua segunda grande missão: atacar o crime organizado. O tiro contra as grandes facções atende pelo nome de Arms – Anti RPAS Multisensor System. Trata-se da tecnologia antidrones que o Ministério da Justiça planeja instalar nos presídios federais, com o objetivo de impedir a entrada de drogas, armas,
munição e celulares. A medida tem duas grandes finalidades: reduzir o poder de fogo de bandidos dentro da cadeia – e, consequentemente, o risco de rebeliões – e asfixiar a comunicação entre chefões de organizações criminosas e comparsas fora da prisão.

Estima-se que existam no Brasil mais de 150 mil drones. Apenas metade está registrada na ANAC, segundo dados da própria agência. Nos últimos meses, o Ministério da Justiça tem registrado um expressivo aumento do uso destes equipamentos sobre penitenciárias, mesmo as de segurança máxima. O “delivery do crime organizado” se espalha por todo o país, a partir de um sofisticado sistema de entrega com dia e hora marcado – possivelmente, com a conivência de agentes carcerários em muitos dos casos. Na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, no Rio Grande do Sul, já foram abatidos dez dispositivos.

Em setembro, policiais do Ceará derrubaram a tiros um equipamento que levava um celular e uma serra para a Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. Era uma carga até modesta. No Brasil, é possível comprar em sites de e-commerce, por valores em torno de R$ 30 mil, drones com capacidade para carregar até cinco quilos – algo como 28 iPhones X. Ou quatro pistolas Taurus PT 100 carregadas.

O assunto está na alçada do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), subordinado a Sergio Moro. O sistema Arms faz o chamado “abate suave” do equipamento inimigo. Câmeras infravermelhas e sensores identificam a presença de um veículo não tripulado e interferem na comunicação com o piloto, “cegando” os sistemas de navegação até derrubá-lo. A ideia de Sergio Moro é, em um segundo momento, estender o programa a penitenciárias estaduais. Algumas delas, inclusive, já fazem testes para a interceptação de drones. É o caso do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Minas Gerais. No entanto, após a identificação da aeronave, o abate dos equipamentos ainda é feito à velha moda “manual”, com disparos por policiais.

#Anac #Sérgio Moro

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