Destaque

Lewandowski quer criar os “Intocáveis” da PF e da Receita contra o crime organizado

  • 2/07/2024
    • Share

O entusiasmo do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em relação à PEC da Segurança Pública se deve, sobretudo, a um pequeno grande detalhe do projeto encaminhado a Lula na semana passada. A partir do novo modelo, Lewandowski vislumbra a possibilidade de criar divisões especiais dentro da Polícia Federal que passariam a trabalhar em conjunto com a Receita Federal. Ou seja: o célebre conceito do “Follow the Money”. Quem assistiu a “Os Intocáveis”, de Brian de Palma, vai entender tudo rapidamente.

 

 

Foi um grupo híbrido – mezzo força policial, mezzo Fisco – o responsável por puxar o fio de toda a meada contábil que possibilitou a prisão do maior gangster da era da Lei Seca nos Estados Unidos, Al Capone. Lewandowski deve ser um cinéfilo e, ao mesmo tempo, fã de Eliott Ness. Segundo informações pinçadas aqui e ali, o mecanismo de combate ao crime organizado que está na mira do ministro da Justiça bebe na fonte da Chicago dos anos 30. Esses grupamentos de elite na interseção entre a PF e a Receita se dedicariam a um trabalho de Inteligência fiscal e financeira, com o objetivo de rastrear os recursos movimentados por facções criminosas dentro do Brasil e também no exterior.

 

 

As investigações seriam conduzidas em parceria com outras esferas do aparelho de Estado. Não por acaso, a PEC da Segurança Pública já foi apelidada no próprio Ministério da Justiça de “FBI do Lewandowski” – conforme informou o colunista Lauro Jardim, de O Globo, na edição do último domingo. Na Pasta, não falta quem considere a atual estrutura e até mesmo o modus operandi do Estado incapaz de enfrentar o crime organizado e seus sofisticados esquemas de lavagem de dinheiro. O arcabouço normativo, digamos assim, impõe amarras que dificultam a missão. Voltando à Lei Seca, os “Intocáveis” eram absolutamente independentes. O próprio sistema não sabia ao certo como eles operavam.

 

 

E só conseguiram o que conseguiram porque a configuração era essa, fora dos limites convencionais. Talvez somente seja possível combater o crime organizado com uma atuação “off rules”. No Brasil, diante das monumentais cifras movimentadas – estima-se que apenas o tráfico de cocaína gere cerca de R$ 355 bilhões por ano, segundo estudo divulgado recentemente pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Esfera Brasil –, haveria condições efetivas de seguir o dinheiro do crime. Suas pegadas levam, sabidamente, a postos de gasolina, transportadoras de carga, farmácias (em várias ruas existem quatro drogarias, uma em cada esquina) etc. Em 2022, um levantamento do próprio Conselho Regional de Farmácia (CRF-RJ) indicava que 1.217 drogarias no estado do Rio eram controladas por milícias. De lá para cá, esse número disparou.

#Lula #Receita Federal #Ricardo Lewandowski

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.

Rolar para cima