“Juros quebrados” podem ser a novidade na régua do Copom

  • 22/10/2019
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O Banco Central pode baixar um tantinho a mais a taxa Selic nas reuniões do Copom de 29 e 30 de outubro e 10 e 11 de dezembro. O BC está diante da chance de criar em definitivo um novo ambiente da política monetária, no qual a taxa  básica de juros passa a ter uma influência mais vigorosa na formação de expectativas. Esse tantinho a mais na variação dos juros sinalizaria também um novo padrão de correção da Selic, com percentuais menores em vez de números “redondos” – 0,25, 0,50, 0,75 e 1 ponto percentual.

Inflações baixas requerem variações com “números quebrados”, ou seja, correções com frações menores, seja para cima ou para baixo. A última vez que o BC corrigiu a taxa com “número quebrado” – digamos assim – foi em 19 de março de 1997, reduzindo a Selic de 1,62% para 1,58%. Esta taxa foi mantida pelas seis reuniões seguintes do Copom, até que, em 22 de outubro daquele ano, caiu para 1%. O BC poderia fixar a Selic de dezembro em 4,3% ou 4,2%, ou seja, reduzi-la em mais 0,2 ou 0,3 ponto percentual, enquanto a mediana do mercado, segundo o boletim Focus, é quase unânime na previsão de uma taxa de 4,5%.

As condições para uma redução da taxa de mais 0,2 ou 0,3 pp, em termos do balanço de risco, são as mesmas, mas o impacto do tantinho sobre a formação de expectativas seria bastante expressivo, além de reforçar o discurso positivo do governo. Com a nova previsão do boletim Focus para o IPCA em dezembro (3,25 %), caso a Selic fosse reduzida para 4,3% em dezembro, por exemplo, a taxa de juros real cairia para 1,05%. Do ponto de vista do efeito sobre a dívida pública bruta, a redução em 0,3 ponto percentual significaria um abatimento de cerca de R$ 7 bilhões se a taxa fosse mantida por 12 meses, em valores correntes. Nada mau por um tantinho a menos de taxa de juros.

#Banco Central #Copom #Selic

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