Brasil perde oportunidade de entrar no mapa das terras raras

  • 18/03/2021
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Parece haver um projeto malévolo para se colocar o Brasil em posição secundária no mundo, mesmo quando as vantagens comparativas saltam aos olhos. A ausência brasileira da coalizão que vem sendo costurada por Estados Unidos, Japão e Índia para criar uma cadeia produtiva das terras raras está sendo vista entre players do setor de mineração como um lapso imperdoável do governo Bolsonaro. O entendimento é que o país está perdendo uma oportunidade sem igual de finalmente dar economicidade às suas reservas, ter uma posição privilegiada no mercado global e criar condições de competição com a China.

De acordo com estudos do Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil é dono do segundo maior manancial de terras raras do mundo, empatado com o Vietnã: as estimativas apontam 22 milhões de toneladas, ou 16% de todas as reservas globais. Não obstante ter essa cobiçada e estratégica riqueza mineral, a produção brasileira não chega sequer a duas mil toneladas por ano, contra 120 mil toneladas dos chineses. O paradoxo chega a tal ponto que o Brasil, com as reservas que tem, importa quase 70% dos derivados de terras raras de que necessita.

O descaso do governo brasileiro joga contra os interesses das empresas de mineração dispostas a investir em terras raras. Um exemplo é a Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM), dos Moreira Salles. A CBMM mantém um convênio com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) para desenvolvimento de tecnologia de obtenção de neodímio metálico, matéria-prima para super ímãs. O acordo alinhavado por Estados Unidos, Japão e Índia reafirma um dos mais graves problemas do “Itamaraty de Bolsonaro”: este é um governo caracterizado pela ausência absoluta de interesse da chancelaria em tratados econômicos.

À inércia contemporânea se juntam erros do passado que ajudaram a tolher o enorme potencial do Brasil em terras raras. O país esteve por muito tempo sob o jugo de uma política equivocada de segurança de ativos naturais. As reservas brasileiras ficaram sob proteção da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais e foram tratadas como minerais não negociáveis. Com isso, o Brasil segue desperdiçando a chance de aproveitar a crescente demanda pelos 17 elementos químicos chamados de terras raras, que são encontrados junto a outros minerais. Eles servem de insumo para setores pulsantes da indústria, da produção de smartphones e painéis solares a baterias de carros híbridos.

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