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O fim de ano da indústria siderúrgica nacional promete ser de sangue, suor e lágrimas. Segundo o RR apurou, CSN e Gerdau planejam suspender parte da sua produção e conceder férias coletivas aos funcionários. No caso da empresa de Benjamin Steinbruch, a medida atingiria a unidade central, em Volta Redonda.
Já a Gerdau deverá paralisar as atividades nas usinas de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes, em São Paulo. Procuradas pelo RR, as duas companhias não se pronunciaram. A se confirmar a decisão, CSN e Gerdau vão se juntar à ArcelorMittal, que já anunciou cortes na produção da usina de Resende (RJ) e concedeu férias coletivas para 87 trabalhadores da unidade.
Ao que tudo indica, são apenas ações paliativas, o prenúncio de decisões mais radicais. A indústria siderúrgica já trabalha com o cenário de demissões em massa no início de 2024. Em conversas reservadas, empresários do setor calculam o fechamento de até três mil postos de trabalho. Seria uma consequência, sobretudo, do excesso de oferta de aço importado no país.
Entre janeiro e setembro, as importações de aço cresceram 57,9% na comparação com igual período em 2022. A estimativa é que neste ano entrarão no Brasil mais de cinco milhões de toneladas do produto, a maioria proveniente da China. Em contato com o RR, perguntado sobre as iminentes demissões no setor, o Instituto Aço Brasil confirma que “Caso continue entrando aço importado de forma indiscriminada e em volumes crescentes, não há dúvida de que as consequências serão o aumento da paralisação de plantas, aumento do desemprego, o risco do desabastecimento de aço e o desarranjo das cadeias produtivas.”
As grandes siderúrgicas do país têm usado essa macabra estimativa – a essa altura, de forma até conveniente – como instrumento de pressão junto ao governo, notadamente ao vice-presidente e ministro da Indústria e Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, principal interlocutor do setor em Brasília. As empresas cobram, não é de hoje, o aumento das alíquotas das importações de aço, mais precisamente de origem chinesa. Na conversa com o RR, o Instituto Aço Brasil informou que se reuniu nos últimos meses com Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad “para transmitir a situação vivida pelo setor”. A entidade diz acreditar que “o governo será sensível ao pleito”.
A questão é saber para onde pende a sensibilidade da gestão Lula neste momento: para a indústria siderúrgica, com seus 2,8 milhões de empregos diretos e indiretos, ou para a China, maior parceiro comercial do Brasil. Não é uma escolha simples. Qualquer novo aperto no parafuso das taxas de importação poderá ser respondido com uma martelada comercial de Pequim. E não seria um aperto qualquer. As siderúrgicas reivindicam ao governo uma elevação das alíquotas para próximo dos 25%, em linha com os índices aplicados por Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e México. Ou seja: seria mais do que duplicar o muro contra o aço chinês. Atualmente, a taxa média de importação de produtos siderúrgicos é de 9,6%.
Entre janeiro e setembro, as importações de aço cresceram 57,9% na comparação com igual período em 2022. A estimativa é que neste ano entrarão no Brasil mais de cinco milhões de toneladas, a maioria proveniente da China. O aço externo atende a quase 20% da demanda doméstica. Como consequência, entre janeiro e setembro a indústria nacional registrou uma queda de produção de 8,4% em relação aos nove primeiros meses de 2022.
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