Buscar
Política
Elon Musk, ao que parece, é aliado dos Bolsonaro, pero no mucho. O empresário-troféu da extrema direita tem se esquivado dos movimentos de aproximação mais contundentes feitos pelo clã. Há duas semanas, o deputado Eduardo Bolsonaro vem tentando costurar um encontro com Musk nos Estados Unidos. Até agora nada de resposta. Aliás, a família Bolsonaro não tem conseguido se reunir com o dono do “X” nem de forma remota. Vide o episódio muito mal explicado do último sábado, quando Jair Bolsonaro chegou a anunciar a realização de uma live com Musk, que não aconteceu. Por mais engajado que possa ser do ponto de vista ideológico, Musk não é maluco. Sair na foto ao lado de Bolsonaro, literalmente, tem seus riscos. Seria praticamente uma declaração de guerra ao governo Lula. Com um gesto desses, o empresário fecharia uma porta institucional importante para suavizar a situação de rixa institucional com o Brasil que ele próprio criou – ver RR. O pragmatismo de Musk pode ser medido pela forma como ele equacionou sua relação com a China. O empresário montou uma fábrica nababesca da Tesla para a produção de carros elétricos em Xangai. No ano passado, o faturamento da unidade passou dos US$ 21 bilhões, para não falar dos ganhos intangíveis, leia-se a sintonia entre Musk e o governo central de Pequim. Ou seja: Musk não é um neófito no ofício de gerar polêmica e depois acertar os ponteiros. Há quem diga até que esse é um modus operandi do empresário.
O morde e assopra calculado de Elon Musk não invalida as tentativas dos Bolsonaro. O clã certamente insistirá nesse contato, sobretudo após o encontro do presidente da Argentina, Javier Milei, com o empresário, na última sexta-feira, na fábrica da Tesla em Austin, no Texas. Jair Bolsonaro está fazendo um jogo de ganha-ganha com Musk. O ex-presidente já se beneficiou do posicionamento público do dono do “X” contra o STF e teria ainda mais dividendos políticos no caso de um encontro, seja virtual ou presencial.
Todos os direitos reservados 1966-2024.