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Landim é o “dono” da nova liga de futebol

  • 5/04/2023
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O nome oficial é Liga do Futebol Brasileiro (Libra), mas pode chamar de “Liga Landim”. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, tem conduzido com poderes quase absolutistas as tratativas para a criação da Libra e, sobretudo, a definição do modelo de negócio. Praticamente todas as principais peças do jogo vêm sendo movimentadas por Landim, impondo aos dirigentes dos demais 17 clubes participantes a posição de meros coadjuvantes. O quase chairman da Petrobras no governo Bolsonaro teria sido o principal responsável pela contratação do BTG como adviser financeiro da operação. Landim é também o elo com o Mubadala, que acena com um aporte de R$ 4,75 bilhões para ficar com 20% do capital da futura Liga. Ambos se conhecem de outros gramados. O fundo árabe foi um dos grandes credores e posteriormente assumiu boa parte do espólio de Eike Batista, de quem o atual presidente do Flamengo era sócio.   

Há outras conexões de Rodolfo Landim que vêm gerando ruídos entre os demais fundadores da Libra. Segundo informações apuradas pelo RR, dirigentes de outros clubes têm questionado a ligação entre Landim e Flávio Zveiter, filho do desembargador do TJ-RJ Luiz Zveiter e sobrinho de Sergio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBF. Flavio é hoje vice-presidente de Desenvolvimento e Projetos da Confederação Brasileira de Futebol e sócio da Codajás Sports Kapital, uma das consultoras da formação da Libra. A proximidade entre Landim e Flavio Zveiter tem colocado algumas caraminholas na cabeça dos representantes de outros clubes. Há até mesmo quem lembre da decisão proferida, em 2021, pelo juiz Mario Cunha Olinto Filho, da 2ª Vara Cível da Barra da Tijuca do TJ-RJ, Corte na qual Luiz Zveiter, pai de Flavio, tem notória influência. Na ocasião, quando do afastamento de Rogerio Caboclo da presidência da CBF, Olinto nomeou Landim como um dos interventores na entidade, sob a alegação de que “a expressiva torcida” do Flamengo referendava a indicação do presidente do clube para a função.   

O poder de Rodolfo Landim à mesa de negociações se reflete, principalmente, no modelo de distribuição das receitas da Liga, sobretudo com a venda de direitos de transmissão. Há um claro favorecimento ao Flamengo, algo que tem sido extremamente contestado pelos demais clubes – alguns, inclusive, com a ameaça de pular fora do negócio. Na proposta apresentada, o clube carioca, presidido por Landim, aparece recebendo R$ 398 milhões em 2025. O Cuiabá seria o último na tabela de arrecadação: R$ 119 milhões. Significa dizer que a diferença do maior para o menor ficaria em torno de 3,3 vezes. Para efeito de comparação: a Liga Forte do Futebol (LFF), outro projeto que corre paralelamente, com a adesão de 26 clubes, prevê uma diferença de receita do primeiro para o último de apenas 1,4 vez. Ou seja: nos padrões, por exemplo, da Premier League (múltiplo de 1,5 vez). 

Por todas essas razões, há quem trabalhe por uma fusão entre os projetos da Libra e da Liga Forte e a criação de uma única associação. Do seu lado, a LFF também tem seus parceiros: a XP é a adviser da operação e o fundo norte-americano Serengeti é o potencial investidor. Além de ser o ideal para o business em si – não faz o menor sentido dois blocos de clubes vendendo o mesmo Campeonato Brasileiro -, seria também uma forma de barrar a posição exageradamente hegemônica do Flamengo e também a autocracia de Rodolfo Landim. Em tempo: entende-se a pressa de Landim de amarrar tudo e selar o negócio o quanto antes. Em 2024, haverá eleições no Flamengo e o dirigente, no segundo mandato, não poderá disputar uma nova recondução ao cargo. Ou seja: em 2025, data prevista para que o Campeonato Brasileiro passe a ser organizado pela nova liga, ao menos formalmente Landim estará fora do game. 

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