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A gestora de recursos EIG Global Partners tem plumagem de private equity e alma de fundo abutre. É capaz de sentir o cheiro de enxofre a milhas e milhas de distância. A carniça da vez é a Abengoa, a quem os norte-americanos estão se associando para a construção e operação de linhas transmissoras de energia no Brasil. Trata-se de um ativo bem ao paladar de carcará da EIG. A Abengoa é um saco de problemas, seu endividamento tem crescido a passos de guepardo e já bate na casa dos seis bilhões de euros. A situação tem tornado rarefeito o caixa da companhia, dificultando a execução do plano de negócios. O grupo terá de construir oito mil quilômetros de linhas nos próximos três anos e já opera quase mil quilômetros. A fragilidade da presa só aumenta a voracidade do predador. Para fechar a parceria, a EIG jogou o valor dos ativos para baixo e ainda exigiu o controle e a gestão. Procurada pelo RR, a Abengoa confirmou as negociações e afirmou que o fundo norte-americano ficará com uma participação majoritária na joint venture. Perguntado se a EIG terá uma opção de compra de suas ações, o grupo espanhol disse que esta informação “ainda não está disponível”. Todo o abutre sabe bem aonde pousa. Parece óbvio que a estratégia da EIG é se associar aos espanhóis e, aos poucos, comprar a participação dos sócios, reinando absoluta em uma empresa reestruturada e, em dois ou três anos, com caixa suficiente para arrematar novos trechos e participar de licitações da Aneel. A Abengoa, portanto, tem tudo para se juntar a lista de espécies que acabaram abatidas pela EIG no Brasil. Os norte-americanos já cravaram seus gadanhos na Sete Brasil, fabricante de plataformas, e na Prumo Logística, antiga LLX. A primeira não consegue arrancar financiamento de lugar algum depois que eclodiu o “Petrolão”; a outra dispensa comentários após a débâcle do império X.
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