A Telebras é uma peça de difícil encaixe nas contas públicas. Mesmo com os seguidos aportes de capital da União – cerca de R$ 500 milhões apenas no ano passado -, a estatal acumula mais de R$ 210 milhões em dívidas com fornecedores. Muitos ameaçam entrar na Justiça. Trata-se do maior passivo com fornecedores desde 2020, durante a pandemia. E não há sinais aparentes de melhora desse cenário. Entre janeiro e setembro do ano passado, a empresa registrou prejuízo de R$ 198 milhões. Para este ano, já existe um déficit projetado de R$ 184 milhões. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 permite que a Telebras, assim como outras estatais dependentes da União, possa adquirir autonomia financeira para gerar seus próprios recursos por meio de contratos de gestão. Mas a hipótese de uma Telebras “autônoma” ainda parece algo distante. Para não falar que a empresa ainda carrega um porco-espinho contábil para o governo. Em novembro do ano passado, a Telebras encaminhou documento ao TCU reconhecendo ter usado o instrumento orçamentário da DEA (Despesas de Exercícios Anteriores) para empurrar R$ 77 milhões em despesas de 2023 para 2024. Para muitos, na prática, a estatal admitiu uma pedalada fiscal.