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Transporte
O prefeito Eduardo Paes não está fazendo jus à fama de político arguto que sopra vendavais para longe. Paes teria dúvidas se comprou gato por lebre com a escolha da paulista Autopass (https://relatorioreservado.com.br/noticias/sao-paulo-mergulha-no-buraco-sem-fundo-do-ja-era/) para operar o sistema de bilhetagem do Jaé. Segundo a fonte do RR, o prefeito mandou esquadrinhar as pendengas da empresa, que atua na mobilidade e no cartão TOP, em São Paulo. O processo de substituição da bilhetagem do Jaé começou de forma desgastante. Como se sabe, o consórcio Bilhete Digital não tinha as condições tecnológicas e financeiras e deu um calote não pagando no prazo o preço acordado com a Prefeitura. Mas até a primeira semana de janeiro a Secretaria de Transportes do Município do Rio insistiu que cumpriria a troca integral do Riocard pelo Jaé em 1° de fevereiro. Uma missão impossível e um anúncio irresponsável. Com o fracasso do Bilhete Digital e o reconhecimento de que a substituição do Riocard em 1° de fevereiro era uma promessa doidivanas, Paes justificou a barafunda pela falta de integração do Jaé, o que da mesma forma ninguém acreditava ser possível.
Paes, então, correu para não pagar mais um mico. Autorizou a toque de caixa a substituição do consórcio Bilhete Digital pela Autopass. E mais: escolheu o mês de julho, um prazo folgado de cinco meses em relação ao original, para a troca absoluta dos cartões Riocard pelo Jaé . Tudo para não pagar o mico em dobro. Mas o que está deixando o prefeito com um rinoceronte atrás da orelha são os processos contra a Autopass. A confusão pode até respingar na sua imagem de administrador eficiente ou mesmo político idôneo. A empresa paulista de bilhetagem tem sido acusada de práticas ilegais, possui a liderança em reclamações dos usuários, é investigada pelo TCU e teria ganho a administração do cartão TOP sem licitação. Tudo indica que esses quesitos não foram investigados com lupa. Contudo, o que mais estaria incomodando Paes é a combinação da Autopass com o Jaé levantar qualquer suspeita de corrupção. Os assuntos parecem distantes. Mas não são.
O RR usou de ferramenta de monitoramento das redes sociais e IA de análise de sentimento para verificar as associações positivas e negativas aos “atores” Riocard, Jaé, Prefeitura do Rio e Eduardo Paes. Os resultados não são honrosos para o alcaide. Dos comentários relacionados à mudança da bilhetagem, 95,7% são negativos e, desses, 16,3% estão associados diretamente à corrupção. No recorte dos comentários sobre corrupção na troca do atual cartão para o Jaé, 61,8% vinculam ilações de desvio de recursos públicos relacionadas ao prefeito Eduardo Paes. Apenas 6,1% defendem o prefeito ou a Prefeitura do Rio.
O imbróglio é tão grande que hoje se comentava uma possível conversa entre empresários de ônibus do Rio e de São Paulo. No caso, a operação conjunta até faria sentido, pois há sinergia entre a Autopass e a Riocard. A medida ainda daria uma saída ao prefeito, sem que ele tivesse de encontrar um novo argumento caso a troca da bilhetagem atrase novamente ou mesmo seja suspensa. A hipótese parece meio maluca, mas a fonte do RR insiste que há comentários sobre a ideia. Seja como for, Paes, o especialista em dar nó em pingo d’água, talvez tenha de demonstrar novamente a sua expertise. No caso em questão, o prefeito pode estar sendo vítima, pagando o pato pela incompetência alheia.
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