Tag: Jaé

Política
Eduardo Paes inventou uma caixa-preta para esconder-se de si próprio
15/07/2025O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, precisa encontrar um outro slogan além da caixa-preta para justificar a lambança na operação de bilhetagem do Rio, com a criação do Jaé. A caixa-preta, seja lá o que contenha, refere-se ao motivo intrincado pelo qual dedicou sua gestão ao cassar o direito da Riocard – empresa pertencente à holding Riopar, que tem como acionistas sindicatos de ônibus. Sempre foi assim. Até porque a Riocard é uma das poucas prestações na área dos serviços públicos que atende bem ao cidadão carioca. Até a atual gestão, Paes não tinha identificado o “anátema” da Riocard. Não que o alcaide não fizesse críticas operacionais ao sistema. Mas em meados de 2023, surge a demoníaca caixa-preta. A partir daí, a expressão é a bête noire do prefeito, repetida ad nauseam, como se não houvesse outro assunto relevante em sua gestão. Paes pode até estar sofrendo de um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) com a enigmática caixa-preta. Ou mesmo de ecolalia ou palilalia – distúrbio de repetição de palavras. A caixa-preta esconderia cobras e lagartos, e sobre esses bichos haveria um manto granítico encobrindo sua transparência. E mais não se revela. Ora, se for um problema de ordem psicológica, ou algum tipo de paranoia, Paes precisa urgentemente se tratar. Sua fixação pelo termo, que significa mais um conceito do que dados objetivos, está transtornando o transporte urbano da cidade. Ao mesmo tempo, o prefeito parece querer quebrar as empresas de ônibus do município.
Mas vamos aos fatos. O RR consultou 80 veículos de comunicação impressos e online do Rio de Janeiro, entre julho de 2023, aurora do Jaé, e maio de 2025, com a nova operação de bilhetagem já entrando em “pleno” funcionamento. Nesse intervalo, Paes fez 1.237 menções críticas a caixa-preta (65%) e 665 (35%) críticas operacionais ao funcionamento do sistema – aspectos variados do mal serviço da mobilidade no Rio. O total é de 1.902 críticas, sendo que, com relação aos aspectos diversos, o prefeito também inclui, indiretamente, a famigerada caixa-preta. Com relação às menções críticas ao Jaé, o prefeito, o criador, não condena a sua própria criação, que parece ser um sistema perfeito. Não é o que pensam os usuários do Jaé. Em idêntico levantamento, foram relacionadas as menções críticas de usuários, nas mesmas mídias e mesmo intervalo de tempo. A diferença é abissal: são 21 menções diretas ao termo caixa-preta, somadas as críticas à falta de transparência e ao acesso aos dados (8%) e 2.244 citações ao Jaé (92%), todas com queixas ao funcionamento da nova bilhetagem. Paes não aceita reclamações sobre o Jaé, e interpela a própria imprensa quando ela tenta fazer seus questionamentos. Na entrevista coletiva, no dia 8 de janeiro, durante o anúncio de mais um adiamento da bilhetagem exclusiva do Jaé, o prefeito chamou os empresários de ônibus de “mafiosos” da cidade; disse que bilhões estão em jogo; e mais uma vez afirmou que vai abrir a caixa-preta. Na ocasião, Eduardo Paes usou a expressão máfia ou mafiosos oito vezes para se referir à Semove, entidade representativa dos ônibus do Rio de Janeiro. Paes submeteu ao constrangimento até os jornalistas presentes, que ele identificou como “jornalistas que defendem o Riocard”. Apontando para eles, que estavam em um canto da sala, o prefeito disse que os profissionais da imprensa não deveriam ficar do lado dos empresários de ônibus. A sanha do alcaide o levou a perder a lisura quando postou vídeos atacando a concorrência do Jaé da forma mais rancorosa, se mostrando de corpo inteiro nas redes sociais.
Não faltam vitupérios lançados contra a caixa-preta. Paes usa a palavra “delinquente” para se referir aos empresários de ônibus, que seriam os usufruidores da “mamata”. Em recente editorial, O Globo comenta a irracionalidade na operação do Jaé, afirmando que “é patética a confusão em torno do lançamento do cartão Jaé, exigido desde o último fim de semana para usuários com direito a gratuidade nos transportes municipais do Rio de Janeiro – ônibus, BRT, VLT e vans. A obrigatoriedade será estendida a todos os passageiros a partir de 2 de agosto. Quem usa trens, metrô, barcas e ônibus intermunicipais, sob controle do estado, precisará ter outro cartão. Trata-se de uma irracionalidade. A exigência de dois cartões e incompatível com as boas práticas de qualquer metrópole”.
Observando por qualquer ângulo, é difícil encontrar motivos para tamanha indisposição do prefeito em negociar uma solução pacífica para resolução dos problemas que porventura existam na bilhetagem. Consta que o alcaide sequer aceita receber os donos da Riocard. É ruim, porque qualquer tipo de autoritarismo envolvendo a coisa pública, tal como proibir que o atual operador participasse do leilão da bilhetagem, induz à fantasia de alguma circunstância inconfessável. Ressalte-se que em nenhum momento pretende-se criminalizar o prefeito. Até prova em contrário, ele é ilibado e não há caixa-preta nenhuma que leve a se pensar de outra forma. Acusar o prefeito, jamais. É mais fácil Paes estar dormindo com um paralelepípedo sobre a cabeça, tamanha sua obsessão.

Transporte
Operação da Autopass com o Jaé tira o sono de Eduardo Paes
16/01/2025O prefeito Eduardo Paes não está fazendo jus à fama de político arguto que sopra vendavais para longe. Paes teria dúvidas se comprou gato por lebre com a escolha da paulista Autopass (https://relatorioreservado.com.br/noticias/sao-paulo-mergulha-no-buraco-sem-fundo-do-ja-era/) para operar o sistema de bilhetagem do Jaé. Segundo a fonte do RR, o prefeito mandou esquadrinhar as pendengas da empresa, que atua na mobilidade e no cartão TOP, em São Paulo. O processo de substituição da bilhetagem do Jaé começou de forma desgastante. Como se sabe, o consórcio Bilhete Digital não tinha as condições tecnológicas e financeiras e deu um calote não pagando no prazo o preço acordado com a Prefeitura. Mas até a primeira semana de janeiro a Secretaria de Transportes do Município do Rio insistiu que cumpriria a troca integral do Riocard pelo Jaé em 1° de fevereiro. Uma missão impossível e um anúncio irresponsável. Com o fracasso do Bilhete Digital e o reconhecimento de que a substituição do Riocard em 1° de fevereiro era uma promessa doidivanas, Paes justificou a barafunda pela falta de integração do Jaé, o que da mesma forma ninguém acreditava ser possível.
Paes, então, correu para não pagar mais um mico. Autorizou a toque de caixa a substituição do consórcio Bilhete Digital pela Autopass. E mais: escolheu o mês de julho, um prazo folgado de cinco meses em relação ao original, para a troca absoluta dos cartões Riocard pelo Jaé . Tudo para não pagar o mico em dobro. Mas o que está deixando o prefeito com um rinoceronte atrás da orelha são os processos contra a Autopass. A confusão pode até respingar na sua imagem de administrador eficiente ou mesmo político idôneo. A empresa paulista de bilhetagem tem sido acusada de práticas ilegais, possui a liderança em reclamações dos usuários, é investigada pelo TCU e teria ganho a administração do cartão TOP sem licitação. Tudo indica que esses quesitos não foram investigados com lupa. Contudo, o que mais estaria incomodando Paes é a combinação da Autopass com o Jaé levantar qualquer suspeita de corrupção. Os assuntos parecem distantes. Mas não são.
O RR usou de ferramenta de monitoramento das redes sociais e IA de análise de sentimento para verificar as associações positivas e negativas aos “atores” Riocard, Jaé, Prefeitura do Rio e Eduardo Paes. Os resultados não são honrosos para o alcaide. Dos comentários relacionados à mudança da bilhetagem, 95,7% são negativos e, desses, 16,3% estão associados diretamente à corrupção. No recorte dos comentários sobre corrupção na troca do atual cartão para o Jaé, 61,8% vinculam ilações de desvio de recursos públicos relacionadas ao prefeito Eduardo Paes. Apenas 6,1% defendem o prefeito ou a Prefeitura do Rio.
O imbróglio é tão grande que hoje se comentava uma possível conversa entre empresários de ônibus do Rio e de São Paulo. No caso, a operação conjunta até faria sentido, pois há sinergia entre a Autopass e a Riocard. A medida ainda daria uma saída ao prefeito, sem que ele tivesse de encontrar um novo argumento caso a troca da bilhetagem atrase novamente ou mesmo seja suspensa. A hipótese parece meio maluca, mas a fonte do RR insiste que há comentários sobre a ideia. Seja como for, Paes, o especialista em dar nó em pingo d’água, talvez tenha de demonstrar novamente a sua expertise. No caso em questão, o prefeito pode estar sendo vítima, pagando o pato pela incompetência alheia.

Transporte
São Paulo mergulha no buraco sem fundo do “Já Era”
8/01/2025O prefeito do Rio, Eduardo Paes, deverá anunciar ainda hoje mudanças na gestão do consórcio de bilhetagem digital dos transportes municipais. As principais seriam a entrada da Autopass, empresa responsável pelo sistema bilhetagem de São Paulo, na operação do serviço no Rio, conforme o RR antecipou (https://relatorioreservado.com.br/noticias/jae-busca-solucao-paulista-para-a-sua-incapacidade-operacional/), e a mudança do prazo de implementação do bilhete de 1 de fevereiro para meados do ano. Contudo, a preocupação é que os problemas que levaram ao adiamento da implantação do cartão Jaé, amplamente conhecido como “Já Era”, se repitam, desta vez, sob outra administração.
De acordo com as informações apuradas, o Jaé convive com inúmeros problemas operacionais e disputa societária entre os dois acionistas. Além disso, a empresa sozinha não tem fôlego financeiro para suportar os prejuízos da nova bilhetagem do município do Rio. A crescente necessidade de recursos para pagamento da outorga, custos pré-operacionais (em 18 meses, o sistema conseguiu um market share de apenas 1,6%), despesas de investimento e a insustentabilidade do contrato com a Visa levam a uma estimativa, segundo fontes do RR, de uma perda superior a R$ 300 milhões.
Recentemente como um esforço para viabilizar o projeto, a Prefeitura do Rio assinou um aditivo contratual com o Jaé, postergando o pagamento da outorga, perdoando multas e penalidades e dando mais prazo para implantação.
Comenta-se à boa pequena que a Autopass está buscando apoio no mercado financeiro para a empreitada. Nem instituições de porte, do tamanho de um BTG, suportariam tal risco. Com certeza a companhia precisará de recursos dos empresários de ônibus de São Paulo. E talvez até dos empresários do Rio. Quem sabe?

Transporte
Jaé busca solução paulista para a sua incapacidade operacional
3/01/2025
Política
Eduardo Paes inventou uma caixa-preta para esconder-se de si próprio
15/07/2020O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, precisa encontrar um outro slogan além da caixa-preta para justificar a lambança na operação de bilhetagem do Rio, com a criação do Jaé. A caixa-preta, seja lá o que contenha, refere-se ao motivo intrincado pelo qual dedicou sua gestão ao cassar o direito da Riocard – empresa pertencente à holding Riopar, que tem como acionistas sindicatos de ônibus. Sempre foi assim. Até porque a Riocard é uma das poucas prestações na área dos serviços públicos que atende bem ao cidadão carioca. Até a atual gestão, Paes não tinha identificado o “anátema” da Riocard. Não que o alcaide não fizesse críticas operacionais ao sistema. Mas em meados de 2023, surge a demoníaca caixa-preta. A partir daí, a expressão é a bête noire do prefeito, repetida ad nauseam, como se não houvesse outro assunto relevante em sua gestão. Paes pode até estar sofrendo de um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) com a enigmática caixa-preta. Ou mesmo de ecolalia ou palilalia – distúrbio de repetição de palavras. A caixa-preta esconderia cobras e lagartos, e sobre esses bichos haveria um manto granítico encobrindo sua transparência. E mais não se revela. Ora, se for um problema de ordem psicológica, ou algum tipo de paranoia, Paes precisa urgentemente se tratar. Sua fixação pelo termo, que significa mais um conceito do que dados objetivos, está transtornando o transporte urbano da cidade. Ao mesmo tempo, o prefeito parece querer quebrar as empresas de ônibus do município.
Mas vamos aos fatos. O RR consultou 80 veículos de comunicação impressos e online do Rio de Janeiro, entre julho de 2023, aurora do Jaé, e maio de 2025, com a nova operação de bilhetagem já entrando em “pleno” funcionamento. Nesse intervalo, Paes fez 1.237 menções críticas a caixa-preta (65%) e 665 (35%) críticas operacionais ao funcionamento do sistema – aspectos variados do mal serviço da mobilidade no Rio. O total é de 1.902 críticas, sendo que, com relação aos aspectos diversos, o prefeito também inclui, indiretamente, a famigerada caixa-preta. Com relação às menções críticas ao Jaé, o prefeito, o criador, não condena a sua própria criação, que parece ser um sistema perfeito. Não é o que pensam os usuários do Jaé. Em idêntico levantamento, foram relacionadas as menções críticas de usuários, nas mesmas mídias e mesmo intervalo de tempo. A diferença é abissal: são 21 menções diretas ao termo caixa-preta, somadas as críticas à falta de transparência e ao acesso aos dados (8%) e 2.244 citações ao Jaé (92%), todas com queixas ao funcionamento da nova bilhetagem. Paes não aceita reclamações sobre o Jaé, e interpela a própria imprensa quando ela tenta fazer seus questionamentos. Na entrevista coletiva, no dia 8 de janeiro, durante o anúncio de mais um adiamento da bilhetagem exclusiva do Jaé, o prefeito chamou os empresários de ônibus de “mafiosos” da cidade; disse que bilhões estão em jogo; e mais uma vez afirmou que vai abrir a caixa-preta. Na ocasião, Eduardo Paes usou a expressão máfia ou mafiosos oito vezes para se referir à Semove, entidade representativa dos ônibus do Rio de Janeiro. Paes submeteu ao constrangimento até os jornalistas presentes, que ele identificou como “jornalistas que defendem o Riocard”. Apontando para eles, que estavam em um canto da sala, o prefeito disse que os profissionais da imprensa não deveriam ficar do lado dos empresários de ônibus. A sanha do alcaide o levou a perder a lisura quando postou vídeos atacando a concorrência do Jaé da forma mais rancorosa, se mostrando de corpo inteiro nas redes sociais.
Não faltam vitupérios lançados contra a caixa-preta. Paes usa a palavra “delinquente” para se referir aos empresários de ônibus, que seriam os usufruidores da “mamata”. Em recente editorial, O Globo comenta a irracionalidade na operação do Jaé, afirmando que “é patética a confusão em torno do lançamento do cartão Jaé, exigido desde o último fim de semana para usuários com direito a gratuidade nos transportes municipais do Rio de Janeiro – ônibus, BRT, VLT e vans. A obrigatoriedade será estendida a todos os passageiros a partir de 2 de agosto. Quem usa trens, metrô, barcas e ônibus intermunicipais, sob controle do estado, precisará ter outro cartão. Trata-se de uma irracionalidade. A exigência de dois cartões e incompatível com as boas práticas de qualquer metrópole”.
Observando por qualquer ângulo, é difícil encontrar motivos para tamanha indisposição do prefeito em negociar uma solução pacífica para resolução dos problemas que porventura existam na bilhetagem. Consta que o alcaide sequer aceita receber os donos da Riocard. É ruim, porque qualquer tipo de autoritarismo envolvendo a coisa pública, tal como proibir que o atual operador participasse do leilão da bilhetagem, induz à fantasia de alguma circunstância inconfessável. Ressalte-se que em nenhum momento pretende-se criminalizar o prefeito. Até prova em contrário, ele é ilibado e não há caixa-preta nenhuma que leve a se pensar de outra forma. Acusar o prefeito, jamais. É mais fácil Paes estar dormindo com um paralelepípedo sobre a cabeça, tamanha sua obsessão.