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Lula usa seus créditos com a Bolívia para negociar parceria no lítio

  • 16/02/2024
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Assim como os constantes afagos a Nicolás Maduro miram o apoio da Venezuela à entrada do Brasil na Opep, o empenho de Lula para o ingresso da Bolívia no Mercosul também está eivado de segundas intenções. Principal articulador da adesão do país andino ao bloco econômico, o presidente quer usar o crédito acumulado para destravar um assunto estratégico: um acordo com os bolivianos na produção de lítio. Segundo o RR apurou, Lula deverá se encontrar com o presidente boliviano, Luis Arce, no mês que vem, em La Paz – o Itamaraty já trabalha nos preparativos da reunião.

Além do fator Mercosul, o presidente brasileiro tem outras moedas de troca para colocar sobre a mesa. Desde dezembro, a Petrobras tem ampliado gradativamente o volume de gás da Bolívia, flexibilizando o limite de 20 milhões de metros cúbicos diários previstos no contrato com a YPFB. Na conversa com Arce, Lula deverá também reafirmar o compromisso do Brasil em financiar projetos bilaterais na área de infraestrutura, a começar pela Ponte Internacional Guajará-Mirim.

Até o momento, o lítio é sinônimo de insucesso na política externa do governo Lula. Nem mesmo o “soft power pessoal” do presidente junto aos países da América do Sul tem sido suficiente para dar ao Brasil uma posição privilegiada nesse jogo. Muito pelo contrário. Outras nações têm ocupado esse espaço geoeconômico na região, notadamente em território boliviano, onde estão quase 30% das reservas globais de lítio.

Em dezembro, a estatal russa Uranium One Group fechou um acordo com o governo da Bolívia para a exploração do mineral. Poucos meses antes, a Citic Guoan, da China, já havia firmado parceria semelhante com a gestão de Luis Arce. Ao todo, russos e chineses vão investir cerca de US$ 1,4 bilhão na construção de duas fábricas para a produção e exportação de 50 mil toneladas anuais de lítio a partir de 2025.

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