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Um dos cinco maiores fabricantes de cimento do Brasil, o Grupo João Santos vai jogar a toalha. Segundo uma fonte que presta assessoria à empresa, o pedido de recuperação judicial deverá sair nos próximos dias. Seria a bala de prata para impedir a decomposição de um dos grandes conglomerados industriais do Nordeste, dono da Cimento Nassau. Segundo o RR apurou, a medida pode englobar todas as 12 fábricas do grupo pernambucano, cada uma delas uma empresa separada.
Trata-se de uma fragmentação societária que tem dificultado até mesmo que a companhia calcule o tamanho real da sua dívida. Há subsidiárias em que os passivos variam de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões. O RR fez seguidas tentativas de contato com o Grupo João Santos por telefone e e-mail, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Desde o ano passado, circulam no mercado rumores sobre a recuperação judicial ou até mesmo a falência do grupo, seguidamente desmentidos por seus dirigentes.
A crise financeira alimenta também especulações sobre o futuro das fábricas. Trata-se de uma cesta de ativos capaz de fazer diferença na balança da indústria cimenteira. O João Santos detém uma capacidade instalada da ordem de oito milhões de toneladas. Na hipótese de uma venda em bloco das fábricas, seria o suficiente, por exemplo, para a Lafarge Holcim ultrapassar a Intercement, leia-se Camargo Corrêa, na segunda posição no ranking nacional. Mesmo uma eventual recuperação judicial pode fazer parte do problema e não da solução, dado o notório estado de fratricídio societário do grupo desde a morte do patriarca, em 2009.
Sem o poder moderador de João Santos, a família cindiu. Três de seus filhos, Fernando, José Bernardino e Maria Clara ficaram de um lado; no front oposto, agruparam-se outras duas filhas do empresário, Ana Maria e Rosália. Enquanto os herdeiros se digladiam, as empresas se arrastam. No ano passado, a produção na fábrica de Itapetinga (PI) ficou temporariamente suspensa. A unidade de Cachoeiro do Itapemirim (ES) foi paralisada no fim de 2017.
Em janeiro, os funcionários da planta de Itaituba (BA) receberam férias coletivas de 30 dias. Em março, o mesmo ocorreu na fábrica de Ituaçu (BA). O Grupo João Santos é alvo de um número cada vez maior de ações no Ministério Público do Trabalho do Piauí, São Paulo, Pará, Paraíba, Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Em março, a Justiça bloqueou cinco imóveis da unidade em Codó (MA) para o pagamento de R$ 7 milhões em dívidas trabalhistas. Os relatos sobre as dificuldades passadas pelos funcionários do Grupo João Santos estão disponíveis na internet. No Facebook, há uma página denominada “Demitidos Cimento Nassau”, com mais de 500 integrantes.
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