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Governo reluta em dividir vacinação com empresas

  • 25/01/2021
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Um grupo de grandes empresários que representa parcela relevante do PIB e se reuniu recentemente com Jair Bolsonaro propôs a criação de uma frente ampla de vacinação contra a Covid-19. Eles se ofereceram para importar e aplicar o imunizante em seus funcionários. Para além da saúde pública, trata-se de uma ideia que tangencia a questão fiscal. A redução dos custos com a vacinação permitiria ao governo mitigar os gastos públicos, liberando recursos, por exemplo, para uma nova rodada de auxílio emergencial ou para o Programa de Manutenção do Emprego e da Renda.

O governo, no entanto, resiste à proposta. Entre e uma e outra de suas baboseiras, Jair Bolsonaro já afirmou que a vacinação é de controle absoluto da União. No último dia 14, após reunião com cerca de 50 dirigentes empresariais e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, corroborou a posição de Bolsonaro. Ocorre que, de lá para cá, o cenário mudou. E para muito pior. O governo tem sido massacrado pela dificuldade de importar matéria-prima da China e da Índia. Até agora, mesmo com a animação das primeiras aplicações, a única expectativa em relação à logística de vacinação é que ela atrase ou sofra transtornos no seu processo.

A proposta de compartilhar a responsabilidade com o empresariado, segundo o RR apurou, divide o corpo técnico do Ministério da Saúde. Na Pasta, há quem tema que o governo perca o controle sobre a circulação dos imunizantes no país e que a “privatização” das vacinas possa criar privilégios: quem tem mais dinheiro vacinaria mais e com maior velocidade seus funcionários. No entanto, outra corrente da Pasta defende que a entrada em cena das empresas seria uma maneira de cobrir os gaps do próprio governo e acelerar a imunização. Procurado, o Ministério da Saúde não se pronunciou. A proposta, ressalte-se, está longe de ser uma jabuticaba. O México, por exemplo, já autorizou a iniciativa privada a importar vacinas para uso próprio. Além disso, esta já é uma prática adotada no Brasil para outras enfermidades. Há recorrentes campanhas de vacinação contra gripe comum em empresas.

#Covid-19 #Jair Bolsonaro #Ministério da Saúde

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