Governo inclui um “jabuti” ferroviário nas negociações com a Vale

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Governo inclui um “jabuti” ferroviário nas negociações com a Vale

  • 22/01/2025
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A negociação com a Vale em torno da renovação dos contratos das ferrovias Vitória-Minas e Carajás tem mil e uma utilidades para o governo. Por um lado, deu uma ajudinha para as contas públicas de 2024, com o pagamento antecipado de R$ 4 bilhões ao Tesouro feito pela companhia no dia 30 de dezembro; do outro, o ministro dos Transportes, Renan Filho, vislumbra a oportunidade de usar o acordo para desatar um nó ferroviário. As tratativas envolvem também a possibilidade de a Vale assumir a construção e operação do trecho 1 da Fiol (Ferrovia Oeste-Leste).

O empreendimento tornou-se uma dor de cabeça para o governo, particularmente lancinante para o próprio Renan Filho. A mineradora Bamin, controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão, ganhou a concessão para a instalação da ferrovia, em 2021. No entanto, parece não ter interesse e tampouco fôlego financeiro para tocar o projeto, orçado em aproximadamente R$ 5 bilhões.

O Ministério dos Transportes só enxerga uma solução para o problema, que atende pelo nome de Vale. Segundo uma fonte familiarizada com as negociações, em que pese o histórico de ruídos entre a gestão Lula e a mineradora, não chega a ser uma imposição e muito menos uma condicionante para a renovação dos contratos da Vitória-Minas e da estrada de ferro de Carajás. Pelo contrário. O governo sinaliza, inclusive, com a hipótese de uma compensação no valor total que a Vale terá de transferir ao Tesouro para a extensão das duas concessões. Procurada, a Vale não se manifestou.

O RR tentou também contato com a Bamin, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Sem as obras da Fiol 1 – até agora quase nada foi feito pela Bamin -, o governo sabe que as chances de licitação dos trechos 2 e 3 da ferrovia são praticamente nulas. São exatamente os dois maiores leilões do modal ferroviário programados pela gestão Lula. Ou seja: o adiamento teria, a um só tempo, um forte impacto sobre as contas públicas e também de ordem política.

Portanto, não faltam razões para o ministro Renan Filho tentar colocar o “jabuti” da Fiol no acordo com a Vale. A companhia joga o jogo. Com uma solução subsidiada, é provável que aceite o quelônio. Até porque a Vale também enxerga que pode tirar proveito desse bem-bolado e da inapetência do Eurasian Resources Group.

O acordo em torno da Fiol abriria caminho para a compra casada da jazida de minério de ferro da Bamin em Caetité (BA), com potencial de produção de 26 milhões de toneladas por ano quando a Ferrovia Oeste-Leste estiver em operação.

#Ministério dos Transportes #Renan Filho #Vale do Rio Doce

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