Fundos globais pressionam Fifa para voltar ao jogo

  • 10/07/2018
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A grande jogada da Copa do Mundo não vem dos pés de Lukaku ou de Mbappé. Segundo informações filtradas junto à cúpula da CBF, grandes fundos globais têm feito uma marcação cerrada sobre o presidente da Fifa, Gianni Infantino. O objetivo é convencer a entidade a recuar em relação às regras para a propriedade de passes de jogadores, permitindo que investidores institucionais voltem a deter direitos econômicos de atletas. Foi assim até maio de 2015, quando a Fifa montou a retranca, banindo do futebol o que ela chama de “terceiros”.

A pressão vem, sobretudo, de potentados financeiros da China e do Oriente Médio, entre os quais o Mubadala, o fundo soberano de Abu Dhabi que administra mais de US$ 130 bilhões. As discussões envolveriam um esquema tático meio termo: a Fifa estipularia um teto para a participação de investidores nos direitos federativos, de forma a evitar que o jogador fosse retalhado em fatias entre diversos donos, como ocorria até 2015. Ou melhor, ainda ocorre: os contratos com “terceiros” assinados antes de 31 de dezembro de 2014 ainda serão considerados válidos até o fim de sua vigência. Pelo cálculo da entidade, a “higienização” completa do mercado levaria de três a quatro anos.

A título de exemplo: estima-se que ainda hoje mais de 70% dos jogadores brasileiros sejam esquartejados entre clubes e investidores. Não surpreende que a pressão maior sobre a Fifa venha da nova fronteira do futebol, a Ásia, onde espocam investidores sequiosos em fazer frente aos magnatas russos na disputa pela propriedade dos grandes clubes europeus e de suas estrelas. O interesse específico do Mubadala e de outros fundos do Oriente Médio está diretamente relacionado à realização da Copa do Qatar, em 2022.

É mais do que natural que os sheiks, emires e califas empenhem milhões de petrodólares ao longo dos próximos quatro anos com o intuito de atrair as atenções do mundo do futebol para a região. A possibilidade de voltar a investir nos direitos econômicos de atletas facilitaria a atração de grandes nomes para os clubes do Oriente Médio, com o fortalecimento dos campeonatos locais. Mas essa é apenas uma motivação pontual. O que realmente move os fundos é a possibilidade de voltar a transacionar um dos ativos mais valiosos do planeta. Entre 2013 e 2017, quando se transferiu para o PSG, Neymar teve uma valorização de mais de 300%. A Copa, lamentavelmente, freou essa escalada.

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