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Não é novidade nos corredores da Eletrobras o interesse da trinca Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira na privatização da companhia. Trata-se de um casamento de interesses quase perfeito, a despeito do mérito da venda da empresa e do modelo a ser escolhido. Lemann está para a Eletrobras assim como um ketchup para um hambúrguer. A holding de energia elétrica seria um monopólio sob medida para os seus atributos e sua consagração como empresário do setor real da economia.
A gestora 3G Radar, associada da 3G Capital, do trio Lemann/Telles/ Sicupira, já é acionista minoritária da Eletrobras. Ela está vasculhando informações sobre a estatal, produzindo relatórios e colaborando informalmente com a modelagem da operação. Um dos quadros da 3G Radar é um interlocutor constante do Ministério de Minas e Energia.
Para o governo, a atração de Jorge Paulo Lemann vai ao encontro do seu cronograma prioritário: a privatização da Eletrobras tem de sair em 2018. O megaempresário traz a grife do sucesso internacional, carrega a bandeira verde amarela, é altamente capitalizado, tem crédito no mercado, é um gerador de ebitda, tem uma tradição de reestruturação de custos e ganhos de eficiência e será bem precificado pelas bolsas. Para Lemann, quanto maior for a barafunda nos passivos, contingências, contratos etc., mais atrativo torna-se o negócio.
A contradição em termos explica-se pela assimetria de competências: o que é um problema para uns é a oportunidade para o notório desbravador de complicados M&As. E a política? E a exposição da Eletrobras nesse universo de interesses locais? Não seria nada do outro mundo.
A Ambev deu a Jorge Paulo Lemann a experiência de lidar com as bancadas regionais de parlamentares do Brasil inteiro. E a disposição do governo em criar uma corporation com controle pulverizado? Moleza para Lemann montar uma engenharia que lhe permita ter o “controle sem ter o controle”. Basta lembrar do nascimento da Imbev, a associação entre a Ambev e a belga Interbrew.
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