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A Covid-19 pode causar um efeito colateral de razoável proporção sobre um dos itens mais importantes da pauta de exportações: a carne bovina. Por conta da pandemia, o Ministério da Agricultura teve de restringir a inspeção fitossanitária de rebanhos, feita presencialmente por técnicos da Defesa Agropecuária. O trabalho foi praticamente suspenso, provocando um efeito-cascata e o atraso no envio de relatórios para a Organização Mundial de Saúde Animal, em Paris.
A análise dos relatórios é condição sine qua nom para a entidade declarar, ou não, a erradicação da febre aftosa no Paraná e no Rio Grande do Sul. Sem o imprimatur da Organização Mundial, cresce o risco de novos embargos internacionais à carne brasileira. As circunstâncias são preocupantes. A pecuária brasileira já convive com restrições em importantes mercados internacionais. Em fevereiro, o governo Trump suspendeu o embargo à importação de carne bovina in natura do Brasil, que já durava quase três anos.
No entanto, a medida é questionada pelo Senado norte-americano. Os congressistas pressionam o USDA – o Departamento de Agricultura dos EUA – a rever a decisão, com o argumento de que a carne brasileira ainda oferece riscos de ordem sanitária. Em outro front, há meses a ministra Tereza Cristina está submersa em complexas negociações com o governo russo para levantar completamente o embargo do país à carne brasileira, em vigor desde de 2017.
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