Agronegócio está prestes a receber uma supersafra de investimentos estrangeiros

  • 26/02/2018
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O Brasil-potência já era. Mas o Brasil líder absoluto do agronegócio está próximo de se consumar. A rota é saltar das supersafras seguidas para se tornar o megaceleiro do mundo. O adubo viria de um upgrade na legislação para venda de terras a estrangeiros. A proposta deixaria de ser um projeto de aquisição pura e simples para se transformar em um bilionário estímulo à produção. Na nova concepção, as vendas de terras ao estrangeiro estarão subordinadas ao investimento no agrobusiness.

À frente dessa cruzada estaria a deputada federal Teresa Cristina (DEM-MT), que assumiu na semana passada o comando da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), com mais de 220 parlamentares. Cristina conhece profundamente a questão rural e toca de ouvido com o deputado Rodrigo Maia. A probabilidade de a lei ser aprovada nunca foi tão grande. A verdade é que proliferaram projetos no Congresso para a venda das terras aos gringos, e diversos deles tinham motivos de sobra para serem questionados.

Uma parte, portanto, satanizou a totalidade. Um exemplo desses interesses individuais que se travestiram de razão pública foi a movimentação do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, contrária à aprovação da lei. Ao que parece, o empresário falou mais alto do que o ministro de Estado. Maggi tinha interesses na aquisição de terras e evitar a aprovação do projeto, coincidência ou não, estava em sintonia com a sua disposição de comprar hectares e mais hectares na baixa. Com a aprovação da venda aos estrangeiros, os preços subiriam. Maggi depois ficou a favor, desde que as compras não fossem de terras produtoras de grãos e soja, “pois o Brasil perderia a autonomia para os concorrentes externos”.

O Grupo Amaggi, da família do ministro Blairo Maggi, aproveitou para comprar na bacia das almas a Fazenda Itamarati, que pertenceu ao folclórico empresário Olacyr de Moraes. São 100 mil hectares de terras. Agora que está abarrotado, Maggi provavelmente reverá sua posição em relação às terras de grãos e soja. O ministro permanecerá no governo até o fim. Vai continuar viajando e fazendo contato com os maiores players mundiais do agronegócio, além de articulações de alto nível com as autoridades do setor dos principais países produtores. É bom ser um ministro-fazendeiro.

#Agricultura #Blairo Maggi

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