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A decisão da Vale, anunciada pelo seu presidente Fabio Schvartsman, de desativar 10 reservatórios de rejeitos construídos em Minas Gerais, é um enigma. Perguntaria a esfinge: Schvartsman tomou a decisão com a coragem daqueles que cortam na própria carne – no caso investimentos de R$ 5 bilhões – demonstrando um senso de humanidade à altura da tragédia? Ou o anúncio da desativação das barragens e redução da produção é uma confissão de que o risco estava bem à frente dos seus olhos, e a ganância simplesmente cegou-o, exigindo que um desastre acontecesse para a medida ser tomada? Se vai fazer agora, por que não fez antes? Precisava do estímulo de quase uma centena de mortos? Na verdade há um pouco de marketing institucional na decisão. Basta ver a publicidade do fechamento das barragens. A Vale gastou rios de dinheiro em anúncios institucionais. Deveria também ter informado que em seus planos já estava a transferência das operações de mineração de Minas Gerais para o Norte do país, onde o complexo de ferro S11D sozinho tem um potencial de produção dez vezes maior do que as extrações mineiras conjuntas e com uma economicidade muito superior. Não é incorreto dizer que a companhia estava em Minas Gerais por atraso, ineficiência e falta de velocidade na execução do planejamento. Em nenhum momento, antes da calamidade, pensou no genocídio que Brumadinho e possivelmente outras barragens poderia provocar. Agora, enquanto conta os mortos, diz que fará um esforço de corte da produção. Cartas para a esfinge.
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