Tag: General Hamilton Mourão

O duplo chapéu de Braga Netto no segundo mandato

11/05/2022
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O presidente Jair Bolsonaro reserva um duplo papel para o general Braga Netto em um eventual segundo mandato. Segundo o RR apurou, Bolsonaro planeja recriar o Ministério da Segurança Pública e nomear Braga Netto para o seu comando – o general acumularia o cargo com a vice-presidência da República. Embora seja um projeto somente para 2023, a intenção é faturar a medida desde já.

No entorno do presidente, há quem defenda que o futuro Ministério e a escolha de Braga Netto para o posto sejam anunciados já no lançamento da chapa – ainda sem data definida. A medida traria algumas mensagens embutidas, a começar pela ideia de que os militares terão um peso ainda maior no segundo mandato. Braga teria sob seu comando a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança.

Bolsonaro reforçaria também a percepção de que o ex ministro da Defesa não será um vice cenográfico, como o general Hamilton Mourão. Braga Netto, por sinal, é um nome talhado para o Ministério da Segurança Pública. No governo Temer, não custa lembrar, comandou a intervenção federal no Rio. O projeto permitiria também a Bolsonaro resgatar a agenda da segurança pública, que acabou se diluindo durante o governo. Em 2018, ressalte-se, o então candidato prometeu recriar a Pasta, com a cisão do Ministério da Justiça. Em meados de 2020, o Centrão pressionou Bolsonaro a lançar mão da medida – o nome do ex-deputado federal Alberto Fraga, PM de carreira, chegou a ser indicado para o cargo. Mas nada aconteceu.

Caso assuma o Ministério da Segurança Pública, o general Braga Netto terá sob seu comando uma estrutura mais reforçada. Além da convocação de até 1,3 mil concursados para a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária, Jair Bolsonaro também teria determinado ao ministro da Justiça, Anderson Torres, o aumento do efetivo da Força Nacional de Segurança (FNS). Os estudos em curso na Pasta da Justiça indicam uma ampliação do contingente dos atuais 1,2 mil para cerca de 1,6 mil integrantes. Em termos absolutos, não é muito. No entanto, há um valor intangível para Bolsonaro. Ainda que indiretamente, seria um afago nas forças estaduais de segurança, importante território de apoio ao bolsonarismo. A FNS é composta por policiais militares, civis, bombeiros, entre outros agentes recrutados junto às unidades da federação.

#General Braga Netto #General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro #Ministério da Segurança Pública

Mourão bate continência às suas candidaturas

9/07/2021
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A cotação do vice-presidente, general Hamilton Mourão, em Brasília aumenta na mesma proporção em que recrudescem os riscos de impeachment e de uma crise militar. Nesta semana, a importância das consultas a Mourão dobrou de valor institucional e alcançou seu ápice com a divulgação da nota oficial conjunta assinada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, e pelos comandantes militares, repudiando declarações do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz. No comunicado, os oficiais deixam entrever uma ameaça, ou seja, de que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

Afinal, o que significa a advertência de que “não aceitarão”? Até que ponto o comunicado é protocolar ou contém realmente um compromisso de reação mais firme por parte dos militares? Até Jair Bolsonaro, que prima por manter Hamilton Mourão à distância, tem buscado proximidade com seu vice-presidente nessa conjuntura de tensão política e institucional. O fato é que, quanto maior a gravidade das crises que se sucedem, mais Mourão pavimenta suas alternativas de futuro. Em conversas com os oficiais generais e com parlamentares, o vice vai se preparando para a eventualidade de assumir a Presidência da República. Mourão permanece fiel a Bolsonaro. Entretanto, acima de qualquer lealdade está seu compromisso de obediência à Constituição.

Seja com ou sem impeachment, o passe de Mourão valorizou. O general tem um colar de possibilidades, que só tende a aumentar na medida em que o ambiente institucional vai se tornando cada vez mais tenso. Nos meios políticos de Brasília, já são cogitados quatro papéis distintos para o vice em 2022: candidato à Presidência da República, ao Senado, a vice-presidente novamente ou a ministro da Defesa do próximo governo. Todas essas opções estão no condicional. O único caminho irreversível para Mourão seria assumir a Presidência da República com o eventual impeachment de Bolsonaro. Se fosse possível ranquear as possibilidades futuras de Mourão, não considerando o impeachment, a mais provável seria disputar o Senado pelo PRTB, sinalização já feita por ele próprio.

A segunda hipótese mais provável é que Mourão venha a se tornar ministro da Defesa do futuro governo. Ele seria um nome já devidamente experimentado no jogo político. Caso a eleição seja esquerda vs. esquerda, ou Lula vs. Ciro. o general poderia ser obrigado a fazer uma escolha de Sofia, em nome do equilíbrio institucional do país. Mas, com Lula, jamais. Restam duas hipóteses, de baixa probabilidade.

Se Mourão decidir concorrer à Presidência, será um candidato sem possibilidade de vitória. A última e mais improvável possibilidade seria Mourão se desincompatibilizar do cargo em abril de 2022 para ser candidato a vice novamente, na chapa de outro presidenciável. De qualquer forma, em ambiente de forte fricção institucional, Mourão joga com as quatro hipóteses. Por enquanto, ele vai seguindo sua trajetória de “general Rivotril”, acalmando uns e aconselhando outros. Até o segundo ato.

#CPI da Covid #General Hamilton Mourão

Tour das queimadas

22/10/2020
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Brigitte Collet, da França; Heiko Thoms, da Alemanha; e Nils Martin Gunneng, da Noruega. Estes são os três primeiros embaixadores que o general Mourão vai convidar para checar in loco as ações do governo no combate às queimadas na Amazônia. Os noruegueses, não custa lembrar, cortaram o repasse de recursos para o Fundo Amazônia.

#Amazônia #General Hamilton Mourão

Mercado futuro

22/05/2020
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Roberto Jefferson tem chamado a atenção de interlocutores pelos rasgados elogios ao vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.

#General Hamilton Mourão #Roberto Jefferson

Estado de sítio pode ser o início da escalada do golpe

20/05/2020
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O script do golpe está pronto. Segundo o RR apurou, a Presidência da República retomou estudos e consultas em torno da possível decretação de estado de sítio no país. O assunto volta à mesa impulsionado pelo agravamento da crise institucional e os notórios anseios de Jair Bolsonaro de resolvê-la de forma radical. O dispositivo de exceção daria a Bolsonaro prerrogativas para suprimir poderes do Legislativo e do Judiciário e governar com um grau de absolutismo sem precedentes na história recente do país, como ele mesmo gosta de pontuar tendo as Forças Armadas ao lado – tudo, ressalte-se, respaldado pela Carta Magna.

De acordo com constitucionalistas ouvidos pelo RR, o presidente poderia, por exemplo, se sobrepor a estados e municípios e suspender de imediato a quarentena em todo o Brasil, no que seria um gesto bastante representativo das suas reais intenções. Consultada, por meio da Secom, a Presidência da República não se pronunciou. Entende-se o silêncio. Numa régua de hipóteses, o estado de sítio poderia servir “apenas” como uma didática demonstração de força de Bolsonaro, impondo uma derrota pontual e cirúrgica a governadores e prefeitos, ou ser a semente de um golpe escalonado.

Neste caso, a medida não seria um fim em si, mas um approach. Bolsonaro teria um instrumento para avançar sobre os demais Poderes e criar as condições para a estocada final, transformando o provisório em permanente, a exceção em regra. O estado de sítio, portanto, seria o primeiro degrau para a escalada do golpe. Desde 20 de março, o Brasil está sob estado de calamidade. Basicamente, este instrumento permite ao Executivo gastar mais do que o previsto, sem maiores desdobramentos institucionais. A Constituição prevê ainda o estado de defesa, que confere poderes adicionais à Presidência. Mas não há qualquer impedimento de que a “última instância”, o estado de sítio, seja empregada de forma direta, sem passar por esses dispositivos intermediários.

De com o artigo 137, o presidente da República deve solicitar o estado de sítio ao Congresso após consultar o Conselho de Defesa Nacional. Neste caso, Bolsonaro joga em casa. Além dele próprio, o Conselho é composto pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão, pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, além dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Completam o colegiado os ministros Ernesto Araújo, Paulo Guedes e André Mendonça e os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Ou seja: à exceção dos “intrusos” Maia e Alcolumbre, Bolsonaro tem ampla maioria, o que lhe permitiria costurar o aval para o estado de sítio por dentro do Conselho. Uma recomendação do Conselho Nacional de Defesa a favor do instrumento de exceção criaria automaticamente um constrangimento sobre o Congresso.

Votar contra o estado de sítio seria não apenas negar um pedido da Presidência como também recusar uma orientação expressa das próprias Forças Armadas. Aí, sim, é que estariam dadas as condições para uma ruptura institucional. Ou seja: se correr, Bolsonaro pega; se ficar, Bolsonaro come. Em março, quando as intenções de Bolsonaro em relação ao estado de sítio atravessaram as paredes do Palácio do Planalto pela primeira vez e circularam no Congresso, a OAB emitiu um parecer classificando a possível proposta como inconstitucional. Há controvérsias. Constitucionalistas ouvidos pelo RR apontam que a pandemia se enquadra em uma das situações previstas no artigo 137 da Constituição para a adoção da medida: “Comoção grave de repercussão nacional”.

Ainda que seja por uma lógica inversa à de governadores, prefeitos, epidemiologistas, OMS etc. Sob a ótica bolsonarista, a crise econômica mata mais do que o coronavírus e pode, para além da pandemia, trazer uma onda de desemprego, miséria, aumento da criminalidade, saques, enfim, o caos social. Isso, sim, para Bolsonaro e os seus, seria “comoção grave”, mais até do que a Covid-19 e suas 18 mil mortes até o momento. Nesse contexto, o discurso mais agressivo de Paulo Guedes nos últimos dias, com a ameaça de condicionar suportes financeiros aos estados à retomada da atividade econômica, foi recebido por governadores como um indício de que Jair Bolsonaro decidiu caminhar de vez para a radicalização.

#Davi Alcolumbre #Forças Armadas #General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro #Rodrigo Maia #Secom

Devastação

17/02/2020
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O novo Conselho da Amazônia, comandado pelo vice-presidente, General Hamilton Mourão, já iniciará seus trabalhos com uma estatística incendiária. O próximo levantamento do INPE deverá apontar um aumento das queimadas na Região Amazônica superior aos 30% no acumulado dos últimos 12 meses.

#General Hamilton Mourão #INPE

Selva

30/05/2019
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O general Hamilton Mourão terá a oportunidade de relembrar, hoje, dos seus tempos de “tropeiro” na Amazônia. Em Manaus, Mourão vai entregar aos formandos do Centro de Instrução de Guerra na Selva a faca do guerreiro. De lâmina preta com duplo corte, a peça se notabiliza pela cabeça de onça que ornamenta seu cabo. Em metal dourado, o felino é o símbolo da batalha na mata.

#General Hamilton Mourão

Pajelança

2/05/2019
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O General Hamilton Mourão também está batendo tambor no governo para que o Palácio do Planalto volte atrás e devolva a Funai à esfera do Ministério da Justiça. Mourão não perde uma chance de ser “do contra”.

#General Hamilton Mourão

É alta a percepção de que Jair Bolsonaro não concluirá o seu mandato

3/04/2019
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Sondagem RR

O presidente Jair Bolsonaro não vai chegar ao fim do seu mandato. Este é o veredito da maioria dos 230 assinantes do Relatório Reservado – dirigentes empresariais, banqueiros, juristas, parlamentares, cientistas políticos e analistas de mercado – consultados pela newsletter entre os dias 22 e 26 de março. Questionados sobre a hipótese de Bolsonaro não completar os quatro anos de governo, 69% dos entrevistados consideraram esta probabilidade alta (58%) ou média (11%). Apenas 31% classificaram como baixo o risco de o presidente da República não concluir seu mandato. Ressalte-se que esta foi a primeira pergunta feita aos entrevistados na enquete, justamente com o objetivo de evitar que a resposta eventualmente fosse influenciada pelo restante do questionário. Antes que o leitor tire conclusões precipitadas, informamos que a motivação desta sondagem são as recorrentes menções à hipótese do presidente não cumprir os quatro anos de mandato. Pode se afirmar que praticamente todos os colunistas da imprensa tangenciaram o assunto em determinado momento, mesmo que o objetivo, em alguns casos, fosse considerar a tese despropositada. De qualquer forma, a repetição do tema é um fato em si só. É importante enfatizar também que esta não é uma pesquisa quantitativa, mas uma sondagem de sentimento. As percepções em relação ao governo captadas nesta enquete podem ser explicadas pela incapacidade de fazer a economia reagir, falta de apoio dos empresários, perda de popularidade, incompetência na articulação política, suspeições sobre a própria família Bolsonaro, deterioração do relacionamento com a mídia profissional, problemas que se repetem nestes primeiros três meses de gestão.

O risco vem dos demais Poderes

De acordo com a sondagem, o Congresso Nacional é percebido como o front de maior ameaça à continuidade da gestão Bolsonaro. O RR perguntou aos seus assinantes “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, qual é o principal grupo de pressão que poderia precipitar a abreviação do seu  mandato?” O Legislativo recebeu 32% das respostas, certamente motivadas pelas repetidas crises no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Parlamento e incapacidade demonstrada pelo governo até o momento em conduzir a articulação política. Na sequência, o Judiciário foi apontado por 28% dos consultados. De alguma forma, a percepção de que o Legislativo e o Judiciário podem vir a ser os dois maiores responsáveis por um eventual impedimento do presidente reproduz o passado de uma maneira transversa. Bolsonaro foi um dos apoiadores das ações nos dois Poderes que culminaram com a queda da presidente Dilma Rousseff. As demais respostas mostram um elevado grau de pulverização. À exceção do Legislativo e do Judiciário, nenhum outro grupo de interesse atingiu mais de 10% na enquete. Os empresários receberam 8% dos votos. Trabalhadores e sociedade organizada, que, de alguma forma, podem ser vistos como blocos geminados, tiveram, respectivamente, 8% e 7%. A mídia foi apontada por 6% dos assinantes como o principal grupo capaz de levar ao impedimento de Bolsonaro. O dado mais representativo, no entanto, talvez seja o reduzido volume de respostas para os militares – também 6%. Ou seja: a sondagem desfaz a percepção, existente em alguns setores da sociedade, de que as Forças Armadas poderiam vir a ser um eventual agente de desestabilização do atual governo. Por último, apenas 5% dos consultados entendem que todos os grupos de interesse citados na sondagem seriam responsáveis, numa espécie de ação compartilhada, por um eventual afastamento de Bolsonaro.

 

O perigo mora no Congresso

O Congresso está no cerne de outra pergunta da sondagem. O RR indagou aos consultados “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, na sua avaliação qual o principal motivo que levaria à  eventual interrupção do mandato?” O esgarçamento das relações com o Legislativo liderou as respostas, com 26%. Na sequência, apareceu o quesito “Falta de decoro”, com 14%. Ou seja: entre aqueles que consideram expressiva as chances de um afastamento de Bolsonaro, as atitudes do presidente são vistas como um potencial detonador desse processo. A crescente impopularidade do Capitão ficou com 11%. Logo a seguir, veio a crise econômica, com 10%. Para 9% dos consultados, um impeachment poderia vir pela contaminação por atos familiares. Trata-se de um ponto curioso, no qual Bolsonaro não seria o agente, o protagonista da ação, mas, sim, refém de eventuais malfeitos de seus filhos, notadamente Flávio Bolsonaro, às voltas com o caso Queiroz. Empatado com o mesmo percentual (9%) surge uma possível acusação de gestão temerária.  Ainda neste quesito, outra resposta chama a atenção: na avaliação dos assinantes do RR, a saúde do presidente Jair Bolsonaro é vista como um fator maior de risco para a continuidade do governo (8%) do que uma eventual acusação de malversação de recursos (5%). Trata-se de um indício de que a facada ainda está no imaginário das pessoas. Por fim, apenas 3% disseram acreditar na hipótese de uma eventual renúncia do próprio Bolsonaro. Significa que, na avaliação dos entrevistados que tratam como expressiva a probabilidade de afastamento de Bolsonaro, ele se daria por externalidades e não por vontade própria.

Desgosto com a economia

A percepção de descontentamento com os primeiros meses de mandato é reforçada por outra questão da sondagem. Diante da pergunta “O governo está atendendo às suas expectativas na área econômica”, 82% disseram que “não”. Pelo já mencionado corte dos assinantes do RR, é um alerta de insatisfação que vem dos andares mais altos e mais influentes da pirâmide. Entre os assinantes do RR, 79% entendem ser alta (67%) ou média (12%) a probabilidade de o Capitão perder apoio entre o empresariado. Apenas 21%  vislumbram esta possibilidade como baixa. A expectativa é que a  rejeição ao governo se espraie de forma generalizada. Na opinião de 97% dos entrevistados, é alta (80%) ou média (17%) a probabilidade de que a perda de popularidade de Bolsonaro prossiga. Um universo residual, de apenas 3%, classifica esta hipótese como baixa.

A falta que faz a articulação política

O RR também pediu aos seus assinantes para analisar quais são os principais fatores de risco para o governo Bolsonaro, classificando o seu grau de problematização como alto, médio ou baixo. A excessiva interferência da prole de Jair Bolsonaro é vista como um importante motivo de desestabilização da gestão. Para 92% dos ouvidos, a constante intromissão dos filhos em assuntos do governo, notadamente no próprio Executivo, é um fator de risco alto (74%) ou médio (18%). Apenas 8% dos consultados enxergam o notório espaço de Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro como um transtorno menor para o Capitão. Mais uma vez, fica evidente o quanto a incapacidade de articulação política tem deteriorado as avaliações da opinião pública em relação à gestão. Para 89% dos consultados, a dificuldade de entendimento com o Legislativo é um fator de risco elevado (68%) ou intermediário (21%) para o presidente Bolsonaro. Há outra questão delicada que também passa pelo ambiente familiar: as denúncias que pairam sobre o clã Bolsonaro. Para 77% dos entrevistados, o potencial de criminalização da família (leia-se o caso Queiroz e a proximidade com milícias no Rio de Janeiro) é um fator de risco alto (48%) ou médio (29%) para o governo.

Redes sociais

O RR também consultou seus assinantes sobre outra questão visceralmente ligada à excessiva participação dos herdeiros, notadamente de Carlos Bolsonaro, no governo. No total, 87% dos entrevistados consideram o uso indevido das redes sociais como um alto (71%) ou  médio (16%) fator de risco para o presidente. Apenas 13% entendem que a demasiada comunicação por meio do perfil pessoal do presidente da República não é um empecilho relevante. Vem dos Estados Unidos outra ameaça potencial à estabilidade política do governo Bolsonaro. Entre as classificações de alto (51%) e médio calibre (19%), 70% dos entrevistados entendem que a influência danosa de Olavo de Carvalho é uma dificuldade de relevo para o Palácio do Planalto. Os 30% restantes classificaram o “guru da Virginia” como um problema de baixa envergadura para Bolsonaro.

O Fator Mourão

Nem tudo são espinhos. Em contrapartida à crescente reprovação entre os empresários e à perda de popularidade, outro item da sondagem reforça haver a percepção de que o estamento militar se manterá como um dos principais grupos de sustentação do governo Bolsonaro. De acordo com a sondagem, a maioria (68%) considera baixa (52%) ou média (16%) a probabilidade de uma queda do apoio das Forças Armadas a Jair Bolsonaro. Somente 32% dos entrevistados entendem haver possibilidade de um gradativo distanciamento entre os militares e o atual governo. Outra resposta reforça o entendimento de que este amálgama será mantido. Para 91% dos assinantes ouvidos pelo RR, são as altas (64%) ou médias (27%) as chances de uma maior participação de egressos das Forças Armadas no Ministério. É ínfimo, portanto, o índice de entrevistados que considera baixa a probabilidade da entrada de novos militares no primeiro escalão (9%). Ressalte-se ainda que, entre os militares que compõem o governo, a mais representativa figura não é percebida, pela maioria, como um fator de risco para Jair Bolsonaro, não obstante sua crescente projeção. Para 46% dos entrevistados, a proeminência do vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, é um problema de baixo impacto para a gestão Bolsonaro. Outros 28% classificaram esta questão com algo de peso médio sobre o governo. Apenas 26% entendem que o notório relevo do General Mourão pode vir a representar um risco à gestão Bolsonaro.

Ministros à beira do precipício

O RR perguntou a seus assinantes o quanto a performance negativa de parcela do Ministério (Educação, Relações Exteriores, Família e Turismo) é um fator de risco para o governo. Para 80%, trata-se de uma ameaça altamente relevante (49%) ou média (31%) para a gestão. Apenas 20% classificaram a performance destes ministros como um problema de baixo significado. Não por acaso, segundo a enquete, há uma grande possibilidade de que Bolsonaro substitua ministros da sua cota pessoal que não têm correspondido às expectativas: 94% consideram alta (82%) ou média (12%) a probabilidade de troca – apenas 6% entendem que tudo ficará como está na Esplanada dos Ministérios. Em contrapartida, a julgar pela sondagem, não há percepção de risco quanto aos superministérios de Bolsonaro. Do total de consultados, 88% consideram que são baixas (72%) ou médias (16%) as chances de Paulo Guedes e Sérgio Moro deixarem o governo. Apenas 12% trabalham com uma probabilidade alta de que isto venha a ocorrer.

Economia cresce

Ainda na pergunta sobre o que acontecerá com o governo Bolsonaro (classificando quanto à probabilidade – alta, média ou baixa), há uma divisão quanto às expectativas em relação à economia. Para 49% são altas (41%) ou médias (8%), as chances de retomada do crescimento econômico em 2019-2020. No entanto, 51% classificam como baixa esta possibilidade. Mesmo com as notórias dificuldades de articulação política, os assinantes do RR acreditam que a reforma da Previdência vai passar. Consultados sobre a ameaça de reprovação da PEC no Congresso, 88% classificaram esta hipótese como baixa (68%) ou média (20%). Somente 12% dos assinantes ouvidos pela newsletter trabalham com o cenário mais caótico e cravam que existe uma alta probabilidade de a grande agenda do governo Bolsonaro – no momento, a única – ser rechaçada pelo Congresso. A relação com a mídia profissional também está no pipeline com uma questão de relevância no mosaico político. Para 81% dos entrevistados, é alta (58%) ou média (23%) a probabilidade de que esta convivência piore ao longo do mandato. Somente 19% consideram baixa a hipótese de atritos ainda mais contundentes. •

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro #Paulo Guedes #Sérgio Moro

É alta a percepção de que Jair Bolsonaro não concluirá o seu mandato

3/04/2019
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Sondagem RR

O presidente Jair Bolsonaro não vai chegar ao fim do seu mandato. Este é o veredito da maioria dos 230 assinantes do Relatório Reservado – dirigentes empresariais, banqueiros, juristas, parlamentares, cientistas políticos e analistas de mercado – consultados pela newsletter entre os dias 22 e 26 de março. Questionados sobre a hipótese de Bolsonaro não completar os quatro anos de governo, 69% dos entrevistados consideraram esta probabilidade alta (58%) ou média (11%). Apenas 31% classificaram como baixo o risco de o presidente da República não concluir seu mandato. Ressalte-se que esta foi a primeira pergunta feita aos entrevistados na enquete, justamente com o objetivo de evitar que a resposta eventualmente fosse influenciada pelo restante do questionário. Antes que o leitor tire conclusões precipitadas, informamos que a motivação desta sondagem são as recorrentes menções à hipótese do presidente não cumprir os quatro anos de mandato. Pode se afirmar que praticamente todos os colunistas da imprensa tangenciaram o assunto em determinado momento, mesmo que o objetivo, em alguns casos, fosse considerar a tese despropositada. De qualquer forma, a repetição do tema é um fato em si só. É importante enfatizar também que esta não é uma pesquisa quantitativa, mas uma sondagem de sentimento. As percepções em relação ao governo captadas nesta enquete podem ser explicadas pela incapacidade de fazer a economia reagir, falta de apoio dos empresários, perda de popularidade, incompetência na articulação política, suspeições sobre a própria família Bolsonaro, deterioração do relacionamento com a mídia profissional, problemas que se repetem nestes primeiros três meses de gestão.

O risco vem dos demais Poderes

De acordo com a sondagem, o Congresso Nacional é percebido como o front de maior ameaça à continuidade da gestão Bolsonaro. O RR perguntou aos seus assinantes “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, qual é o principal grupo de pressão que poderia precipitar a abreviação do seu  mandato?” O Legislativo recebeu 32% das respostas, certamente motivadas pelas repetidas crises no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Parlamento e incapacidade demonstrada pelo governo até o momento em conduzir a articulação política. Na sequência, o Judiciário foi apontado por 28% dos consultados. De alguma forma, a percepção de que o Legislativo e o Judiciário podem vir a ser os dois maiores responsáveis por um eventual impedimento do presidente reproduz o passado de uma maneira transversa. Bolsonaro foi um dos apoiadores das ações nos dois Poderes que culminaram com a queda da presidente Dilma Rousseff. As demais respostas mostram um elevado grau de pulverização. À exceção do Legislativo e do Judiciário, nenhum outro grupo de interesse atingiu mais de 10% na enquete. Os empresários receberam 8% dos votos. Trabalhadores e sociedade organizada, que, de alguma forma, podem ser vistos como blocos geminados, tiveram, respectivamente, 8% e 7%. A mídia foi apontada por 6% dos assinantes como o principal grupo capaz de levar ao impedimento de Bolsonaro. O dado mais representativo, no entanto, talvez seja o reduzido volume de respostas para os militares – também 6%. Ou seja: a sondagem desfaz a percepção, existente em alguns setores da sociedade, de que as Forças Armadas poderiam vir a ser um eventual agente de desestabilização do atual governo. Por último, apenas 5% dos consultados entendem que todos os grupos de interesse citados na sondagem seriam responsáveis, numa espécie de ação compartilhada, por um eventual afastamento de Bolsonaro.

 

O perigo mora no Congresso

O Congresso está no cerne de outra pergunta da sondagem. O RR indagou aos consultados “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, na sua avaliação qual o principal motivo que levaria à  eventual interrupção do mandato?” O esgarçamento das relações com o Legislativo liderou as respostas, com 26%. Na sequência, apareceu o quesito “Falta de decoro”, com 14%. Ou seja: entre aqueles que consideram expressiva as chances de um afastamento de Bolsonaro, as atitudes do presidente são vistas como um potencial detonador desse processo. A crescente impopularidade do Capitão ficou com 11%. Logo a seguir, veio a crise econômica, com 10%. Para 9% dos consultados, um impeachment poderia vir pela contaminação por atos familiares. Trata-se de um ponto curioso, no qual Bolsonaro não seria o agente, o protagonista da ação, mas, sim, refém de eventuais malfeitos de seus filhos, notadamente Flávio Bolsonaro, às voltas com o caso Queiroz. Empatado com o mesmo percentual (9%) surge uma possível acusação de gestão temerária.  Ainda neste quesito, outra resposta chama a atenção: na avaliação dos assinantes do RR, a saúde do presidente Jair Bolsonaro é vista como um fator maior de risco para a continuidade do governo (8%) do que uma eventual acusação de malversação de recursos (5%). Trata-se de um indício de que a facada ainda está no imaginário das pessoas. Por fim, apenas 3% disseram acreditar na hipótese de uma eventual renúncia do próprio Bolsonaro. Significa que, na avaliação dos entrevistados que tratam como expressiva a probabilidade de afastamento de Bolsonaro, ele se daria por externalidades e não por vontade própria.

Desgosto com a economia

A percepção de descontentamento com os primeiros meses de mandato é reforçada por outra questão da sondagem. Diante da pergunta “O governo está atendendo às suas expectativas na área econômica”, 82% disseram que “não”. Pelo já mencionado corte dos assinantes do RR, é um alerta de insatisfação que vem dos andares mais altos e mais influentes da pirâmide. Entre os assinantes do RR, 79% entendem ser alta (67%) ou média (12%) a probabilidade de o Capitão perder apoio entre o empresariado. Apenas 21%  vislumbram esta possibilidade como baixa. A expectativa é que a  rejeição ao governo se espraie de forma generalizada. Na opinião de 97% dos entrevistados, é alta (80%) ou média (17%) a probabilidade de que a perda de popularidade de Bolsonaro prossiga. Um universo residual, de apenas 3%, classifica esta hipótese como baixa.

A falta que faz a articulação política

O RR também pediu aos seus assinantes para analisar quais são os principais fatores de risco para o governo Bolsonaro, classificando o seu grau de problematização como alto, médio ou baixo. A excessiva interferência da prole de Jair Bolsonaro é vista como um importante motivo de desestabilização da gestão. Para 92% dos ouvidos, a constante intromissão dos filhos em assuntos do governo, notadamente no próprio Executivo, é um fator de risco alto (74%) ou médio (18%). Apenas 8% dos consultados enxergam o notório espaço de Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro como um transtorno menor para o Capitão. Mais uma vez, fica evidente o quanto a incapacidade de articulação política tem deteriorado as avaliações da opinião pública em relação à gestão. Para 89% dos consultados, a dificuldade de entendimento com o Legislativo é um fator de risco elevado (68%) ou intermediário (21%) para o presidente Bolsonaro. Há outra questão delicada que também passa pelo ambiente familiar: as denúncias que pairam sobre o clã Bolsonaro. Para 77% dos entrevistados, o potencial de criminalização da família (leia-se o caso Queiroz e a proximidade com milícias no Rio de Janeiro) é um fator de risco alto (48%) ou médio (29%) para o governo.

Redes sociais

O RR também consultou seus assinantes sobre outra questão visceralmente ligada à excessiva participação dos herdeiros, notadamente de Carlos Bolsonaro, no governo. No total, 87% dos entrevistados consideram o uso indevido das redes sociais como um alto (71%) ou  médio (16%) fator de risco para o presidente. Apenas 13% entendem que a demasiada comunicação por meio do perfil pessoal do presidente da República não é um empecilho relevante. Vem dos Estados Unidos outra ameaça potencial à estabilidade política do governo Bolsonaro. Entre as classificações de alto (51%) e médio calibre (19%), 70% dos entrevistados entendem que a influência danosa de Olavo de Carvalho é uma dificuldade de relevo para o Palácio do Planalto. Os 30% restantes classificaram o “guru da Virginia” como um problema de baixa envergadura para Bolsonaro.

O Fator Mourão

Nem tudo são espinhos. Em contrapartida à crescente reprovação entre os empresários e à perda de popularidade, outro item da sondagem reforça haver a percepção de que o estamento militar se manterá como um dos principais grupos de sustentação do governo Bolsonaro. De acordo com a sondagem, a maioria (68%) considera baixa (52%) ou média (16%) a probabilidade de uma queda do apoio das Forças Armadas a Jair Bolsonaro. Somente 32% dos entrevistados entendem haver possibilidade de um gradativo distanciamento entre os militares e o atual governo. Outra resposta reforça o entendimento de que este amálgama será mantido. Para 91% dos assinantes ouvidos pelo RR, são as altas (64%) ou médias (27%) as chances de uma maior participação de egressos das Forças Armadas no Ministério. É ínfimo, portanto, o índice de entrevistados que considera baixa a probabilidade da entrada de novos militares no primeiro escalão (9%). Ressalte-se ainda que, entre os militares que compõem o governo, a mais representativa figura não é percebida, pela maioria, como um fator de risco para Jair Bolsonaro, não obstante sua crescente projeção. Para 46% dos entrevistados, a proeminência do vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, é um problema de baixo impacto para a gestão Bolsonaro. Outros 28% classificaram esta questão com algo de peso médio sobre o governo. Apenas 26% entendem que o notório relevo do General Mourão pode vir a representar um risco à gestão Bolsonaro.

Ministros à beira do precipício

O RR perguntou a seus assinantes o quanto a performance negativa de parcela do Ministério (Educação, Relações Exteriores, Família e Turismo) é um fator de risco para o governo. Para 80%, trata-se de uma ameaça altamente relevante (49%) ou média (31%) para a gestão. Apenas 20% classificaram a performance destes ministros como um problema de baixo significado. Não por acaso, segundo a enquete, há uma grande possibilidade de que Bolsonaro substitua ministros da sua cota pessoal que não têm correspondido às expectativas: 94% consideram alta (82%) ou média (12%) a probabilidade de troca – apenas 6% entendem que tudo ficará como está na Esplanada dos Ministérios. Em contrapartida, a julgar pela sondagem, não há percepção de risco quanto aos superministérios de Bolsonaro. Do total de consultados, 88% consideram que são baixas (72%) ou médias (16%) as chances de Paulo Guedes e Sérgio Moro deixarem o governo. Apenas 12% trabalham com uma probabilidade alta de que isto venha a ocorrer.

Economia cresce

Ainda na pergunta sobre o que acontecerá com o governo Bolsonaro (classificando quanto à probabilidade – alta, média ou baixa), há uma divisão quanto às expectativas em relação à economia. Para 49% são altas (41%) ou médias (8%), as chances de retomada do crescimento econômico em 2019-2020. No entanto, 51% classificam como baixa esta possibilidade. Mesmo com as notórias dificuldades de articulação política, os assinantes do RR acreditam que a reforma da Previdência vai passar. Consultados sobre a ameaça de reprovação da PEC no Congresso, 88% classificaram esta hipótese como baixa (68%) ou média (20%). Somente 12% dos assinantes ouvidos pela newsletter trabalham com o cenário mais caótico e cravam que existe uma alta probabilidade de a grande agenda do governo Bolsonaro – no momento, a única – ser rechaçada pelo Congresso. A relação com a mídia profissional também está no pipeline com uma questão de relevância no mosaico político. Para 81% dos entrevistados, é alta (58%) ou média (23%) a probabilidade de que esta convivência piore ao longo do mandato. Somente 19% consideram baixa a hipótese de atritos ainda mais contundentes. •

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro #Paulo Guedes #Sérgio Moro

Embaixada em Washington amplia divergências entre Jair Bolsonaro e o General Mourão

21/03/2019
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A escolha do futuro embaixador do Brasil em Washington tem servido para agravar o dissenso entre Jair Bolsonaro e o General Hamilton Mourão. Dentro do governo, o vice-presidente da República é hoje a principal voz contra a disposição de Bolsonaro em nomear para o posto o diplomata de carreira Nestor Forster Junior. Brecar a indicação de Forster Junior significa impedir o avanço de Olavo de Carvalho, uma espécie de Rasputin dos tempos modernos – com a ressalva de que, se o místico russo ganhou poder a partir da relação com a czarina Alexandra, o “guru da Virgínia” tratou de conquistar o filho do “Czar”, Eduardo. Mourão considera o cientista político Murillo Aragão, também apontado como candidato ao cargo, um nome mais palatável, ainda que não se trate de um diplomata de carreira. Mas a solução que ele passou a defender nos últimos dias é a manutenção do embaixador Sergio Amaral.

A probabilidade, ressalte-se, é pequena. Bolsonaro já sinalizou a troca de 15 embaixadores, entre eleso próprio Amaral. No entanto, não são poucos os handicaps de Amaral. Além da incontestável experiência, ele conhece cada escaninho de Washington. Sua permanência evitaria a “politização” ou, ainda mais, a “ideologização” daquele que é considerado o terceiro posto mais importante da diplomacia brasileira – atrás apenas do próprio cargo de chanceler e da SecretariaGeral do Itamaraty. Há uma questão fulcral que aumenta o envolvimento e o interesse do General Mourão pela definição do embaixador brasileiro em Washington.

Do ponto de vista militar, trata-se de um território estratégico. Importantes organismos internacionais estão sediados ou mantém importantes representações na capital norte-americana, como OEA, OTAN, para não falar do próprio Pentágono. As cercanias de Washington reúnem também um dos maiores cinturões de empresas da área de Defesa. Não é de hoje que a indicação do embaixador brasileiro em Washington corrói a relação entre o presidente e o vice-presidente da República. No próprio Itamaraty circula a informação de que, em uma das primeiras reuniões realizadas no Planalto para tratar desta questão, Jair Bolsonaro acenou com a possibilidade de indicar o próprio Olavo de Carvalho para o posto.

Consta que, de imediato, Mourão teria dito algo como “Qualquer um, menos Olavo”. A rachadura criada pela escolha do futuro embaixador se estende aos militares. No caso específico da indicação do novo representante diplomático do Brasil em Washington, a obsessão de Bolsonaro por Olavo de Carvalho cinde os quatro estrelas do Planalto, a começar pelo próprio General Augusto Heleno, um dos mais próximos conselheiros do presidente. De qualquer forma, independentemente de qual venha a ser a escolha de Bolsonaro para o posto, o fato é que este é um episódio em que Mourão ganha mesmo se perder. Sua ofensiva contra Olavo de Carvalho garante que o estamento militar e toda a base do Itamaraty, instância tão ou mais corporativa do que as próprias Forças Armadas, estarão ao seu lado nesta batalha.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro #Olavo de Carvalho

Chegou a hora de o General Mourão governar

8/02/2019
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Não há porque duvidar que o estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro esteja sob controle, conforme informa o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rego Barros. Mas sobram dúvidas em relação ao prazo em que ele receberá alta hospitalar e estará apto a deliberar sobre as reformas. O adiamento da definição, pelo presidente, do texto do projeto de mudança na Previdência, e, consecutivamente, da sua votação pelo Congresso Nacional vai tornando as medidas reféns do imponderável.

Quanto mais o tempo passa, maior a probabilidade da ocorrência de algum incidente político ou alteração na correlação de forças. A cautela em sentenciar sobre assunto de tal gravidade se contrapõe à premência de iniciar a tramitação do processo. A prudência recomenda não paralisar o governo. Não deve haver constrangimentos, portanto, para que sejam despachados os assuntos prioritários com o vice-presidente, General Hamilton Mourão, o que já deveria ter sido feito se não houvesse algum soluço nas relações de poder. O vice Mourão foi eleito para governar na ausência do titular, conforme determina a Constituição. Embaraçar a sua missão somente coloca caraminholas no imaginário da sociedade.

Inexiste regra democrática que disponha sobre pruridos em relação ao vice-presidente decidir sobre reformas estruturais na ausência do mandatário do país. Já se passaram 38 dias do governo Bolsonaro. O plano original era aprovar a mudança na Previdência até abril. Agora, considera-se o primeiro semestre um prazo razoável. Os projetos já foram encaminhados ao Palácio do Planalto para a escolha presidencial. Atrasar a tramitação representa postergar os efeitos benignos de um real ligeiramente apreciado, uma taxa Selic mais baixa, uma redução do déficit primário, uma melhora na avaliação do risco Brasil, maior ingresso de capital estrangeiro e melhoria do ambiente de negócios, com efeitos sobre a renda e o emprego. As prioridades não mudaram com o impedimento circunstancial do presidente. É primordial que o general Mourão governe naquilo que é essencial.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro

A pergunta que Lenin faria a Bolsonaro e Mourão

1/02/2019
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Há uma disputa silenciosa entre os grupos pró-Mourão e pró-Bolsonaro, se é que podem ser chamados assim, em relação a uma maior ou menor proatividade do vice-presidente em assuntos da reforma da Previdência. A questão central não é nem a reforma, mas a desenvoltura com que Mourão circulará nesse período em que o presidente se encontra fora de combate. Ah, dizem que Bolsonaro já retomou, ontem, as suas atividades. Trata-se de uma operação de contrainformação pura, buscando acalmar o ambiente psicossocial e, é claro, deter Mourão.

O engenhoso gabinete no qual Bolsonaro “despachará” como se fosse Winston Churchill, no escritório de Whitehall, no subsolo das ruas de Londres, não passa de um cenário de teatro. O presidente poderá se atualizar em coisas pequenas, repassar um bilhete escrito na hora e arriscar meia dúzia de palavras para evitar que a absorção de ar lhe provoque crises de gases dolorosíssimas. No fundo é um puxadinho de um quarto de hospital, com a cama bem próxima. Operar a política nem cogitar. Bolsonaro não desencravou uma unha, mas sim fez uma cirurgia de sete horasque lhe abriu as entranhas.

Com o bem-humorado vice-presidente não há rusgas. Mourão é assim mesmo, parte para cima. Seja Bolsonaro ou qualquer outro. Da parte dos filhos e assessores não se pode dizer o mesmo. Alguns ministros estão embarreirando e atrasando propositalmente agendas no Congresso e junto aos governadores, assim como o atraso das reuniões técnicas que permitiriam avançar no modelo definitivo da reforma da Previdência, aquele que será apresentado à apreciação do presidente. No caso da reforma da Previdência a pauta está com Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes, apoiados por inúmeros assessores especializados.

Da parte dos filhos do presidente, há o incômodo natural em ver o sorridente e performático vice ocupando o cargo em um momento doloroso do país, e o incômodo induzido pelas intrigas delirantes do professor Olavo de Carvalho contra Mourão. Como se sabe, Carlos e, mais especificamente Eduardo, ouvem Carvalho como se fosse uma entidade espírita. A questão se resume ao fato de que Mourão não considera produtivo ficar a reboque das agendas de terceiros. Julga que tem preparo superior e uma desenvoltura bem maior para conversações com parlamentares e o restante do mundo político. Tem equipe técnica qualificada própria, que dá suporte às suas opiniões, e poderia liderar as reuniões e exercer um papel destacado nos convencimentos dos atores envolvidos.

“O que fazer?”, perguntaria, sem nenhum subtexto revolucionário, Vladmir  Ulianov, “Lenin”, pensador-militante russo do século passado, cuja questão de ordem se transformou em um bordão pop. Mourão quer se destacar e considera que a Previdência, principal desafio do governo, atende ao seu duplo desejo de reconhecimento pessoal e solução para os problemas nacionais. Se cair nas graças da sociedade e for consagrado como “o cara”, cria um fato consumado e com vida própria daqui para frente. Bolsonaro, todo seu clã familiar e ministros fiéis não serão facilitadores desse engrandecimento do vice. Nem agora e nem depois, a não ser que surja um fato novo. “O que fazer?”, perguntaria novamente o nosso “Lenin” pós-revolucionário.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro #Reforma da Previdência

Tutela militar é a melhor opção para Bolsonaro

26/01/2019
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Em andamento as negociações para uma tutela do presidente da República, Jair Bolsonaro, pelo seu vice-presidente Hamilton Mourão, e demais ministros militares prestigiados no Palácio do Planalto. Trata-se de uma ação realizada em sintonia com o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e os comandos das Forças Armadas. O termo negociação é pro forma.

O projeto é impor limites e restrições ao comportamento e liberdade decisória de Bolsonaro, incluindo a vigilância e redução das iniciativas dos seus três filhos – Nas redes sociais e fora delas. No entorno do presidente ele é comparado a João Baptista Figueiredo, que surpreendeu inclusive aos seus camaradas pelas atitudes estapafúrdias após ser eleito. Justificou-se o comportamento de Figueiredo pela operação cardíaca que sofreu. Bolsonaro levou uma facada, mas não teria sido ela o componente emocional responsável pelo seu desarvoramento.

Bolsonaro simplesmente não está à altura do cargo e muito menos do time que montou. Não entende grande parte do que se discute no governo e não se empenha para isso. Ele se dirige somente a um contingente dos seus eleitores. Desrespeita os protocolos. E parece manietado pelo gnomo de Richmond, Olavo de Carvalho, em uma simbiose familiar que já incomoda os militares. Entre os generais, empresário e boa parte dos formadores de opinião melhor seria se fosse possível fazer algum acordo cordial para que Bolsonaro deixasse o cargo e Mourão o assumisse, imediatamente.

Depois que deixou de lado a linguagem do quartel, tornando-se mais comedido, o vice-presidente tem mostrado preparo muito superior e a autoridade necessária para o exercício da função. O que se diz quase nas fuças do presidente é que ele governa para um gueto, e Mourão governaria para os brasileiros. O escorpião que passeia em meio às conspirações destila a certeza que o filho Flávio Bolsonaro não tem como explicar seus atos inconfessáveis. E não é possível esterilizar as estranhas armações do jovem senador, de forma que eles não respinguem no presidente e nos demais membros do clã. É o bolsonarogate ou a temerização já, no curto governo do capitão. Mourão está pronto para assumir. Basta que as condições sejam dadas. Por enquanto, a tutela é um primeiro estágio.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro

A unanimidade contra a “escuridão”

25/01/2019
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O decreto que alterou as regras de aplicação da Lei de Acesso à Informação surpreendeu dentro e fora do governo, pessoas comprometidas com a transparência na administração pública. Em documento enviado à Casa Civil, por exemplo, o ministro do TCU, Augusto Cavalcanti, lembrou a importância de se manter abertos os canais que possibilitem a qualquer cidadão ou empresa obter dados junto aos órgãos e entidades do Estado, devendo sempre serem promovidas ações que aprimorem a transparência ativa exigida pela Lei 12.527/2011 (modificada pelo ato assinado pelo presidente interino, Hamilton Mourão). A opinião é partilhada por outros ministros da Corte. Sócio de uma das mais respeita- das bancas de advocacia de Brasília e integrante da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, entre 2012 e 2018, como conselheiro e presidente, Mauro Menezes classificou a situação de “deplorável”. Ele também fez parte do Conselho de Transparência da CGU. “O sistema de transparência pública sofreu um golpe duro com essa ampliação indiscriminada dos agentes capazes de impor sigilo a dados públicos”. E terminou lamentando “as medidas voltadas a blindar ocupantes de cargos políticos e famílias de políticos do monitoramento financeiro do COAF, dificultando bastante a eficácia do combate aos conflitos de interesses”.

#Coaf #General Hamilton Mourão #TCU

Agenda concorrida

23/01/2019
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A contar do início da campanha, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, teve mais encontros com empresários do que o presidente Jair Bolsonaro. No governo perde para Paulo Guedes. Mas aí não vale.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro

“Presidente Mourão” é um risco a mais para Jair Bolsonaro

12/12/2018
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Seja qual for a análise de risco, Jair Bolsonaro tem um prazo curto para responder com vigor às denúncias que pesam sobre ele e seu filho Flavio Bolsonaro. Se o assunto não for enfrentado com a devida veemência no breve período pré-natalino, quando a cobrança certamente irá crescer, Bolsonaro terminará deixando o tema quicando na frente do presidente em exercício, General Hamilton Mourão. O General, como se sabe, assumirá o cargo durante o afastamento do presidente para a cirurgia de retirada da bolsa de colostomia – a princípio, o procedimento está previsto para o dia 19 de janeiro, mas poderá ser adiado para a semana seguinte caso Bolsonaro confirme sua ida ao Fórum de Davos, o que também significará a interinidade de Mourão na Presidência.

Por mais efêmera que seja, a abertura da janela Mourão logo no raiar do governo não é garantia de tranquilidade para Bolsonaro. Pelo contrário. O vice-presidente é um paiol ambulante. Mourão tem pautado sua conduta por surpreender e, quando não, constranger o governo eleito com declarações fortes e polêmicas, algumas delas merecedoras do contraditório de Bolsonaro. O General já deu uma palinha sobre o assunto: no fim de semana, declarou que o ex -assessor de Flávio, investigado por movimentações financeiras suspeitas no valor de R$ 1,2 milhão, “precisa dizer de onde saiu o dinheiro”.

Defendeu ainda que o governo dê explicações à sociedade, “senão fica parecendo que está escondendo algo”. É provável até que Jair e Flavio Bolsonaro tenha um tríplice alívio entre a penúltima semana de dezembro e a primeira de janeiro, devido à sequência do Natal, Ano Novo e a própria posse. Salvo o surgimento de alguma nova informação de maior impacto, a tendência é um arrefecimento momentâneo do noticiário sobre o caso. No entanto, será apenas um período de armistício imprensado entre dias de forte cobrança. O presidente eleito terá pouco mais de dez dias até o Natal para deixar de lado a estranha tibieza – atípica tratando-se do clã Bolsonaro –, manifestar-se de forma firme sobre as denúncias e evitar que o tema ganhe corpo e volte com força ainda maior logo no início do governo.

Até porque, ele próprio já assistiu a este tipo de filme. Histórias como essa, sabe-se como começam, mas nunca o seu fim. O Fiat Elba e o triplex que o digam. O “governo Mourão” traz a reboque outro fator de risco: seu tempo de duração é uma incógnita. A rigor, a reversão da colostomia a que Bolsonaro será submetido é considerada uma intervenção razoavelmente simples. O processo consiste na sutura do intestino grosso, com a reconstituição do trânsito no órgão. O bom estado do paciente ajuda: ao longo da última semana, a inflamação do abdômen que impediu a realização do procedimento em dezembro praticamente desapareceu.

Tudo correndo como se espera, o tempo de internação é estimado em quatro dias. Neste caso, ao receber alta, Bolsonaro já poderá retornar a Brasília e reassumir a Presidência. Que assim seja! No entanto, intercorrências clínicas razoavelmente comuns, como íleo paralítico (interrupção momentânea do trânsito intestinal), vômitos, diarreia e febre, podem elevar o período de permanência do presidente no hospital para até 12 dias, o tempo médio de internação para pacientes que passam por este procedimento. Médicos especialistas consultados pelo RR enfatizam que, não obstante ser um procedimento de baixa complexidade, a reconstituição do trânsito intestinal tem um risco superior ao da colostomia por si só. Há casos de pacientes que só recebem alta cerca de 40 dias após a cirurgia. O RR, ressalte-se, apenas cumpre o dever de estressar os cenários de risco de maior probabilidade. No caso da saúde do Capitão, tempo é Mourão. Mas as condições clínicas de Bolsonaro apontam para um rápido restabelecimento e uma curtíssima duração do “mandato” do General.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro

Nos trilhos do general Mourão

23/11/2018
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O general Hamilton Mourão, que tem se notabilizado como um importante interlocutor entre o futuro governo e a iniciativa privada, vem mantendo conversações com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos. Em pauta, a elaboração de um plano estratégico de mobilidade urbana. A entidade já encaminhou ao vice-presidente eleito um paper com propostas e pleitos para a viabilização do projeto, entre os quais a revisão dos marcos regulatórios do setor, incentivos à modernização e ampliação das malhas metroviária e de trens urbanos e vinculação de financiamento público a modais sustentáveis, como VLT.

#General Hamilton Mourão

O inesperado encontro do RR com o general Mourão

12/11/2018
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O pagode rolava alto nas caixas de som em uma noite de tempo fechado no Centro do Rio. Eis que de repente o Relatório Reservado se deparou frente a frente com o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito. Eram 19h35 da última sexta-feira, e o general saía de uma reunião com empresários, na Rua do Mercado. O encontro foi tão inusitado que o RR se conteve, perplexo, no seu afã por informações. Perguntas ficariam para uma outra vez. A hora era de aproveitar a agradável presença, que em nada lembrava o oficial responsável, até o momento, pelas mais inquietantes declarações da era Bolsonaro. O general Mourão, trajando um terno azul escuro e uma camisa listrada rosa, gravata azul marinho com detalhes em vermelho, atravessou a rua ao som dos batuques e com o cheiro de chope que inundava o pedaço. Deu alguns passos e meia volta volver. Retornou ao prédio para pegar um objeto esquecido. Trocando palavras amáveis com o RR, eis que ele brinca com o porteiro, que tentou fazer um registro fotográfico: “Vá rápido, você parece um vascaíno”, disse, com bom humor. Ao descobrir que o porteiro torcia pelo Flamengo, seu time de coração, Mourão abriu um largo sorriso. Todos satisfeitos com o general, ele partiu em passos largos para entrar no carro. Tomara que tudo continue assim depois que começar o governo. Caía uma chuva fina quando o general partiu.

#General Hamilton Mourão

Supercoordenador

5/11/2018
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O general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, não quer ser ministro. Pretende ser, sim, um supercoordenador das questões ligados à Amazônia. Não falta assunto.

#General Hamilton Mourão

O “programa de governo” radical, porém sincero do General Mourão

28/09/2018
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Desde já, estamos entendidos: o General Hamilton Mourão não vocalizou nem o seu superior hierárquico na política, o candidato Jair Bolsonaro, nem seus companheiros de farda ao defender o fim de conquistas trabalhistas, tais como o 13o salário e férias. Ontem mesmo Bolsonaro não somente desautorizou a incontinência do seu vice como fez gestões para que os pares de Mourão nas Forças Armadas intervenham junto ao general, pedindo a ele que se contenha nas suas manifestações. O General Mourão, segundo o RR apurou junto a alguns oficiais, é considerado um caso perdido fora do seu ambiente de origem, o Exército. Sua extrema sinceridade é aceita como natural na área militar.

Nas Forças Armadas, os oficiais estressam suas opiniões ao limite, sendo naturalmente interpelados conforme a cadeia de comando. É razoável que Mourão sequer pense aquilo que tem dito. De toda a maneira, as diatribes do General têm incomodado civis e militares envolvidos na campanha de Bolsonaro.Do praça ao general quatro estrelas, se há um estamento na República que tem pleitos represados na esfera trabalhista é justamente o militar, a começar pela periodicidade dos reajustes. A regra em vigor prevê aumentos salariais de três em três anos – o próximo está previsto apenas para 2019. As Forças Armadas reivindicam reajustes anuais. Outro ponto bastante sensível é a defasagem na remuneração da categoria, uma bola de neve que rola desde o já longínquo governo de FHC.

Hoje há uma dezena de forças policiais que pagam a seus integrantes valores superiores aos recebidos pelos militares em patentes equivalentes. Em alguns casos, a remuneração é quase o dobro. Um exemplo: um coronel da Polícia Militar de Santa Catarina recebe algo em torno de R$ 28 mil, ao passo que o salário mensal de um coronel do Exército é da ordem de R$ 15 mil. Há cerca de um mês, em sua despedida do cargo de chefe do Estado-Maior do Exército, o general Fernando Azevedo e Silva, até então o primeiro na linha sucessória do Comandante Villas Bôas, fez críticas aos salários pagos aos militares. Por certo, verbalizou um pensamento comum a seus colegas de Alto-Comando. Mourão errou na forma e no conteúdo, tocando em um ponto nevrálgico para os militares.

A fonte do RR lembra que as demais corporações do aparelho de segurança exercem maior pressão sobre o governo e a própria opinião pública dos que as Forças Armadas. Militares não fazem greve, ao contrário de policiais militares e civis, bombeiros ou mesmo a Polícia Federal. É sintomático, por exemplo, que o Projeto de Lei 5.492, de autoria do deputado Cabo Daciolo e já aprovado em diversas comissões da Câmara, proponha o pagamento de adicional de periculosidade aos “órgãos de segurança pública previstos no Artigo 144 da Constituição”: Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, polícias militares e corpos de bombeiros. Exército, Aeronáutica e Marinha não fazem parte dessa “corporação”. Todos perderiam se fosse adotado o duríssimo “programa de governo” do General Mourão.

#General Hamilton Mourão #Jair Bolsonaro

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