Mourão bate continência às suas candidaturas

  • 9/07/2021
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A cotação do vice-presidente, general Hamilton Mourão, em Brasília aumenta na mesma proporção em que recrudescem os riscos de impeachment e de uma crise militar. Nesta semana, a importância das consultas a Mourão dobrou de valor institucional e alcançou seu ápice com a divulgação da nota oficial conjunta assinada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, e pelos comandantes militares, repudiando declarações do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz. No comunicado, os oficiais deixam entrever uma ameaça, ou seja, de que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

Afinal, o que significa a advertência de que “não aceitarão”? Até que ponto o comunicado é protocolar ou contém realmente um compromisso de reação mais firme por parte dos militares? Até Jair Bolsonaro, que prima por manter Hamilton Mourão à distância, tem buscado proximidade com seu vice-presidente nessa conjuntura de tensão política e institucional. O fato é que, quanto maior a gravidade das crises que se sucedem, mais Mourão pavimenta suas alternativas de futuro. Em conversas com os oficiais generais e com parlamentares, o vice vai se preparando para a eventualidade de assumir a Presidência da República. Mourão permanece fiel a Bolsonaro. Entretanto, acima de qualquer lealdade está seu compromisso de obediência à Constituição.

Seja com ou sem impeachment, o passe de Mourão valorizou. O general tem um colar de possibilidades, que só tende a aumentar na medida em que o ambiente institucional vai se tornando cada vez mais tenso. Nos meios políticos de Brasília, já são cogitados quatro papéis distintos para o vice em 2022: candidato à Presidência da República, ao Senado, a vice-presidente novamente ou a ministro da Defesa do próximo governo. Todas essas opções estão no condicional. O único caminho irreversível para Mourão seria assumir a Presidência da República com o eventual impeachment de Bolsonaro. Se fosse possível ranquear as possibilidades futuras de Mourão, não considerando o impeachment, a mais provável seria disputar o Senado pelo PRTB, sinalização já feita por ele próprio.

A segunda hipótese mais provável é que Mourão venha a se tornar ministro da Defesa do futuro governo. Ele seria um nome já devidamente experimentado no jogo político. Caso a eleição seja esquerda vs. esquerda, ou Lula vs. Ciro. o general poderia ser obrigado a fazer uma escolha de Sofia, em nome do equilíbrio institucional do país. Mas, com Lula, jamais. Restam duas hipóteses, de baixa probabilidade.

Se Mourão decidir concorrer à Presidência, será um candidato sem possibilidade de vitória. A última e mais improvável possibilidade seria Mourão se desincompatibilizar do cargo em abril de 2022 para ser candidato a vice novamente, na chapa de outro presidenciável. De qualquer forma, em ambiente de forte fricção institucional, Mourão joga com as quatro hipóteses. Por enquanto, ele vai seguindo sua trajetória de “general Rivotril”, acalmando uns e aconselhando outros. Até o segundo ato.

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