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O RR apurou que Yduqs e Cruzeiro do Sul têm mantido conversações em torno de um possível M&A. Na prática, em razão da diferença de porte entre ambas, seria uma aquisição em pele de fusão, com a segunda sendo incorporada pela primeira. De acordo com a fonte ouvida pela publicação, do lado da Yduqs o mais empenhado na negociação é o empresário Chaim Zaher. No ano passado, após uma primeira passagem pelo grupo de controle da antiga Estácio, Zaher voltou a ser um dos maiores acionistas do grupo. Desde então, empenhou-se em construir uma coalizão com outros investidores – a Yduqs tem o capital pulverizado em Bolsa -, tornando-se um sócio com notória influência sobre decisões estratégicas. Sua filha, Thamila Zaher, ocupa a vice-presidência do Conselho de Administração. Do outro lado da mesa, pelo Cruzeiro do Sul, está o GIC. O fundo soberano de Cingapura é o maior acionista da companhia, com 43%, e tem pretensões de aumentar sua posição no mercado de educação no Brasil. Procurada pelo RR, a Cruzeiro do Sul disse que “não comenta rumores de mercado”. A Yduqs foi pelo mesmo caminho: “Não comentamos informações de mercado.”
Do lado da Yduqs, mais de duas vezes maior em termos de faturamento, talvez haja um senso mais aguçado de celeridade nas negociações. A Cruzeiro do Sul ainda é um negócio “barato”, vis-à-vis as expectativas do mercado para 2023. O retorno do PT ao Poder deverá significar a ressurreição do Fies – em seu primeiro discurso como presidente eleito, Lula citou explicitamente a intenção de “voltar” com o Fundo. Com isso, a tendência é de uma valorização expressiva dos ativos da área de educação, ainda que por ora os mercados não tenham precificado esse possível salto, ao menos não no caso da Yduqs e da Cruzeiro do Sul. Ao longo de novembro, portanto desde a eleição de Lula, a ação da primeira acumulou uma queda de 29%. Já a cotação da Cruzeiro do Sul caiu 25% no mesmo período.
A associação entre Yduqs e Cruzeiro do Sul colocaria fogo na disputa pelo topo do ranking no segmento de ensino superior. Entre os cursos presenciais e a distância, a nova empresa somaria cerca de um milhão de alunos. É basicamente o número de estudantes matriculados na Kroton, hoje a líder disparada do setor. Yduqs e Cruzeiro do Sul teriam uma receita combinada de mais de R$ 6 bilhões e um Ebitda somado de R$ 2,3 bilhões – a números de 2021. Tão ou mais importante do que esses números seria o poder consolidador desse novo grupo, dada a baixa alavancagem das duas partes. Yduqs e Cruzeiro do Sul carregariam para a nova empresa um dos menores níveis de endividamento do setor. Na primeira, a relação dívida líquida/Ebitda é de 1,8 vez. Na segunda, esse múltiplo é ainda mais confortável: 0,9.
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