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O cancelamento da venda do controle mundial da Allergan para a Pfizer foi motivo de celebração entre os acionistas do laboratório Teuto. Não poderia haver melhor notícia para a família Melo. A aposta do clã é que a Pfizer, dona de 40% do Teuto, terá de sair da sua zona de conforto e retomar as negociações para a aquisição dos 60% restantes da companhia. O raciocínio é simples e direto. Com a aquisição global da Allergan, os norte-americanos automaticamente herdariam duas fábricas no país e aumentariam consideravelmente seu portfólio de marcas. Ou seja: a farmacêutica goiana havia se tornado seu Plano B no Brasil. Agora, sem os ativos da Allergan, a compra do controle do Teuto volta à categoria de prioridade estratégica para a Pfizer. Para os herdeiros do empresário Valterci de Melo, morto em 2014, o que está em jogo é uma operação que pode chegar a R$ 600 milhões. Procurada, a Pfizer diz que “avalia a potencial aquisição”. Já o Teuto não quis comentar. A operação, ressalte-se, depende de um acerto de contas razoavelmente intrincado. Pelo acordo original, caso queira ficar com os 60% restantes, a Pfizer terá de pagar um valor proporcional a 14,4 vezes a geração de caixa do Teuto no momento da operação. Este sempre foi um ponto de fricção entre as partes. Não custa lembrar que os norte-americanos chegaram a acusar os Melo de elevar artificialmente o Ebitda para inflar o valuation da companhia. Hoje, no entanto, parece haver uma congruência entre o desejo de comprar de um e a vontade de vender de outros. Se a Pfizer precisa aumentar sua posição no mercado brasileiro, os Melo buscam uma colcha bem quente capaz de cobrir os prejuízos decorrentes de equivocados investimentos em outras áreas de negócio.
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