Olavo de Carvalho quer ser o “filósofo da reeleição”

  • 20/07/2021
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Há uma preocupação no clã Bolsonaro em relação ao quadro de saúde de Olavo de Carvalho, que passou recentemente por uma cirurgia de emergência na bexiga. Por todos os motivos. Além da notória afinidade com a família, estavam em curso conversas para que Olavo venha a se tornar uma espécie de “filósofo da reeleição”. O principal entusiasta da ideia é o “03”, Eduardo Bolsonaro. A intenção é que Olavo atue nas entranhas ideológicas da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro em 2022.

Caberia a ele o múnus de ser o conselheiro do presidente, notadamente em relação aos temas a serem abordados e abortados com a sua base de apoio. Olavo de Carvalho deseja ser algo como um “Steve Bannon de Bolsonaro” – em alusão ao ideólogo da campanha de Donald Trump em 2016. Um “Bannon” sem pegar no pesado, diga-se de passagem. As conversações com Olavo de Carvalho, ressalte-se, entraram em stand by com a sua internação. Até então, vinham sendo conduzidas pelo próprio Eduardo Bolsonaro, artífice desse novo figurino idealizado para Olavo e principal interlocutor entre ele e a família.

O filósofo passaria a ter um papel no aconselhamento da campanha bem maior do que em 2018, o que naturalmente reduziria a sua exposição intensiva nas redes sociais, uma medida compatível com a previsível fragilidade de saúde de Olavo. Trata-se de uma faca de dois gumes. Por um lado, existe um aspecto parcialmente negativo nessa mudança: Bolsonaro teria a perda da combatividade de Olavo nas mídias sociais. Ao longo da campanha de 2018 e mesmo durante um período da gestão, o filósofo teve reconhecida importância: inventou um personagem na internet que se tornou cult junto à extrema direita, pautando o discurso do presidente e tornando-se um de seus cabos eleitorais mais eficientes.

Em determinado momento, Olavo de Carvalho chegou a dizer textualmente: “Eu sou o segundo governo”. Por uma outra ótica, haveria um lado positivo para Bolsonaro nessa mudança de papel do filósofo. As aparições públicas de Olavo costumam criar arestas com importantes grupos de apoio ao presidente. Difícil imaginar, por exemplo, que os evangélicos tenham apreço pelo vocabulário por vezes grotesco e pela forma como o filósofo costuma se expressar, inclusive em relação a eles próprios.

Já se referiu aos pentecostais como “evanjegues”. Olavo também teve seus embates com um dos principais, se não o principal esteio do governo Bolsonaro: os militares. Entre outros ataques, chegou a chamar o general Santos Cruz, então ministro da Secretaria de Governo, de “bosta engomada”. Por essas razões, talvez Olavo seja mais útil aconselhando nas sombras do que militando nas redes sociais, à luz do dia.

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