A Granja Faria, do empresário Ricardo Faria, vai tonificar o plano de expansão da norte-americana Hillandale Farms, produtora de ovos adquirida em março por US$ 1,1 bilhão. Além da expansão das unidades de Iowa e Ohio, a empresa vai abrir novos aviários nos Estados Unidos – ao menos dois ainda neste ano, segundo informações que circulam no setor. Há um misto de oportunidade de mercado e de necessidade no projeto, ambas provocadas pelo mesmo fator: Donald Trump. A oportunidade é suprir a demanda nos Estados Unidos, aproveitando o gap nas importações de ovos do Brasil decorrente do tarifaço imposto por Trump. No entanto, se, por um lado, Ricardo Faria ganha com o seu EIN (Employer Identification Number) norte-americano, por outro perde com o seu CNPJ brasileiro. Na semana passada, a Granja Faria anunciou a suspensão das suas exportações para os Estados Unidos por conta da sobretaxa de 50%, o que reforça a premência em aumentar a produção local por meio da Hillandale Farms. Os Estados Unidos respondem por quase 60% da receita total da Global Eggs, a holding que reúne os negócios de Faria.

Não poderia ter havido pior momento para o ovo podre que Trump estalou na frigideira do agronegócio brasileiro. No primeiro semestre deste ano, as exportações para os Estados Unidos cresceram quase 1.000% em relação a igual período em 2024, por conta do surto de gripe aviária naquele país. Mas logo depois veio o surto Trump. Ao menos, a Granja Faria tem seu hedge natural, com a Hillandale Farms.