Política externa

Deportação é um recado didático de Trump ao mundo

  • 27/01/2025
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Do embaixador Jorio Dauster em conversa com o RR: “Não há a menor dúvida de que, em obediência às leis internacionais e eventuais tratados de cunho bilateral, um país é obrigado a receber de volta seus nacionais que tenham entrado ilegalmente em outro país. No entanto, essa transferência é regida por uma série de normas que incluem o pré-aviso acerca do envio dessas pessoas e o respeito à integridade física delas mesmo que sejam usadas algemas e outras formas de controle durante o transporte em aviões.

Como aparentemente tais procedimentos não foram observados pelos Estados Unidos ao recambiar os primeiros colombianos durante a atual administração, o presidente Gustavo Petro se recusou de início a permitir a entrada no espaço aéreo de seu país de dois aviões militares norte-americanos, mas foi obrigado a ceder diante da reação autoritária de Donald Trump, pois nenhuma nação latino-americana pode sobreviver à suspensão de suas exportações para os Estados Unidos do dia para a noite.

Cuba e Venezuela já tiveram tempo para se adaptar e, no caso dessa última, são empresas norte-americanas e europeias (santa hipocrisia!) que vendem no exterior metade ou mais do petróleo daquele país. No entanto, a truculência como forma de atuação internacional não constitui uma prova de liderança e, sim, de força bruta, servindo como exemplo (caso Rússia e Israel, aliás, ainda precisassem disso) de que quaisquer outras nações que se julguem poderosas possam comportar-se da mesma forma mesmo que, no caso em tela, as canhoneiras dos tempos do big stick hajam sido substituídas por tarifas.

Além, é claro, de reavivar as chamas do anti-imperialismo e estimular grupos extremistas. Espero que o governo brasileiro cuide com grande sobriedade dessa questão, porém é certo que todos nós pagaremos um alto preço por tamanho retrocesso histórico gerado por aqueles que dizem comandar a maior democracia do planeta”.

#Donald Trump

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