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Decálogo das fatalidades na política econômica do governo Lula

  • 23/05/2023
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Passados 144 dias de mandato do presidente Lula, é incontestável que pouco foi feito de efetivo, não obstante haver planos em gestação e medidas sendo refogadas pelos Poderes. Há dúvida se o governo se preparou para administrar o país ou se está capturado pela crescente dominação dos grupos de interesse. Mas, de favorável, a democracia pulsa com vigor e o Brasil tem condições bastante propícias para o fortalecimento da sua imagem junto ao concerto das Nações, muito em função da elogiável diplomacia da gestão Lula. Todas as previsões elencadas abaixo não estão muito acima ou muito abaixo do que dizem as diversas pitonisas do mercado e instituições acadêmicas. O RR não vai fazer juízo de valor. Apenas, à luz das notícias publicadas no seu site e nas mídias, colocar foco naquilo que parece irresolvível ou inexorável, mantido o caráter “impositivo” da atual conjuntura. Todas as afirmações estão ancoradas em diversas fontes – é fácil reconhecê-las na simples leitura -, mas o RR prefere não citá-las para não fazer uma competição entre os emissores de opiniões. Vamos ao decálogo do que deve acontecer, para o bem ou para o mal.

  1. Os juros não deverão descer de forma significativa, mantendo-se acima do 8% no final do mandato do presidente Lula, quem quer que seja o presidente do Banco Central. Mas, o BC dará alguma sinalização de queda, ainda que pequena, já em 2023.Em qualquer hipótese aventada na atual conjuntura, os juros brasileiros em 2026 ficarão no top ten dos maiores do mundo.
  2. A taxa de juros nominal vai se manter elevada, em 2026, entre 8,5% e 9%. A Selic real ficará entre 4% e 5%. As médias das duas taxas de 2023 a 2026 serão elevadíssimas.
  3. O regime de metas de inflação será alterado, provavelmente na reunião do Conselho Monetário Nacional dos dias 19 e 20 de setembro. Para esse ano, a meta será mantida, afinal mais um ou outro “furo” não fará tanta diferença assim frente ao histórico de descumprimentos pelo Banco Central. A mudança se dará no próximo ano no horizonte de aferição do cumprimento da meta.
  4. A taxa de inflação fechará o quatriênio na faixa de 4% no mínimo. Para o Brasil não é muito. Mas vamos suar juros altos para chegar nesse patamar. A discussão se a sua causa é de demanda ou devido a outras variáveis seguirá incontornável até o final do mandato de Lula. É provável que o fator indexação, maior responsável pela inércia inflacionária, seja citado aqui e acolá, sem que saia do limbo onde se encontra.
  5. Não é provável um crescimento da atividade produtiva além do resultado medíocre dos últimos 20 anos – de 2002 a 2022 –, quando o Brasil teve uma média de expansão do PIB de 2,2%. Esse indicador é o teto para o PIB, lembrando que é “impossível” um crescimento médio de 4,6%, o recorde desde 1990, conforme o realizado no segundo governo Lula, entre 2007 e 2010. A exceção é a prática de heterodoxias. Nesse terreno, quase ficcional, vale tudo. A desindustrialização permanecerá na pauta e o Brasil será um país agrícola.
  6. A renda per capita permanecerá como um retrato do “padrão iníquo da política econômica do país”. A projeção é que o PIB per capita recue entre 0,2% e 0,4% em 2023. Para 2024, a estimativa é de um crescimento de 0,3%. Em 2024, o Brasil teria um crescimento do PIB per capita da ordem de – oxalá – 1%. É tudo pouquinho.
  7. A concentração de renda vai aumentar em linha com o ocorrido – por incrível que pareça – nos últimos 100 anos. Entre 1822 e 2022, a população brasileira cresceu 46,3 vezes, o PIB aumentou 704 vezes e a renda per capita subiu apenas 15,2 vezes. O Brasil é o segundo do mundo no quesito concentração de renda, situando-se atrás apenas do Catar ou de Moçambique, segundo as diferentes fontes consultadas. O segmento de 1% detentor de mais de 50% da renda de toda a população vai crescer sua parcela em relação ao restante.
  8. Mesmo com os salários caindo em termos reais, o emprego deverá se manter no mínimo estável ou mesmo crescente no período entre 2023 e 2026, criando uma assimetria em relação à mediocridade da performance da atividade econômica, devido à redução dos salários e à desobrigação dos cumprimentos trabalhistas. São fatores estruturais e de acomodação de vetores que levam a essa dessintonia. A massa do rendimento do trabalho cresce. A expansão do consumo das famílias cai e a inadimplência aumenta.
  9. É inexorável que o ajuste fiscal, seja lá o que for considerado na prática “ajuste”, se dará por meio de aumento da arrecadação. A sociedade vai pagar o maior quinhão pelo equilíbrio das contas públicas.
  10. De bom, a garantia de tranquilidade da área cambial.

#Lula

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