Crônica de um desastre anunciado no Rio de Janeiro

  • 3/02/2021
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O transporte urbano no Rio de Janeiro está à beira de um colapso. Trata-se da mais grave crise de um setor da economia em todo o Brasil. O cenário combina uma brutal redução dos usuários pagantes, perda de passageiros nos trechos mais rentáveis, concorrência com o transporte clandestino, esgotamento financeiro das empresas e a iminência de uma quebradeira com milhares de demissões. Duramente atingidos pela pandemia, todos os modais vêm operando com taxas de ocupação bem abaixo da sua média
histórica.

De acordo com informações obtidas junto a interlocutor permanente da Secretaria de Transportes, na primeira semana de janeiro, os ônibus circularam com apenas 62% da sua capacidade. Em determina- do momento de 2020, esse índice chegou a ser de 29%. Segundo a fonte do RR, no mesmo período o BRT e os trens funcionaram, respectivamente, com 54% e 52% da sua ocupação. O metrô, por sua vez, operou com apenas 45%. Os índices mais baixos foram registrados no VLT (35%) e nas barcas (23%). A conta não fecha para nenhum dos segmentos. O ano de 2020 foi dramático para o transporte público no Rio.

Segundo o RR apurou, todos os modais, somados, registraram 950 milhões de viagens a menos na comparação com 2019 – o número inclui bilhetagem e pagamentos em dinheiro. No segmento de ônibus, por exemplo, a queda de receita chegou a R$ 2,6 bilhões, contabilizando-se tanto as linhas que circulam dentro da cidade do Rio quanto as intermunicipais. O prejuízo passou de R$ 1,2 bilhão. O resultado: desemprego e mais desemprego.

Ao longo de 2020, 19 empresas de ônibus fecharam as portas no estado. Há uma inexplicável incompreensão das autoridades em relação a esse setor vital para a economia. O Poder Público parece ter aparteado o segmento de transportes de suas prioridades. O presidente Jair Bolsonaro, não custa lembrar, vetou a liberação de R$ 4 bilhões em recursos emergenciais para o setor de transporte coletivo, aprovada pelo Congresso. Não é por falta de proposições que a situação chegou aonde chegou. O setor tem levado às autoridades uma pauta de ações para criar novas fontes de recursos e mitigar uma crise que pode se tornar estrutural. Entre as propostas apresentadas estão a tributação de gasolina e a taxação de aplicativos, além de subsídio das passagens. São Paulo incentiva em torno de 50%. O Rio, zero vezes zero. Se tudo continuar como está, as empresas vão quebrar e o estado terá a maior crise na mobilidade urbana da sua história.

Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

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