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Crise no setor eólico é um vento que bate forte na Aeris

  • 12/06/2024
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Os ventos que correm na área de energia sopram incertezas em relação à Aeris, uma das principais fabricantes de equipamentos para geração eólica da América Latina. No setor pairam dúvidas sobre o futuro da participação da família Negrão, controladora da empresa, ao menos nos termos atuais. Há informações, inclusive, de que o clã tem sido procurado por potenciais interessados na compra de uma participação ou mesmo do controle da companhia. Um dos nomes citados é a dinamarquesa Vestas, maior produtora mundial de aerogeradores. Ressalte-se que os escandinavos já têm um pé na soleira da empresa da família Negrão.

Desde 2015 a Aeris fornece pás eólicas para a Vestas – no início, o acordo de parceria foi estendido até 2028. No rol dos candidatos à eventual compra da companhia figura também uma das maiores gestoras de private equity brasileiras, com mais de R$ 200 bilhões em ativos sob o seu guarda-chuva. As tratativas são conduzidas pelo BTG – conforme informou o Pipeline, do Valor Econômico, em 2 de abril.

A Aeris enfrenta um momento delicado, menos por razões internas e mais por circunstâncias exógenas.

O Brasil vive um ciclo contracionista de encomendas no setor de geração eólica, que tem afetado a indústria de equipamentos como um todo. A própria Aeris se viu forçada a cortar 1,5 mil postos de trabalho desde o ano passado na sua fábrica de Pecém (CE). Ressalte-se que esse quadro turbulento do setor coincide com um período de transição na Aeris, forçado pela morte do patriarca Alexandre Negrão, mais conhecido como Xandy Negrão, fundador do laboratório Medley e dono de uma vitoriosa carreira no automobilismo.
O empresário sempre foi extremamente respeitado, primeiro no setor farmacêutico e, depois, na indústria de bens de capital para a área de energia. Consultada, a Aeris não se manifestou especificamente sobre a hipótese de venda de parte do capital ou mesmo do seu controle. No entanto, em sua conversa com o RR, a empresa confirmou que: “Fizemos diversos ajustes em nossa estrutura, o que inclui também uma adequação em nosso quadro de colaboradores.”

A empresa afirma seguir confiante “com o setor de energia eólica no longo prazo, dados os compromissos de descarbonização que estão sendo firmados no Brasil e no mundo”. Com uma ressalva: “Apesar de 2024 representar um desafio no Brasil – com menor perspectiva para a instalação de novos parques eólicos, redução no número de contratos e no volume de vendas”. A saída, de acordo com a companhia, é tentar compensar esse cenário com vendas internacionais: “Acreditamos que o mercado externo deva atingir cerca de 40% da nossa receita até 2025, com boas oportunidades nas Américas, de maneira geral (Estados Unidos, Chile, México, Argentina).”  Outra rota de escape é a prestação de serviços. A Aeris disse ao RR estar fortalecendo a Aeris Service, que atua nos segmentos de reparos, pinturas, limpeza, manutenções preventivas e corretivas e inspeções fotográficas. A divisão vai representar algo entre 7% e 10% da receita do grupo neste ano. O RR também entrou em contato com a Vestas, mas não obteve retorno.

#Aeris #Energia Eólica

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