Economia

André Lara e Pérsio Arida ressurgem na bolsa de apostas para o Banco Central

  • 19/06/2024
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A probabilidade de Gabriel Galípolo ser o próximo presidente do Banco Central beira os 90%. Mas, nem por isso, se deve desprezar os 10% restantes – mesmo porque, em termos relativos, os personagens que habitam essa fração são muito maiores do que ela. Hoje pela manhã, no mercado, surgiram especulações apontando dois outros candidatos à sucessão de Roberto Campos Neto: André Lara Resende e Pérsio Arida. Os rumores em torno dos dois nomes e as declarações feitas ontem por Lula, praticamente “demitindo” Campos Neto do BC, formaram uma combinação nervosa, que tensionou ainda mais as instituições financeiras, vide o câmbio e os juros. No momento, o dólar é negociado a R$ 5,46, alta de 0,57%; e a taxa do contrato de DI para janeiro de 2025 chegou a 10,71%, contra 10,65% no fechamento de ontem.
André Lara tem ideias sofisticadas, não compartilhadas pela maioria do mercado e mesmo por uma parcela mais ortodoxa da Academia. O ex-diretor do próprio BC e ex-presidente do BNDES tem afinidade com Fernando Haddad e conta ainda com o patrocínio do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Foi por indicação do próprio Alckmin que André Lara colaborou com a elaboração do programa econômico de Lula durante a campanha eleitoral. O mesmo se aplica a sua nomeação para o grupo de trabalho da área de economia que assessorou o futuro presidente durante o período de transição. André Lara, por sinal, esteve ontem no Congresso para participar de uma audiência pública que discutia a possibilidade de autonomia financeira e orçamentária do BC, à qual se referiu como um “enorme retrocesso”.
Pérsio Arida, por sua vez, também tem uma boa sintonia com Haddad. Mas desperta menos encantamento em Lula. Durante a fase de montagem da equipe de governo, Pérsio esteve cotadíssimo para ser o futuro presidente do Banco Central e mesmo para assumir o Ministério da Fazenda. Na ocasião, também integrou a equipe de transição, ao lado de André Lara Resende. Seu nome nunca saiu das lides, uma vez que Roberto Campos Neto já estava preliminarmente condenado a deixar o comando do Banco Central.
Galípolo continua sendo o nome preferido de Haddad. Sua nomeação para o cargo de diretor de Política Monetária do BC já foi arquitetada como uma espécie de rito de transição para a presidência da instituição. Mas, no caso específico do comando BC, a margem de autonomia de Haddad é relativamente menor. A opinião de Lula será determinante. Mesmo porque a atual experiência com Campos Neto é muito ruim para o presidente da República, que insiste em citar o FED como referência, pela sua conjugação da política monetária com a política fiscal sem deixar a variável do pleno emprego de fora da equação. Para a torcida, tanto André Lara Resende quanto Pérsio Arida dizem que não aceitam o cargo de presidente do BC de forma alguma. Ocorre que essa mesma torcida dúvida que a assertiva seja para valer. Independentemente do nome escolhido, seja Galípolo, André Lara ou Pérsio, Lula afinará a equipe econômica e a autoridade monetária com o seu diapasão particular. O petista já declarou que a única coisa que destoa no seu governo é o presidente do BC. Tem lá suas razões, a rigor menos até pela condução de taxa de juros – prerrogativa do Copom – e mais pelos deslizes de Campos Neto, que não costuma esconder qual é o seu lado na arquibancada. Após o projeto de lei que criou o Banco Central independente, talvez seja o caso de se aprovar também a “independência” do presidente do Banco Central.

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