Tag: União Europeia
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Análise
Será que vale toda essa obsessão com a União Europeia?
6/12/2024Do embaixador Jorio Dauster em conversa com o RR: “Como eu conduzi os primeiríssimos entendimentos sobre um acordo comercial entre a União Europeia e o recém-criado Mercosul quando era embaixador em Bruxelas na década de 1990, vejo agora sem grande interesse as notícias conflitantes de que o Acordo está prestes a ser assinado ou vai fracassar definitivamente. O fato relevante é que, durante essas décadas de negociações infrutíferas, a importância geopolítica da Europa desabou e a ascensão meteórica da China e de vários países asiáticos deslocou nossos maiores interesses comerciais para aquele novo centro de gravidade no cenário mundial. Com a crise política e econômica na Alemanha e na França, as locomotivas do grupo, e vários países adotando posições crescentemente centrífugas nos moldes da Hungria, o que se vê hoje é que a própria existência da União Europeia passa a ficar ameaçada. Em suma, se não sair o acordo nas próximas semanas, sugiro que joguemos o projeto na lixeira da História.”
Política externa
Brasil busca recursos da União Europeia para transição energética
4/12/2024Em meio à complexa tratativa para o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul, o governo Lula conduz uma negociação bem menos áspera com o Velho Continente. Em jogo, a ampliação da parceria com o European Investment Bank (EIB), braço financeiro da UE, para investimentos em energia renovável. A ideia do governo brasileiro é costurar a liberação de recursos para outros bancos federais, a exemplo do BNDES e o Banco do Nordeste. No ano passado, o Banco do Brasil firmou um contrato para a captação de 350 milhões de euros voltados a projetos em transição energética.
Política externa
Chanceler brasileiro conduz delicada conversa com a União Europeia
24/09/2024RR Destaques
O cálculo do Planalto
20/02/2024Movimentos como o apoio do presidente da Colômbia, Gustavo Pedro, e a forte mobilização da base lulista nas redes, hoje, diminuem a percepção de que as declarações de Lula acerca de Israel foram um improviso ou um deslize. Tal linha parece ainda mais clara porque o Planalto, em vez de evitar, abraçou o tema, por meio de diversas manifestações e da comunicação oficial – ainda que sem reiterar a comparação entre as ações de Israel e do Nazismo.
Ao mesmo tempo, ocorre uma curiosa inversão de papéis. A oposição reage com força e organização no Congresso, contando com novo aceno do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que cobra retratação de Lula além de dominar a grande mídia. Enquanto isso, a defesa e construção de narrativa “governistas” invadem as redes sociais.
Trata-se de um dos mais fortes engajamentos conquistados pelo Planalto em muito tempo, praticamente revertendo a “decepção” com diversas ações recentes de Lula, como a escolha dos ministros do STF.
Parecem ser essas, justamente, as apostas do Planalto, ao não recuar:
1) A “descoberta” de um tema capaz de energizar e engajar seus apoiadores, algo típico da polarização dos últimos anos, mas que ainda parece passar ao largo da compreensão da grande mídia;
2) A imagem de Lula como a liderança que capitaneia a reação às ações militares de Israel, dizendo o que EUA e Europa não seriam capazes de dizer e assumindo a frente da América do Sul e dos países em desenvolvimento. Uma forma de ganhar protagonismo no “sul global”, mas sem qualquer tipo de alinhamento com Rússia e China – o que, aí sim, incomodaria os norte americanos.
Ou seja, por um lado, haveria pouco ou nada a perder nas relações com o “Ocidente” (ainda mais com o acordo entre Mercosul e União Europeia praticamente enterrado). Por outro, bastante a ganhar com a ideia de que Lula tenta impedir uma nova ofensiva em Gaza, “puxando” outros países no processo. Ou, caso ela ocorra e gere novas mortes e condenações humanitárias, que o país teve a coragem de denunciá-la, previamente.
Não é à toa que essa narrativa está sendo construída nas redes, como uma teia, por meio de diferentes fontes, interlocutores e conteúdos.
3) A avaliação de que, tendo sempre na manga a carta não de uma retratação, mas de algum tipo de retificação, o tema, por polêmico e desgastante que seja, não estaria entre as prioridades do mundo político (Centrão a frente) nem dos agentes econômicos (o que parece corroborado pelas duas altas consecutivas da bolsa, ontem e hoje).
Não se está aqui avaliando, de forma alguma, o teor das declarações. Nem que a “estratégia” será bem-sucedida. O governo, por exemplo, não parece ter intenção de implementar qualquer tipo de “boicote” econômico, o que pode até ocorrer, da parte de Israel, onde Netanyahu usa a questão como arma de política interna.
Mas trata-se, aí sim, de um sinal contundente de algo que o Destaques vem salientando: Lula buscará, a seu modo, uma comunicação mais ofensiva e mais polarizada em 2024. Seja porque avalia que o governo terá mais a entregar e está mais “seguro”, seja porque calcula que esse será o mote das eleições.
A conclusão? Não se trata de um erro ou de um ponto fora da curva e, sim, de uma tendencia.
Já o grau de pragmatismo envolvido no processo se dará na decisão de como e quando “baixar a fervura” (ainda que indiretamente e com a possibilidade de resposta a postagens do chanceler israelense nas redes sociais). A oportunidade mais óbvia já está na mesa: a visita do secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, que chegou hoje ao Brasil.
Indicadores
Ainda sobre os EUA, mas na economia, destaque para a divulgação, amanhã, da Ata da reunião do FOMC, que definiu a manutenção da taxa de juros.
Destaque
Agronegócio bate de frente com governo Lula e União Europeia
31/10/2023O esforço da gestão Lula para lustrar a imagem do Brasil na área ambiental deverá sofrer um incômodo revés. O agronegócio está engajado em duas frentes que têm tudo para despertar reações contrárias da comunidade internacional. Uma delas se cruza com as relações entre o Brasil e a União Europeia: segundo fonte ligada à entidade, a Aprosoja está decidida a liderar um movimento pela continuidade do uso do glifosato nas lavouras brasileiras.
Não está sozinha. Tem ao seu lado representações congêneres do agronegócio da Argentina e do Paraguai. De acordo com a fonte do RR, esse frentão está elaborando um manifesto contra a iminente decisão da UE de banir alimentos agrícolas produzidos com o uso do glifosato. O assunto é extremamente controverso e causa cisão entre as próprias nações do Velho Continente. A Comissão Europeia, braço executivo da UE, recomendou estender a autorização ao agrotóxico até dezembro de 2033.
No último dia 13 de outubro, a proposta foi levada à votação da União Europeia, mas não houve quórum mínimo, um indício de que dificilmente será aprovada. Procurada pelo RR, a Aprosoja não se manifestou.
Os grandes produtores brasileiros correm contra o relógio. Se nada mudar, a partir do próximo dia 15 de dezembro o defensivo agrícola será proibido na Europa. Péssima notícia para o agro brasileiro. O glifosato é o herbicida mais usado no país. Estima-se que esteja presente em cerca de 60% das áreas de plantio. Os efeitos do defensivo são objeto de controvérsia dentro da própria comunidade científica.
Vários países passaram a restringir ou mesmo proibir a substância com base, sobretudo, em um relatório produzido em 2015 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que classificou o herbicida como “provável cancerígeno humano”. Há, no entanto, pesquisas na direção oposta. Entre as de maior repercussão está o parecer científico divulgado, em 2022, pela Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) atestando que não há evidências de relação do glifosato com casos de câncer.
O lobby internacional pelo glifosato se cruza com outro movimento contundente do agronegócio, este no front interno. Há uma ofensiva no Senado pela retomada da tramitação do projeto de lei nº 1.459/2022, mais conhecido como “PL do Veneno”, que flexibiliza regras para a aprovação e distribuição de agrotóxicos no país. A proposta está parada na Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Casa desde abril, muito em razão do empenho do próprio governo em barrar a mudança na legislação. Mas a “boiada” pede passagem e está prestes a atravessar a porteira. A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina negocia diretamente com Rodrigo Pacheco para que o PL seja apreciado e aprovado na CMA, última etapa necessária para a sua votação em plenário.
Em conversa com o RR, um dos líderes da Frente Parlamentar da Agricultura afiançou que a bancada ruralista já teria 46 votos a favor, cinco a mais do que o necessário para a aprovação.
Política externa
Marina vai “vender” o Brasil em reunião de cúpula
26/06/2023A ministra Marina Silva será uma peça-chave na delegação brasileira que participará da reunião de cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia (EU), marcada para os dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas. Marina deverá ter uma agenda de encontros com autoridades da área de meio ambiente da comunidade europeia. No próprio Palácio do Planalto, a expectativa é que a ministra de maior prestígio internacional do governo Lula volte da Bélgica com novos acordos para investimentos em ações ambientais e até mesmo transição energética no Brasil.
Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já sinalizou a liberação de 2 bilhões de euros para a produção de hidrogênio verde. Segundo o RR apurou junto a fonte do Itamaraty, há gestões para que Noruega e França também anunciem o repasse de novos recursos para projetos de combate ao desmatamento na Amazônia. Nesse contexto, Marina pode se tornar a principal e única estrela da comitiva brasileira, caso Lula leve adiante a decisão de não participar da reunião de cúpula. Durante sua passagem por Roma, lideranças europeias trabalharam junto a assessores do presidente para convencê-lo a estar em Bruxelas no dia 17 de julho.
Internacional
Um passinho a mais para o acordo entre UE e Mercosul
16/05/2023Uma delegação da União Europeia (EU) vai circular por Brasília até o próximo fim de semana. Chefiada pelo deputado espanhol Jordi Cañas, relator do acordo comercial entre o Mercosul e a EU, a comitiva vai se reunir com o chanceler Mauro Vieira. No encontro, deverão discutir o instrumento adicional elaborado exaustivamente ao longo dos últimos dois anos que envolve questões sensíveis como desmatamento, mudanças climáticas e condições de trabalho. Segundo o RR apurou, em conversas reservadas com diplomatas brasileiras por telefone na semana passada, Cañas fez elogios ao teor da proposta e à retomada dos compromissos ambientais do governo brasileiro.
Política
União Europeia é a próxima parada internacional de Lula
18/11/2022O RR apurou que assessores de Lula articulam um encontro do petista com a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. A visita à mais alta autoridade da União Europeia, em Bruxelas, abriria uma sequência de reuniões estratégicas com o que os auxiliares do presidente eleito – à frente o ex-chanceler Celso Amorim – classificam como a “santíssima trindade” da política externa. Os dois outros vértices desse triângulo são o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, com quem Lula também, pretende se encontrar antes da sua posse – conforme o RR antecipou.
Destaque
Comitê de Lula estuda redução da Tarifa Externa do Mercosul
10/11/2022Em meio a afagos e propostas de fortalecimento do Mercosul, auxiliares de Lula na área econômica têm defendido a ideia de que, a partir do próximo ano, o Brasil deve liderar uma nova redução da Tarifa Externa Comum (TEC). A princípio, a recomendação pode soar na contramão das promessas de ampliação do bloco econômico feitas por Lula, uma vez que qualquer corte na TEC flexibilizaria a entrada de mercadorias importadas de países de fora do Mercosul. No entanto, a premissa entre os apoiadores da medida é que a redução da taxa seria um passo atrás para dar dois à frente. O entendimento é que a diminuição das barreiras poderá contribuir para a negociação de novos acordos mais benéficos para o Brasil e seus vizinhos, a começar pela União Europeia (UE).
Não custa lembrar que, em artigo publicado no jornal francês Le Monde, na véspera do segundo turno, Lula manifestou o desejo de rever pontos do tratado entre o Mercosul e a UE. Voltaria ao tema na noite do dia 30, em seu primeiro pronunciamento após o resultado da eleição, quando afirmou que pretende “retomar as relações com os EUA e a União Europeia em novas bases”. Ou seja: toda a moeda de troca, como a eventual redução da TEC, vai ser importante nesse intrincado xadrez multilateral. O pacto entre a EU e o Mercosul foi firmado em 2019, depois de 20 anos de tratativas. No entanto, segue no papel. O acordo ainda não entrou efetivamente em vigor, pois ainda precisa ser corroborado pelo parlamento de todos os países signatários.
Nas conversas internas conduzidas dentro do comitê de transição de Lula, há um entendimento de que a proposta de redução da TEC não deve impactar em pontos mais sensíveis do acordo hoje em vigor no Mercosul. Itens como automóveis e produtos sucroalcooleiros, que já tem um tratamento tributário diferenciado, ficariam de fora. Em tempo: curiosamente, Paulo Guedes passou boa parte da sua gestão no Ministério da Economia defendendo a redução da TEC. Conseguiu emplacar um corte de 10% em junho deste ano, não sem antes abrir vários pontos de fricção dentro do Mercosul, especialmente com a Argentina. Há, no entanto, uma “diferença que faz toda a diferença”. No fundo, ao contrário de assessores de Lula, de certa forma Guedes sempre enxergou a redução da taxa como um preâmbulo para a implosão do Mercosul por dentro.
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Quem vai
22/07/2022Diretor do Departamento de Produção de Origem Animal, o auditor fiscal Glauco Bertoldo vai assumir o cargo de adido agrícola do Brasil em Bruxelas. A União Europeia é um dos grandes parceiros do Brasil nos produtos do agronegócio, e o ocupante do posto, por isso mesmo, precisa ter domínio das questões técnicas.
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União Europeia reforça imagem do Brasil como pária ambiental
16/05/2022Vem aí mais um abacaxi ambiental para o governo Bolsonaro descascar. Trata-se do relatório que está sendo produzido pelo comissário de Meio Ambiente, Oceanos e Pescas da União Europeia, Virginijus Sinkevicius. O documento será apresentado à Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP15), programada para o segundo semestre, na China. Segundo um diplomata que esteve com Sinkevicius, o comissário não terá o menor comedimento nas críticas à política ambiental do Brasil.
O governo ajudou na péssima impressão. Em sua recente visita ao país, Sinkevicius tentou audiências com o presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente e presidente do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão, sem êxito. Desceu vários degraus e se encontrou com o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque – que pouco tinha a ver com meio ambiente e muito menos com oceano e pesca – e com parlamentares.
Se voltasse hoje, talvez não fosse nem recebido pelo novo ministro, Adolfo Sachsida. A repercussão do relatório pode ser ainda mais negativa na medida da intenção da União Europeia de realizar uma discussão bilateral sobre o assunto com o governo do presidente norte-americano, Joe Biden. Para piorar o ambiente de desagradáveis coincidências, isso ocorre no momento em que um grupo de empresários e organizações brasileiras tem feito gestões junto ao presidente Biden pedindo a aprovação de um fundo de US$ 9 bilhões para a conservação de florestas tropicais.
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Bancada do barril
17/07/2019Após conseguir do governo a criação de um fundo de R$ 150 milhões para os produtores de vinho, a Frente Parlamentar da Agricultura trabalha para tirar os rubiáceos do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O lobby mais borbulhante vem dos fabricantes de espumante, que temem perder mercado com a alíquota zero para os importados.
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Serra açucarado
14/09/2016O chanceler José Serra vai acabar tendo sua estátua erguida pelo setor sucroalcooleiro. Serra negocia com o presidente Mauricio Macri, a redução de 10% para 5% da alíquota de importação de açúcar pela Argentina. Conseguiu ainda o apoio do dirigente portenho para que o Mercosul somente aceite retomar negociações com a União Europeia se o etanol for incluído entre os itens do acordo de livre comércio.