Tag: IBGE
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Governo
Prefeituras cobram Tebet por ajustes no Fundo de Participação dos Municípios
30/08/2023A Confederação Nacional de Municípios (CMN) tem feito pressão sobre a ministra Simone Tebet para que o IBGE, vinculado a sua Pasta, apresente o relatório exigido pelo TCU com os parâmetros usados na realização do Censo 2022. O levantamento está no epicentro de um imbróglio federativo. Os dados demográficos servem de base para o cálculo dos coeficientes do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para o exercício de 2023. Prefeituras de dez estados já entraram com representações junto ao Tribunal de Contas da União questionando os indicadores populacionais usados para o repasse dos recursos do FPM. O que está em jogo é uma bolada orçamentária: de janeiro a julho, por exemplo, o Fundo distribuiu R$ 110 bilhões entre os mais de cinco mil municípios brasileiros. A maior parte dos prefeitos alega que os números do Censo 2022 contêm inconsistências que alteram significativamente a partilha, como “subdimensionamento das populações indicadas” e “incorreções do número de domicílios desocupados.”
Política externa
E Marcio Pochmann pode acabar em Angola
24/08/2023Segundo fonte do Itamaraty, no encontro de amanhã, em Luanda, o presidente de Angola, João Lourenço, deverá formalizar a Lula o pedido de apoio do Brasil para a realização do Censo local. Nesse caso, caberia ao IBGE ajudar no planejamento, na coordenação das entrevistas e no treinamento dos recenseadores. Desde 1965, quando conquistou a Independência de Portugal, Angola teve apenas três Censos, o último em 2014. E o que o Brasil pode levar em troca? Entre outras pautas, acordos no agronegócio e a possibilidade de exportação de serviços para o grande projeto de irrigação do Cunene, província árida do Sul de Angola.
Destaque
Alckmin assume a missão de criar o “novo arcabouço industrial” brasileiro
24/07/2023Enquanto Fernando Haddad se concentra nas reformas econômicas, Geraldo Alckmin está imbuído de uma missão tão ou mais relevante: a criação do que pode ser chamado de “novo arcabouço industrial” brasileiro. Não se trata apenas do soerguimento de um setor que já respondeu por 36% do PIB em meados dos anos 80 e hoje derrapa na casa dos 10% – por si só uma tarefa hercúlea. Alckmin pretende se creditar como uma espécie de “reinventor” da indústria no Brasil. A premissa é que não basta jogar dinheiro de helicóptero aleatoriamente. Há escolhas de Sofia a serem feitas, ou seja, é preciso focar em setores em que o país tenha notórias vantagens comparativas. A inovação e a transição energética serão fatores transversais. O “novo arcabouço industrial” deve perseguir três eixos: o rejuvenescimento da indústria, inserção nas cadeias globais de suprimento e descarbonização.
Os pouco mais de R$ 100 bilhões em recursos para a indústria anunciados por Geraldo Alckmin no início deste mês são apenas a primeira tranche. Vai ter mais dinheiro, ainda neste ano. Uma espécie de “Plano Safra da indústria”, expressão cunhada pelo próprio presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Entre os alvos de Alckmin estão áreas correlatas à produção agrícola, como fertilizantes, defensivos, beneficiamento de alimentos, máquinas e equipamentos. Também estão na mira segmentos como o complexo industrial de saúde e o desenvolvimento tecnológico militar. Vai ter dinheiro, sim. Mas para as empresas e setores que se adaptarem às novas exigências. Todos os projetos terão de desaguar na expansão da matriz de energia limpa e na inovação. Ou seja: será um processo quase darwiniano.
Geraldo Alckmin está seguindo a direção dos ventos que sopram nas maiores economias do planeta. Há um resgate do protagonismo do Estado na atividade econômico – um dos ditames do que o RR já chamou de “Novo Consenso de Washington”. O próprio chefe de governo à frente da maior economia do mundo estimula, sanciona e avaliza uma política industrial proativa, a partir de subsídios públicos. Joe Biden vem tentando reviver a era do Estado grande a partir de uma forte concessão de subsídios para o revigoramento da indústria dos Estados Unidos. Somente para a produção de semicondutores, o governo norte-americano reservou um pacote de US$ 52 bilhões, com o objetivo de frear o avanço da China no fornecimento de chips.
O governo terá de encarar alguns dilemas para levar adiante a versão brasileira da política industrial baseada no “Estado grande”. Um deles é o que fazer com os setores intensivos em mão de obra e que perderam a viagem, como têxtil, móveis, calçados? Juntos, esses três segmentos, por exemplo, somam mais de 1,5 milhão de empregos, em sua esmagadora maioria uma força de trabalho de baixa formação. Seria necessário um descomunal esforço em capacitação para que parte dessa mão de obra pudesse migrar para setores mais competitivos da indústria, calcados na inovação. Ressalte-se que o desemprego é a consequência mais dramática da “africanização” da indústria brasileira: entre 2012 e 2022, o setor fechou mais de 758 mil postos de trabalho, segundo dados do IBGE. Outro desafio para o ministro Geraldo Alckmin é enfrentar o lobby de segmentos mais atrasados da indústria, como o automotivo. As montadoras entregam muito pouco vis-à-vis a enxurrada de incentivos que recebe.
Política
Conclusão do Censo pode cair no colo do governo Lula
30/11/2022Assessores do ministro Paulo Guedes e auxiliares da equipe de transição de Lula já discutem a hipótese de prorrogação do Censo até o próximo ano. A princípio, o encerramento do trabalho de campo está previsto para dezembro. No entanto, dentro do próprio IBGE, há um consenso de que o processo de levantamento dos dados tem sido duramente afetado pela falta de verbas, ameaçando a qualidade do resultado final. Um dos problemas mais graves é a fuga de recenseadores, que abandonaram o trabalho devido à baixa remuneração. Há cerca de dez dias, o governo Bolsonaro editou às pressas uma MP autorizando a contratação de novos funcionários sem processo seletivo para ocupar os postos vagos. Até o momento, a menos de um mês das festas de fim de ano, apenas 65% do Censo foram concluídos.
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As estimativas descalibradas da Conab
22/04/2022Entre os grandes grupos agrícolas, há uma desconfiança cada vez maior em relação às projeções da Conab para a safra de grãos no país. Em seu último relatório, a estatal apontou uma produção de 269,3 milhões de toneladas na safra 2021-22, aumento de 5,4% na comparação com a colheita anterior. Não se sabe de onde vem tanto otimismo do corpo técnico do Ministério da Agricultura. Até porque, no próprio governo, quem mais tem acertado no monitoramento das lavouras é o IBGE, que caminha na direção oposta. Em seu levantamento mais recente, o Instituto estimou a próxima safra em 258,9 milhões de toneladas, queda de 2,3% em relação ao ano passado.
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Os satélites da Agricultura estão descalibrados
6/01/2022O mapeamento oficial da safra agrícola brasileira está “sub judice”. Do produtor a grandes tradings globais, a cadeia do agronegócio tem cobrado do Ministério da Agricultura maior precisão no levantamento das estatísticas oficiais. Há uma pressão pela contratação de um novo serviço de monitoramento por satélite, em complemento às informações colhidas no trabalho de campo. A cobrança, ressalte-se, encontra eco dentro da própria tecnocracia do Ministério.
Segundo o RR apurou, o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio de Zen, seria defensor da utilização do Sistema de Geoafirmações da Agricultura, desenvolvido na USP. Há uma crescente descalibragem nas estimativas do órgão oficial do governo, que costuma confundir o mercado e induzir produtores a erro no cálculo de seus custos e receitas. Um exemplo: nos últimos cinco anos, as previsões da Conab para a safra de café subestimaram a produção brasileira em mais de 10 milhões de sacas. Procurado, o Ministério informou que “a Conab utiliza diferentes métodos para realizar a estimativa de safra.
Um conjunto de ferramentas é composto por métodos subjetivo/ declaratório e objetivo via satélite com áreas georreferenciadas numa parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), além do monitoramento agrometeorológico e espectral em parceria com a Universidade de Maryland, Global Agriculture Monitoring System e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).” A Pasta, no entanto, reconhece que “os dados gerados pelo método subjetivo têm limitações na previsão, por sua própria natureza, tendo em vista ser uma ação declaratória.” O levantamento das safras tem sido, historicamente, uma erva daninha para o agronegócio.
Trata-se de um trabalho que exige sintonia fina dos dois lados. Há cerca de sete anos, por exemplo, o governo de Minas Gerais torrou US$ 8 milhões na contratação de uma empresa alemã de monitoramento por satélite. As informações colhidas no campo jamais bateram com os dados levantados de forma satelital. Outro problema é a sobrecarga sobre a área técnica do Ministério da Agricultura: não há recursos nem funcionários suficientes para cobrir todas as regiões agrícolas. Uma hipótese já levada por especialistas do agronegócio ao governo seria a utilização do IBGE para auxiliar nesse processo. Não há nenhuma outra instituição pública com tamanha capilaridade e com tantos servidores treinados para a coleta de dados em campo.
Acervo RR
Independência
29/12/2021Lula defende um IBGE independente, longe do IPEA, no mesmo modelo do Banco Central.
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Os efeitos colaterais do “IBGEPEA”
7/12/2021O embolamento do IBGE e do Ipea sob o guarda-chuva de uma secretaria especial do Ministério da Economia, com a consequente criação de uma espécie de “think thank Brasil”, pode até fazer sentido. Mas é importante observar os riscos da iniciativa. Ela vai aumentar, em alguma medida, o controle político das duas instituições. Paulo Guedes detesta o IBGE e afaga o IPEA. E a nova Secretaria Especial de Estudos Econômicos será comandada por Adolfo Sachsida, que, notoriamente, não tem o nível acadêmico aguardado para comandar a superestrutura de dados e pesquisas dos dois órgãos. Mas Sachsida é hoje o braço direito de Guedes e opera com desenvoltura na área política. Mais o RR não diz. Mas já disse, antecipando essa “fusão” e suas consequências nas edições de 26 de agosto de 2019 e, mais recen[1]temente, 27 de julho de 2021.
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O corta e cola de Paulo Guedes
27/07/2021A ideia de juntar o IBGE ao Ipea é que nem o iô iô: vai e volta, volta e vai. A proposta voltou a ser discutida no Ministério da Economia, desta vez com uma novidade: as duas instituições seriam reunidas e agregadas a uma parte da Receita Federal, que não tem nada a ver com a auditoria fiscal. O novo órgão ficaria debaixo da Secretaria de Política Econômica (SPE). Resumo da história: Guedes vai assistir à Pasta do Trabalho bater asas em troca de um Frankenstein de dados e estatísticas, cujas partes já estavam distribuídas no próprio Ministério da Economia. Perdeu playboy.
…
A secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier, virou a menina dos olhos de Jair Bolsonaro. A ponto do presidente cogitar dar status de Ministério à Secretaria. Não custa nadinha Bolsonaro ordenar um reforço de verbas para o órgão Seria mais uma mordida no que um dia já foi o Super-Ministério de Paulo Guedes.
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PIB sofre sequela estatística
4/03/2020O RR conversou com uma fonte no IBGE, mais precisamente da área de revisão estatística do PIB: os resultados não serão tão alvissareiros quanto no passado. Nos anos anteriores, a revisão chegou a promover um aumento de 5% no PIB. Em 2019, a mudança no índice foi dividida, com uma parte já tendo sido realizada. O coeficiente tende a ficar em torno de 1%.
O número do PIB de 2019 deverá ser divulgado pelo IBGE hoje. A expectativa quanto ao índice do crescimento não mudou. Deve ficar entre 1% e 1,1%, mantendo o mesmo patamar de crescimento de 2018 e 2017, respectivamente, 1,1% e 1%. A probabilidade do teto de 1% não ser quebrada é baixa, mesmo lembrando que o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), uma espécie de indicador antecedente do PIB calculado pelo IBGE, registrou um crescimento de 0,89% da economia brasileira, em 2019.
Qualquer migalha no PIB tem importância no ano seguinte, na medida em que implica menor ou maior herança estatística. Por enquanto, a previsão do carregamento do ano passado para 2020 é o onipresente número de 1%. Trata-se de um percentual que não deve ser erodido tendo em vista um cenário de coronavírus, com todas as previsões do PIB sendo rebaixadas.
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Fundo dos Estados no banco dos réus
17/02/2020A Advocacia Geral da União vai entrar nos próximos dias com recurso para tentar derrubar uma liminar da Justiça Federal de Roraima contra o IBGE. O juiz Helder Barreto, do TRF1, proibiu o Instituto de adotar a metodologia do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) na definição do coeficiente do Fundo de Participação dos Estados. O caso é considerado na Advocacia Geral da União como razoavelmente intrincado. Tanto a tese jurídica do mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público de Roraima quanto a decisão do Judiciário são inéditas. A ação determina a inclusão de indígenas e imigrantes na base de cálculo. Sem esses dois grupos, a renda familiar per capita aumenta, provocando consequentemente uma queda no repasse de recursos da União por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Caso a tese prevaleça no julgamento do mérito no TRF1, está aberto o caminho para que outros estados acionem a Justiça, em busca de uma fatia maior do FPE.
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O samba do crioulo doido das projeções econômicas
3/12/2019IBGE, FGV, Caged, Ipea, Fipe, Insper e mais uma série de institutozinhos, junto a departamentos de pesquisas de bancos comerciais e de atacado e auditoras internacionais, estão fazendo um sarapatel das tendências macroeconômicas e setoriais na economia. Cada um dos doutos fenomenologistas usam recortes temporários e dados distintos, metodologias desencontradas, base estatística diferenciada e modelos econométricos divergentes e até clipping. As projeções sobem e descem ao gosto de métodos cujos critérios não se encontram sequer no infinito. No mesmo dia em que um instituto diz que a tendência do emprego, por exemplo, com base nos números refogados do PNAD, está melhorando, vai um institutozinho e, após temperar o refogado, diz que as expectativas são outras. Nesta última semana o placar foi de 67% para as tendências positivas na economia contra 33% contrárias. Na semana anterior, contudo, a distância foi próxima do empate. É verdade que as tendências na economia são muito dinâmicas, mas o frenesi de projeções mais atrapalha do que permite vislumbrar o futuro. Talvez o sex appeal que as previsões tenham junto às mídias esteja estimulando a produção maciça dessa informação que não confirma nada e que ninguém cobra porque desinformou tanto. Na versão plebeia do slogan de James Bond, os institutos e institutozinhos têm licença para errar. Nesse cenário de carrossel de tendências, melhor se fiar no Boletim Focus, que acerta pouco, mas pelo menos não muda toda hora.
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“IBGPea” pode ser o grande think tank do governo
26/08/2019A fúria consolidadora da equipe econômica do ministro da Paulo Guedes está triscando o IBGE e o Ipea. As duas instituições sempre primaram pela independência. Nos últimos tempos, têm sido bolinadas pelo governo, que aproveita da inanição orçamentária de ambas para buscar influir mais do que deveria nas atividades de uma e de outra. No governo Bolsonaro, o IBGE entrou em pé de guerra com as mudanças que a equipe do ministro da Economia ensaiou fazer no censo demográfico. O IBGE, de Isaac Kerstenetzky, e o Ipea, de João Paulo dos Reis Veloso, estão entre os órgãos governamentais mais lapidares da história da produção de bens públicos do país. Dito isto, é bom que se ressalte: não consta sequer a insinuação de que Guedes e sua turma pensem em uma virtual fusão dos dois institutos porque queiram transformá-los em pau mandados. Essa alusão é não mais do que pura intuição. Se quiser influenciar as decisões de ambas as casas o ministro já conta com o instrumento do orçamento – quer melhor mecanismo de pressão? A união entre o IBGE e o Ipea estaria mais para as decisões reformistas-modernizantes por meio das quais Guedes quer deixar sua marca no governo. Medidas como juntar a Susep e a Previc e transferir o Coaf para o Banco Central, entre outras ideias menos votadas. O Ipea até tem pontos em comum com o IBGE. Ambos lidam com base de dados. Mas cabe ao primeiro uma atuação bem mais crítica, questionando, fundamentalmente, o próprio governo. O IBGE, ao contrário, é um órgão eminentemente de produção de estatísticas. A criação do “IBGEpea” permitiria ao ministro da Economia fortalecer a estrutura de mais uma área do governo. Deixariam de ser organismos “desinteressantes” para se transformarem em uma única agência influente, o grande think tank do governo. Pode ser que sejam só especulações. Mas a ideia é à feição exata de Paulo Guedes.
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Nordeste é o Brasil que Bolsonaro precisa conquistar
14/03/2019O ministro Paulo Guedes vai receber entre hoje e amanhã uma pesquisa que reforça a urgência do governo elaborar projetos estruturantes e deslocar recursos para o Nordeste. O levantamento realizado pela Associação Comercial de São Paulo em 72 municípios brasileiros e obtido com exclusividade pelo RR expõe o desalento que impera na região, se comparado às demais áreas do país. Quando perguntados sobre a expectativa de conseguir emprego nos próximos meses, o Índice de Confiança medido entre os nordestinos foi o menor (82), contra 106 no Sudeste e 122 no Sul.
Não por coincidência, o Nordeste fechou o ano de 2018 com o maior índice de desocupação entre todas as regiões do país – 14,9%, contra 12,3% na média nacional, segundo o IBGE. O governo tem clareza de que o Nordeste é uma área por ser capturada, praticamente uma lacuna no mapa do bolsonarismo. Trata-se da única região em que o PT e consequentemente a esquerda seguem com uma posição de hegemonia eleitoral – Fernando Haddad ganhou em todos os estados no segundo turno.
Os números da Associação Comercial de São Paulo se juntarão a tantos outros indicadores que pressionam o governo a desenvolver ações com foco no Nordeste. A região leva dois anos para crescer o que o Brasil cresce em 12 meses (o que já nem é grande coisa). Em 2018, o PIB nordestino subiu 0,6%, contra 1,1% do resultado nacional. A deterioração econômica da região se reflete também no aumento do número de famílias que vivem abaixo da linha de pobreza. Essa proporção passou de 5,8% para 8,9% da população.
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Crônica de um pobre país bilionário
3/10/2017O Brasil caminha a passos largos para se tornar um dos países prósperos do mundo se o critério for o da acumulação de reservas cambiais (liquidez internacional). Uma das mais renomadas consultoras de dados macroeconômicos, senão a mais renomada, a LCA prevê que o Brasil deterá US$ 972 bilhões em reservas, na média do período 2021/2030. Para chegar a esse cálculo, a LCA, que tem entre seus sócios o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, projeta um saldo médio de US$ 57 bilhões para a balança comercial no mesmo intervalo.
Em 2017, o lastro cambial do país fechará em torno de US$ 388 bilhões, somente inferior ao da China, conforme a medição do número de meses de importações correspondentes. A montanha de dólares ou, para ser preciso, de títulos do Tesouro norte-americano em sua maioria, mais do que dobrará em uma década e alguns quebrados, a não ser que ocorra algum acidente espetacular no percurso. A julgar pelo critério de acumulação de reservas, todo brasileiro é virtualmente um milionário.
Com base no último censo do IBGE, que calcula em 207 milhões de habitantes a população do Brasil, e usando um índice cadente de crescimento demográfico, cada cidadão seria detentor de US$4,37 milhões, em média, entre 2021 e 2031. Mesmo se fosse descontada a média da dívida externa bruta do país projetada para 2021/2030, na faixa de US$ 707 bilhões, o brasileiro ainda deteria um razoável pecúlio de US$ 1,28 milhão. Os mais críticos diriam que as reservas cambiais foram construídas à base de aumento da dívida interna bruta. E que, acertando as contas, o brasileiro teria, sim, dívida para pagar. Pode ser. Mas um endividamento baixinho seria como se fosse uma fortuna. O curioso é que um país que não faz obras, congela os investimentos em saúde e educação e tem índices alarmantes de violência possua tanto dinheiro assim.
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Recálculo do PIB dá alívio póstumo à era Dilma
2/02/2017Michel Temer teria sido informado de que o IBGE pretende recalcular a série do PIB de 2011 para cá, segundo uma fonte do RR. Até ai, é a missão natural do IBGE. O que dá um contorno político à iniciativa é a possibilidade da revisão do índice melhorar o resultado da economia no governo Dilma Rousseff, ou seja, o PIB do “Dilma II” passaria a ser menos ruim, digamos assim.
O governo e seus aliados têm deitado e rolado sobre os péssimos indicadores econômicos dos últimos anos, considerados os mais tétricos desde 1910, segundo estimativa do Comitê de Datação da Recessão da FGV. Esta seria a maior queima de riqueza do país desde a primeira década do século XX. Ainda de acordo com a FGV, a recessão já está no seu 33o mês consecutivo. O PIB brasileiro desabou em 2015 (-3,8%) e 2016 (-3,6%).
Colocar o Produto Interno na batedeira das contas nacionais, sacudindo o índice até ele ressurja cheio de espuma, parece suspeito, mas é uma prática usual na busca dos governos por indicadores que meçam mais precisamente a realidade da economia. Em 2015, foi mudada a metodologia de cálculo do PIB, elevando o índice de 2011 de 2,7% para 3,9%. Não custa lembrar, no entanto, que o recálculo pode também baixar o índice. Na série que começa em 2001, o PIB foi reduzido em 0,1% nos anos de 2005, 2007 e 2009. O IBGE pode demorar até dois anos para divulgar o número oficial do PIB, mas os dados de acompanhamento trimestral permitem que se utilize uma estimativa abalizada até o cálculo do indicador final.
Existem economistas, como o professor Francisco Lopes, que atribuem um peso maior à calculeira estatística em suas análises macroeconômicas. Em artigo publicado recentemente, Chico chega a estimar um crescimento do PIB de 1,7% em 2017 usando a fórmula de calcular a variação percentual entre o final de 2016 e o final de 2017, ou seja, ele expurga o que aconteceu dentro de 2016 e compara só as pontas. Assim é se lhe parece.
Consultado sobre o recálculo do Produto Interno, o IBGE informou que, em 2015, reviu a série histórica até 2011. Ressaltou que o fechamento de 2016 será divulgado no dia 7 de março, que não faz nenhum tipo de projeção para o PIB, e mais não quis informar. Em tempo: o economista Paulo Rabello de Castro, presidente do IBGE, é próximo de Michel Temer, a quem visita com frequência no Palácio do Planalto, segundo seu próprio relato.
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À sombra da imortalidade
13/12/2016O economista Edmar Bacha foi convidado para ocupar uma secretaria especial de desregulamentação e políticas microeconômicas. Está matutando, bem ao seu estilo. Bacha já esteve na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e nas presidências do BNDES e do IBGE. Foi o primeiro a abandonar o barco todas as vezes em que ele balançou. Um gaiato diz que Bacha só não vai deixar a ABL. Na Academia ele é imortal.
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Seu general
25/11/2016O presidente do IBGE , Paulo Rabello de Castro, está sendo chamado de “general” pelos funcionários. O epíteto se deve a um discurso do economista revelando sua saudade dos militares.
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Nova publicação
2/06/2016O novo presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro, carrega consigo a ideia de criar uma publicação do instituto. Ele é do ramo: foi o primeiro redator da revista Conjuntura Econômica, da FGV.
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A terra treme
26/11/2015Entre os técnicos do IBGE, a evolução do desemprego leva a considerar que por volta de março ou abril a taxa de desocupação entre a faixa de 23 a 29 anos de idade será de 17%.
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Aquela palavra maldita
5/06/2015Aquela palavra maldita – aquela mesmo que começa com a letra “D” e termina nas estatísticas do IBGE – ecoa nas fábricas da Whirpool, dona das marcas Brastemp e Consul.