Buscar
Destaque
Eduardo não amava Tarcísio, que não amava Carlos, que não amava Michelle, que não amava Flavio… Em meio a tamanho desamor, é Michelle Bolsonaro quem mais parece se aproveitar das disputas travadas no âmago do bolsonarismo. Segundo uma fonte próxima à família, ganha corpo a ideia de que a ex-primeira-dama lance uma carta aberta às mulheres. Seria uma manifestação com alta carga emocional. Michelle ressaltaria a importância das mulheres se unirem em torno de questões como família, valores tradicionais e fé – palavras que ressoam nos palanques da extrema direita.
Ela aproveitaria a missiva pública para passar a mensagem de “força” e “resiliência” diante do “sofrimento” causado pela prisão de seu companheiro. De certa forma, um spoiler desse discurso já foi dado em recente entrevista ao jornal britânico The Daily Telegraph, quando Michelle afirmou que iria se levantar “como uma leoa” para defender os valores conservadores e o marido. A carta aberta seria um forte rugido político.
A ideia do manifesto já teria a concordância de Jair Bolsonaro. Vez por outra, o ex-presidente especula que Michelle seria um bom nome para vice-presidente. Aos poucos, no entanto, surgem movimentos que parecem sugerir uma virada de ponta-cabeça nesse raciocínio, com a possível ascensão da ex-primeira-dama à posição de cabeça de chapa. Com Bolsonaro encarcerado em prisão domiciliar, é Michelle quem tem cumprido uma intensa rotina de aparições públicas. Na última terça-feira, participou de um ato em Brasília, quando foi ovacionada pela militância.
Se Lula pavimentou o caminho à Presidência com a Carta Aberta ao Povo Brasileiro, em 2002, a “Carta Aberta à Mulher Brasileira” seria um movimento contundente para galvanizar o nome de Michelle entre o eleitorado feminino. Em quase todas as pesquisas, a ex-primeira-dama aparece à frente dos demais possíveis candidatos da direita entre esse público.
Some-se a isso sua notória influência entre os evangélicos. Entre 2010 e 2022, data do último censo do IBGE, esse grupo religioso subiu de 21,6% para 26,9% da população brasileira. Entre os eleitores, essa participação já passa de 30%. Invariavelmente, Michelle se dirige aos evangélicos em atos públicos. Foi assim no 7 de setembro, na manifestação pró-anistia em São Paulo, quando disse que sua liberdade religiosa estava sendo “perseguida”, afirmou acreditar na “justiça divina” e que “nossa nação vai ser livre dessa ditadura judicial”.
Juntos, esses dois estratos do eleitorado, mulheres e evangélicos, são os dois maiores ativos políticos da ex-primeira-dama e responsáveis por manter seu nome em alta nas sondagens. Segundo o agregador de pesquisas do Poder360, que reúne resultados de seis institutos entre janeiro e setembro deste ano, Michelle é a possível candidata que mais se aproxima de Lula em um eventual segundo turno: 46,3%, contra 47,7% do presidente da República.
Outro dado merece destaque: se Jair Bolsonaro optar por apoiar um bolsonarista puro-sangue, de dentro do clã, entre aqueles que carregam o sobrenome, Michelle é quem encontra a menor resistência entre o eleitorado. Segundo a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na última terça-feira, seu índice de rejeição é de 61%, inferior ao do inelegível marido (61%) e ao do enteado Eduardo (68%).
Todos os direitos reservados 1966-2025.