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O presidente do BC, Ilan Goldfajn, é considerado um “cavaleiro Jedi” pelos seus pares na diretoria da autoridade monetária. Para quem não assistiu a nenhum filme da saga Guerra nas Estrelas, os “Jedi” são uma casta de guerreiros superdotados. “Mestre Ilan”, segundo a fonte do RR, estaria de olho no câmbio. Sim, justamente no câmbio para o qual ninguém anda dando muita pelota.
Até porque, o Brasil tem reservas cambiais de US$ 380 bilhões, superávit recorde na balança comercial de R$ 60 bilhões (2017) e um déficit de conta corrente coberto mais que três vezes pelos investimentos diretos estrangeiros. “Mestre Ilan”, contudo, é notório por sua percuciência. Em sua primeira batalha, manteve a Selic nas alturas mesmo com o índice de inflação apontando para regiões abissais, provocando uma brutal recessão.
Segundo os Jedi, a medida foi somente por cautela e garantia da ancoragem dos preços. Agora, “Mestre Ilan” estaria matutando eventuais ações de proteção ao câmbio que poderiam ser feitas com a devida sutileza, para não chamar a atenção do mercado. A estratégia é refinada porque os juros, a priori, não deveriam subir neste ano político. Ilan estaria atento a distúrbios sérios na liquidez global na esteira da elevação na esteira dos juros nos EUA, novas diatribes de Trump na linha da taxação das importações norte-americanas de aço e alumínio, além do cenário eleitoral – a população tende a rejeitar mais reformas -, novas redução na nota do Brasil pelas agências de rating e maior desconforto com os números fiscais.
O mercado poderia ficar subitamente pessimista, apostando contra o real, baixando a bolsa e cobrando juro alto. Ilan flertaria com uma cunha fiscal na saída de dólares. Motivos para a medida não faltariam. Agora mesmo, passando a vigorar curiosamente em um sábado (3 de março), o BC aumentou o IOF nas operações de remessa de recursos de uma conta bancária no país para outra conta no exterior. A alíquota, de 0,38%, foi corrigida para 1,10%. O cavaleiro Jedi tem como mantra a máxima de Mario Henrique Simonsen: “A inflação aleija, mas o câmbio mata”. O aforismo já estaria se tornando um clichê vulgar, não fosse sua exatidão. Quando se trata de câmbio, “Mestre Ilan” prefere pecar pelo excesso.
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