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Lula continua Lula no que diz respeito à política econômica de seu eventual governo: estimula assessores a fazer pronunciamentos ou vazar ideias para depois ignorá-los ou desautorizá-los, como ocorreu recentemente com Guido Mantega. No entanto, o petista tem suas preferências. No momento, entre as cartas na mesa, o que mais enche os olhos de Lula é a chamada “Reforma da Desigualdade”, como informa a edição de fevereiro do boletim Prospectiva produzido pela Insight Comunicação, que circula desde a última semana. Na prática, trata-se de um colar no qual o petista planeja pendurar uma série de ações, entre as quais iniciativas contidas nas reformas do próprio ministro Paulo Guedes.
A “Reforma da Desigualdade” enfeixaria a tributação de dividendos, ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para a população de menor rendimento (assessores do candidato citam a linha de corte de R$ 6 mil) e aumento da tributação sobre herança e sobre o lucro. No pacotão entrariam ainda a redução de incentivos fiscais, com a extinção ou remanejamento de alguns benefícios. Ainda de acordo com informações apuradas junto a auxiliares de Lula, a tributação do patrimônio ou de grandes fortunas, fetiche da esquerda, não figuraria no rol de medidas fiscais.
Lula é um pragmático. Noves fora diferenças ideológicas, sabe que diversas das medidas contidas nas reformas estruturais de Paulo Guedes são inexoráveis. Nesse sentido, a “Reforma da Desigualdade” permitirá empacotar muitas das propostas do atual ministro em uma nova embalagem e um novo discurso. Seria uma agenda com um pé no fiscal e outro no social. Ou seja: o objetivo é reduzir a diferença de renda sem causar desequilíbrio nas contas públicas.
Para isso, as medidas englobariam também o funcionalismo federal. Uma das ações seria reduzir a distância na remuneração entre algumas esferas dos Poderes da República e o setor privado. Assessores de Lula citam também a criação de uma regra para a correção do salário dos servidores. O petista pretende brandir a “Reforma da Desigualdade” ao lado do meio ambiente e de políticas sociais como um emblema do seu governo no exterior.
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