“Campanha” da reeleição começa em dezembro

  • 12/08/2020
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A concorrência de R$ 270 milhões para a contratação de agências de publicidade, anunciada pela Secom na semana passada, é apenas a ponta do iceberg. Segundo o RR apurou, o ministro da Comunicação, Fabio Faria, recebeu a missão de lançar até dezembro uma ampla campanha publicitária para propagandear as principais realizações do governo Bolsonaro em seus dois primeiros anos. O momento é considerado estratégico no Palácio do Planalto, por marcar a virada para a segunda metade do mandato e a contagem regressiva para a eleição – Jair Bolsonaro só pensa em 2022.

A ação vai envolver todos os Ministérios. Trata-se de uma guinada em relação à estratégia de comunicação do governo até então. Sob o comando de Fabio Wajngarten, a Secom optou por não renovar quase todos os contratos herdados da administração Temer. Hoje, apenas os Ministérios da Saúde, Cidadania e Desenvolvimento Social contam com agências contratadas. Observando-se o track records recente, é possível antever que parte expressiva das verbas de TV será destinada a SBT e Record. Mas, antes que alguém faça alguma ilação pelo fato de Faria ser genro de Silvio Santos, a predileção pelas duas emissoras já é um fato consumado no governo Bolsonaro muito antes da sua nomeação para o Ministério da Comunicação.

Tomando-se como base o que se viu até agora, a gestão do presidente Bolsonaro é responsável por uma das mais injustas distribuições de verbas públicas da história recente do país. Segundo relatório do TCU, a partir de dados da própria Secom, em 2019 SBT e Record ficaram, respectivamente, com 41% e de 42,6% dos recursos do governo federal para propaganda em TV. No ano anterior, as participações das duas emissoras haviam sido de 29,6% e de 31,1%.

Significa dizer que a fatia somada da dupla cresceu mais de 20 pontos percentuais em relação a 2018. Já a Globo recebeu apenas 16,3% das verbas publicitárias para TV em 2019, contra 39,1% em 2018, último ano do governo Temer. Ou seja: do ponto de vista do viés na distribuição de verbas publicitárias, Jair Bolsonaro ganha de lavada do ex-presidente Lula, que também era acusado de ter suas predileções. A julgar pela competência e perfil técnico que Faria tem demonstrado à frente do Ministério, ele deverá ser esforçar ao máximo para reduzir o mau cheiro que vem do Palácio do Planalto.

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