O setor de educação tem sido chacoalhado, nos últimos dias, com uma série de informações sobre a Inspirali, o braço de cursos de medicina da Ânima. O que se diz em petit comitê é que a DNA Capital, da família Bueno, tem interesse em vender uma parcela ou mesmo integralmente a sua participação de 25,9% na companhia. A Inspirali é avaliada no mercado entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões, o que, no melhor cenário, permitiria à DNA obter até R$ 1,75 bilhão no caso de uma saída definitiva.
Difícil dissociar o eventual movimento da atual situação da Dasa, o principal negócio dos herdeiros de Edson de Godoy Bueno. Na semana passada, o clã anunciou que fará o segundo aporte na rede de medicina diagnóstica em pouco mais de um ano – desta vez de R$ 1,5 bilhão – para atenuar o alto endividamento da empresa. Paralelamente, há conversas com a Amil para uma possível fusão na área hospitalar.
Os Bueno sempre apostaram na sinergia entre um grupo da área de saúde e uma rede de universidades de medicina. Mas as circunstâncias e as prioridades mudaram. No atual contexto da Dasa, o setor de educação teria ficado relegada a segundo plano.
A DNA Capital não é a única porta aberta para o capital da Inspirali.
A própria Ânima discute uma forma de destravar valor com a controlada. Já há algum tempo, o mercado especula a possibilidade de um IPO. Os estudos, no entanto, parecem banho maria. Agora, surgem relatos de conversações entre a Ânima e gestoras de recursos, brasileiras e estrangeiras, em torno da venda de uma fatia da Inspirali. As tratativas são conduzidas pelo JP Morgan, contratado no ano passado para auxiliar o grupo na busca de soluções de capitalização da Inspirali.
Um dos interessados teria sido o Advent, que acaba de fazer um investimento relevante na área de educação no país, ao aportar R$ 1 bilhão na quase homônima Inspira, rede de ensino básico que tem o BTG entre seus acionistas. O nome da General Atlantic, que já tem participações em educação no Brasil, também é citado aqui e acolá. Procurada, a Ânima disse que “não comenta especulações de mercado”. Igualmente contatada, a DNA Capital também não quis se manifestar sobre o assunto.
A Inspirali é um dos ativos mais cobiçados do mais cobiçado segmento de ensino superior, as faculdades da área médica. O tíquete médio passa dos R$ 8 mil, a taxa de ocupação é quase de 100% e há reduzido índice de desistências ao longo do curso. No ano passado, a Inspirali teve receita líquida de R$ 1,2 bilhão, 15% a mais do que em 2022 – para efeito de comparação, o faturamento total da Ânima subiu apenas 4,8% no mesmo intervalo.