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Alexandre Silveira quer colocar diretor-geral da Aneel na cadeira elétrica
A crise da Enel desencadeou um curto-circuito entre autoridades da área de energia. O ministro Alexandre Silveira estaria trabalhando nos bastidores para eletrocutar o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa. Silveira já teria até um nome para o lugar de Feitosa: Gentil Nogueira, atual secretário de Energia Elétrica do Ministério. Seria um caso raro de alguém promovido antes mesmo de ser admitido na “empresa”. O ministro já havia indicado Nogueira para ocupar uma das diretorias da Aneel – a cadeira está vaga desde maio, com o fim do mandato de Hélvio Guerra. No entanto, em meio à convulsão institucional causada pelos apagões em São Paulo, Silveira vislumbra a oportunidade de ter um homem da sua confiança no comando da agência.
Com Gentil Nogueira, seria como se ele próprio estivesse à frente do órgão regulador, dizem algumas línguas mais ferinas. Ressalte-se que a convivência entre Alexandre Silveira e Sandoval Feitosa nunca foi das mais harmônicas. Entre executivos do setor elétrico, é voz corrente que há uma disputa tácita de poder entre ambos, com tentativas recíprocas de um invadir a jurisdição do outro.
O caso da Enel e o jogo de empurra-empurra de responsabilidades serviu para eletrificar ainda mais a relação e amplificar as divergências entre o ministro e o diretor-geral da agência. Silveira já disparou publicamente, dizendo que a Aneel não tem cumprido o dever de fiscalizar a Enel. Pior: diante do não comparecimento de Feitosa a uma reunião convocada pelo Ministério, afirmou que a ausência era um “ato de covardia”. Feitosa rebate as críticas, afirmando que o Ministério havia sido comunicado sobre a gravidade dos apagões em São Paulo e que a agência já aplicou mais de R$ 320 milhões em multas ao grupo italiano.
Para todos os efeitos, Sandoval Feitosa tem mandato até 2027. Mas a história mostra que mandatos não blindam dirigentes de órgãos reguladores de pressões políticas e de processos de fritura. Some-se a isso o fato de que apreço pelas agências não é exatamente uma marca dos governos petistas. Consta, inclusive, que Silveira tem o respaldo do Palácio do Planalto para jogar óleo na frigideira, esquentar o fogo e esturricar Feitosa. Aos olhos do governo Lula, como se não bastasse toda a celeuma institucional e política criada pelo péssimo serviço da Enel em São Paulo, o atual diretor-geral da Aneel ainda carrega o pecado de ter sido nomeado para o cargo por Jair Bolsonaro.
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