Negócios

A estranha relação entre Sergio Rial e os “Lemann brothers”

  • 18/01/2023
    • Share

Esquisitas ou, no mínimo contraditórias, as declarações do ex-presidente do Santander  um dos grandes credores da Americanas  e ex-CEO desta última, Sérgio Rial, sobre o episódio de inconsistências (ou fraudes) contábeis na empresa varejista. Rial disse que “jamais transigiria com sua biografia”, mas se posiciona como quem, sim, está transigindo com sua imagem e profissionalismo. O histórico é mais ou menos o seguinte: Rial era o titular do Santander  portanto, o fato de o banco ser grande credor da empresa deve ter de alguma forma influenciado na sua escolha pelos donos da bola, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles; até por que, imagina-se, ele estaria bem informado sobre a empresa.

Em 10 dias, Rial pede para sair do cargo, em meio à denúncia de um escândalo de R$ 20 bilhões, e os sócios de referência, que o convidaram (Lemann e seus principais acólitos), não sabiam de nada, é claro. Pois bem, os donos das Americanas, frios e conhecidos pelo mergulho nas contas das suas empresas, não só ignoravam todos os problemas contábeis, como quando a bomba explode e Rial pula fora do barco, o convidam para assessorá-los. Rial aceita, mesmo que de alguma forma e ainda que sendo “rápido no gatilho” do seu pedido de demissão, o episódio tenha tingido sua trajetória profissional.

Quando Rial concorda em permanecer no mesmo time dos “Lemann Brothers” ele indulta os acionistas de referência e recebe deles um indulto cruzado. Estão todos juntos e sem responsabilidade pelos desatinos contábeis ocorridos nas Americanas. Em seu comunicado ao mercado, Rial afirma que “essa correção de rota” partiu da “transparência e apoio incondicional que recebeu do Conselho e dos acionistas de referência”. Ou seja, o ex-CEO agradece, por quesitos ausentes no processo (tais como “transparência”), e isenta aqueles que, em qualquer lista de credores e acionistas, estão no andar mais alto da cadeia de responsabilidade sobre os “prováveis crimes” ocorridos: Jorge Paulo Lemann, Beto Sucupira e Marcel Telles. Um dado sobre o qual não se falou foi o acordo de rescisão de Rial. Não que haja suspeição direta sobre o executivo, mas somente para cumprir com atributo da transparência que ele tanto preza. Parece razoável que em condições normais o executivo deveria querer a maior distância possível dos acionistas de referência e não ficar agradecendo o seu apoio. Mas apoio a que? De que? A quem? No mercado dizia-se, ontem, que  Rial sofre de uma “síndrome de Estocolmo versão Faria Lima”. De qualquer forma, tudo é muito, muito estranho.

 

#Beto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Lojas Americanas #Marcel Telles #Sergio Rial

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.

Rolar para cima