Esteves junta BB e CEF em uma "PPP bancária"

  • 14/05/2012
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O laboratório de inovações, favores ao governo e “PPPs bancárias” de André Esteves está mais uma vez manipulando seus tubos de ensaio. A alquimia idealizada pelo jovem Midas das finanças busca juntar o BTG Pactual ao Banco do Brasil e a  Caixa Econômica Federal, criando uma espécie de Hidra de Lerna do setor. A operação passaria pela aquisição do controle do Banco Votorantim, pertencente a  família Ermírio de Moraes. Com aquisição dos 50,01% nas mãos do clã, o BTG passaria a ser sócio do BB, dono do restante das ações. O Banco Votorantim está na prateleira das liquidações. Apesar do esforço da nova gestão, as previsões do mercado são de que, nos próximos três anos, a instituição ainda realize prejuízos. Os Ermírio de Moraes preferem abrir uma fábrica de óleo de rícino a permanecer no segmento bancário, sobretudo com os pés atolados na areia movediça. Só no primeiro trimestre deste ano, o Votorantim amargou prejuízo de R$ 597 milhões. Para André Esteves, não chega a ser um bicho de sete cabeças. Ele tem know how de sobra em adquirir um banco pelas tabelas. O PanAmericano estava bem pior das pernas quando foi comprado pelo BTG. Ou seja: mais uma vez, o banqueiro colocaria sua expertise a serviço do governo. a€ época, a compra do PanAmericano teve um inestimável retorno intangível, elevando Esteves ao posto de um dos principais interlocutores do Palácio do Planalto. Antes que alguém anteveja uma potencial consolidação do Votorantim com o Pan- Americano, criando um banco mais corpulento no varejo, esta equação não fecha. Existem dispositivos, inclusive constitucionais, que não permitem a associação simultânea do BB e da Caixa com um banco privado. Uma das fórmulas estudadas no laboratório do BTG é a criação de uma holding, na qual o controle de ambos os bancos – PanAmericano e Votorantim – seria aportado, permitindo, assim, uma sociedade com os dois mega bancos estatais por vias paralelas. Quem pensou num futuro IPO dessa holding está em fina sintonia com o que vislumbram os engenheiros de operações avançadas do BTG. Mesmo que a abertura de capital seja uma ambição desmedida, esta empresa-mãe serviria, posteriormente, de porta de entrada de uma instituição estrangeira ou, quiçá, fundos de investimento no varejo bancário brasileiro através de aquisição de parte da holding. Não seria nada mal para algum forasteiro que nunca passeou nestas plagas desembarcar no país escoltado pela Caixa Econômica e o Banco do Brasil. André Esteves teria ainda outro benefício com a operação: entrelaçar os canais bancários do Votorantim e do PanAmericano com os do BB e da Caixa, de forma a que o BTG possa desovar seus produtos também por essa vasta capilaridade. Não custa lembrar que o banco de Esteves acabou de criar uma seguradora. O mais irônico de tudo isso é que ele reproduziu, anos depois, a fórmula que o fez se distanciar e, mais a  frente, tornar-se inimigo de Luiz Cezar Fernandes, ex-dono do Pactual. Ou seja: adquirir bancos de varejo de forma a usá-los também como marca distintiva. Como se sabe, para o grupo hegemônico no governo, os bancos de atacado não estão muito longe de serem visto como predadores. É um preconceito que vem de longa data.

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