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O ex-ministro Mario Henrique Simonsen estava longe de ser um primor de elegância na sua apresentação pessoal. Costumava usar ternos amarrotados e nós de gravata que ora parecia o de uma forca, ora estavam tão frouxos que quase abriam. Mas, na postura e na atitude, Simonsen era de uma distinção imbatível. Quando deixou o Ministério da Fazenda por discordância com a orientação do governo, chegou ao Rio e foi logo para a praia. Detalhe: Simonsen nunca ia a praia, que fica logo ali, em frente ao prédio onde ele morava, em Ipanema. Foi deitado na areia que deu uma entrevista coletiva para todos os veículos da imprensa. E depois não mais falou. Simonsen cunhou um aforismo que deveria ser talhado em bronze e pendurado nos gabinetes de ministérios e autarquias: ex-integrantes do governo têm de pensar no que falam, pois são formadores de expectativas. Quanto mais elevado for o prestígio do manda-chuva, maior o cuidado que precisa ter com o que diz. Comparar Simonsen com Arminio Fraga é um desatino, por tudo o que foi dito e muito mais. No entanto, as entrevistas regulares do ex-presidente do Banco Central, desancando a gestão econômica, merecem registro. Arminio é um ex-futuro ministro da Fazenda, que, durante a campanha, performava mais nos jornais do que o seu próprio ex-futuro presidente. Os seus méritos acadêmicos são reconhecidos. Foi administrador de recursos na Casa George Soros. Não chegou a ser um festejado ganhador de dinheiro naquelas plagas. Veio para o BC agradar ao mercado. Como autoridade monetária, vestiu a fantasia de criador do regime de metas de inflação, quando, na verdade, foi o então diretor do BC Sergio Werlang quem colocou a mão na massa. Voltou ao mercado e criou sua própria administradora de recursos. Choveram fortunas inabituais em circunstâncias do gênero. Contudo, a alta rentabilidade, que era o promessa do Gávea Investimentos, acabou virando case de marketing: a melhor não entrega do mercado. Em síntese: Arminio ainda considera ser aquilo que nunca foi. O próspero financista, em suas regulares entrevistas, decreta em tom de epitáfio a morte agonizante da economia brasileira. Sova Joaquim Levy com seus punhos de pilão. Segundo a Cassandra tucana, o superávit de 1,2% não dá nem para a saída – teria de ser de 3% no mínimo -, a dívida bruta vai a 100% daqui a quatro ou cinco anos, não voltaremos a crescer a 4% tão cedo, com a atual política a inflação não recua para a meta de 4,5% de jeito nenhum. Não há fato novo: Arminio entoa essa cantilena a toda hora. No seu caso, convém lembrar que foi um reputado presidente do BC, o que lhe cobra certas responsabilidades. Formar expectativas sendo maquinista de um trem financeiro exige pruridos ainda maiores. Sem censura, mas com atenção ao seu papel histórico. N.R. Pela média histórica, a próxima entrevista de Arminio Fraga deve ocorrer entre 20 ou 30 dias.
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