Hering se equilibra entre a paz financeira e a guerra societária

  • 15/04/2015
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Fabio Hering, herdeiro e CEO de um dos maiores grupos do setor de vestuário do país, vive um paradoxo. Há três anos, ele faz tudo sempre igual: entrega aos acionistas um lucro médio acima dos R$ 300 milhões, uma rentabilidade sobre a receita em torno dos 20% – bem superior aos índices da indústria têxtil – e algo perto de R$ 100 milhões em dividendos. Ainda assim, não tem paz. Um grupo de minoritários da Hering, liderado pelos atiradores de elite BlackRock e Credit Suisse, está em pé de guerra com o empresário e sua gestão. Esta tropa de investidores acusa Fabio Hering, erigido pela família a  presidência há cinco anos, de ter transformado o grupo numa caixa preta. Os minoritários insurretos cobram maior transparência e exigem uma participação mais ativa na administração da companhia, incluindo a indicação de mais um conselheiro. Atualmente, eles têm apenas um representante direto no board – Marcio Guedes Pereira Junior, ex-diretor de investment banking do próprio Credit Suisse no Brasil. No ano passado, o BlackRock chegou a apresentar um nome para o Conselho, mas a iniciativa foi rechaçada pelos acionistas controladores. Os minoritários cobram maior disclosure em relação ao planejamento estratégico e a  política de investimentos conduzida por Fabio Hering. No ano passado, o empresário acenou com a abertura de 100 novas lojas com as bandeiras Hering, Hering For You e Dzarm. Não inaugurou sequer a metade. Não obstante os seguidos lucros obtidos pela companhia, os acionistas questionam a queda das margens, notadamente na operação de varejo. No ano passado, a retração chegou aos dois pontos percentuais – número que poderá ter maior impacto sobre a última linha do balanço em um período de estiagem no consumo. Em tempo: o mercado, de um modo geral, parece fazer coro a  insatisfação dos bancos e fundos minoritários da Hering. Mesmo com os resultados apresentados pela empresa, a gestão de Fabio Hering tem merecido bola preta nas bolsas. No ano passado, o valor de mercado da Hering caiu 37% – no mesmo período, o Ibovespa recuou 2,91%.

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