Kraft Heinz deixa um rastro de desconfiança

  • 25/02/2019
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A matéria publicada pelo RR na ultima sexta-feira referente à abertura de inquérito contra a Kraft Heinz na SEC gerou questionamentos sobre a extensão do problema e o risco de contaminação das outras empresas dos mesmos acionistas, leia-se a 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Carlos Alberto Sicupira. A apreensão do mercado se concentrou sobre a Anheuser-Busch e, por extensão, a AmBev. A newsletter procurou os diversos órgãos envolvidos neste enredo com o objetivo de elucidar essas dúvidas. Consultada se as investigações sobre a contabilidade da Kraft Heinz poderiam, por algum motivo, se estender à Anheuser-Busch, a SEC declinou de responder. Perguntada se recebeu algum contato de sua congênere norte-americana referente a
este episódio, a CVM informou que “não comenta casos específicos”. O RR procurou também a AmBev. Por meio da assessoria de imprensa, a cervejaria enfatizou não ter qualquer relação com a Kraft Heinz, sendo operações absolutamente distintas e independentes. Faz sentido. O mercado, no entanto, parece pensar diferente e já começou a precificar o custo dessa consanguinidade societária. Na sexta-feira, as ações da Anheuser-Busch InBev caíram quase 4% em Londres.

Além da própria empresa, a SEC também intimou a alta administração da Kraft Heinz? O write down de US$ 15 bilhões feito pela companhia tem alguma relação com a investigação? A SEC também não comenta estas questões. Os escritórios Glancy Prongay & Murray e Rosen Law Firm, que, na última sexta-feira, anunciaram a abertura de investigações em nome de investidores da Kraft Heinz, também não quiseram dar detalhes adicionais.

O RR consultou ainda a trinca máxima da classificação de risco no mundo. Fitch e Moody´s não se pronunciaram. Já a Standard & Poor´s informou ter mantido as classificações quanto ao risco de crédito e à dívida da Kraft Heinz. No entanto, revisou a perspectiva de estável para negativa, refletindo uma “potencial classificação mais baixa nos próximos 12-24 meses”. Imagine-se que seja tempo mais do que suficiente para a SEC esclarecer o caso Kraft Heinz, assim como se saber se o episódio respingou em outros negócios da 3G Capital. Tomara que não.

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