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O que precisa ser dito
A partir de hoje o RR passa a contar com as análises de um “colaborador especial”: o embaixador Jorio Dauster. Jorio é diplomata de carreira. Foi secretário do consulado brasileiro em Montreal e nas embaixadas de Praga e Londres . Também na capital inglesa, chefiou o escritório do então poderoso Instituto Brasileiro do Café, do qual viria a ser presidente. Jorio foi ainda negociador-chefe da dívida externa, no governo Collor, e embaixador do Brasil junto à União Europeia, em Bruxelas. Ocupou também a presidência da Vale. Em sua coluna de estreia, Jorio desconstrói o uso da chantagem como instrumento “diplomático, expediente que está no centro a política externa de Donald Trump no espocar do seu segundo mandato.
Jorio Dauster
Nenhum país pode impunemente fazer política externa chantageando seus aliados. Depois do que aconteceu com México e Canadá, de que vale um acordo comercial negociado com os Estados Unidos e aprovado pelos congressos dos três países como o USMCA, sucessor do NAFTA? Quem acreditará em qualquer outro acerto com Trump se as normas internacionais, desenvolvidas ao longo de séculos para oferecerem certa segurança no relacionamento entre nações independentes, podem ser rasgadas ao bel-prazer de um suposto estadista que, no dia seguinte, trombeteia publicamente a humilhação imposta a seus vizinhos? Mas é preciso ficar claro que não se trata de gestos ocasionais ou tresloucados. Trump assumiu a presidência com o propósito declarado de torpedear um arranjo internacional que fora promovido pelos próprios Estados Unidos quando era de longe o país hegemônico a fim de substituí-lo por uma (des)ordem internacional em que aquilo que resta de poder norte-americano possa ser explorado sem amarras formais. A saída do Acordo de Paris e da Organização Mundial de Saúde, bem como o desmonte da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), são outros sinais do que vem pela frente. E a Europa já sabe que será o próximo alvo.
Nenhum país pode impunemente fazer política externa chantageando seus aliados. Depois do que aconteceu com México e Canadá, de que vale um acordo comercial negociado com os Estados Unidos e aprovado pelos congressos dos três países como o USMCA, sucessor do NAFTA ? Quem acreditará em qualquer outro acerto com Trump se as normas internacionais, desenvolvidas ao longo de séculos para oferecerem certa segurança no relacionamento entre nações independentes, podem ser rasgadas ao bel-prazer de um suposto estadista que, no dia seguinte, trombeteia publicamente a humilhação imposta a seus vizinhos? Mas é preciso ficar claro que não se trata de gestos ocasionais ou tresloucados. Trump assumiu a presidência com o propósito declarado de torpedear um arranjo internacional que fora promovido pelos próprios Estados Unidos quando era de longe o país hegemônico a fim de substituí-lo por uma (des)ordem internacional em que aquilo que resta de poder norte-americano possa ser explorado sem amarras formais. A saída do Acordo de Paris e da Organização Mundial de Saúde, bem como o desmonte da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), são outros sinais do que vem pela frente. E a Europa já sabe que será o próximo alvo.
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