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Os elogios recentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao professor Mario Henrique Simonsen podem revelar a atualidade e a inspiração em uma das ideias do mestre. Corriam os anos 70, e a economia derretia com a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas. Simonsen, que nunca rezou pela cartilha da ortodoxia econômica, bolou uma forma de estimular a liquidez sem emissão monetária ou endividamento. Batizou o engenhoso instrumento de refinanciamento compensatório.
A receita de Simonsen determinava que o Banco Central liberasse recursos do compulsório bancário para que as instituições financeiras pudessem renegociar dívidas de empresas e pessoas físicas, evitando, assim, uma quebradeira em massa. Guedes, que à época não comungava com a medida, está tentando utilizá-la para sacudir o consumo. O assunto está em estudos pela equipe econômica. Sem expectativas de novos investimentos e com as despesas do governo contidas, o papel de desfibrilador da economia, neste ano, ficou restrito a algum aquecimento do mercado interno.
E qualquer resíduo a mais no PIB conta ponto. Durante a campanha presidencial, Ciro Gomes plagiou Simonsen e defendeu o refinanciamento de todas as pessoas físicas penduradas no SPC. No modelo original estavam incluídas as pessoas jurídicas. Hoje dar essa guarida para as empresas seria cometer um haraquiri político. Atualmente, mais de 60 milhões de brasileiros estão inadimplentes, sendo que a maior parte são idosos. A medida atinge, portanto, grande parte do público que é impactado pelas mensagens sobre a reforma da Previdência.
O “refinanciamento compensatório” vai direto na veia da taxa de desemprego, que está quase imóvel na faixa de 12%; suaviza a impopularidade das mudanças na Previdência; reconhece que os bancos, mesmo abarrotados de dinheiro, não acreditam mais na clientela, que se encontra com o nome sujo. O dinheiro seria carimbado. Somente poderia ser usado para renegociar as dívidas daqueles que penam no SPC e estão excluídos do mercado de consumo. Uma garantia para que os bancos voltem a emprestar. Seria uma iniciativa com impacto direto no bolso dos brasileiros que mais se ressentem da marcha lenta da economia. O fato de Paulo Guedes estudar a adoção da medida revela não só a atualidade do pensamento do mestre, mas também a inspiração em uma das suas ideias, que poderá ser relançada em breve. É um sincero, ainda que tardio, elogio a Mario Henrique Simonsen.
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