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A governança da Vivara é um anel de vidro, feito o da cantiga infantil. Aos olhos do mercado, a nova troca de CEO – a terceira em menos de oito meses – reforçou a ideia de que a rede de joalheiras é praticamente “inadministrável” em razão do permanente estado de ingerência do acionista fundador e chairman Nelson Kaufman. Que o diga Otávio Lyra, o último a ocupar a cadeira elétrica de executivos que se tornou a presidência da Vivara. No entorno de Lyra, a informação é que ele deixou o cargo por desentendimentos com Kaufman, após seguidas interferências do empresário na gestão.
O processo de internacionalização, que começa a dar os primeiros passos, teria sido praticamente imposto pelo fundador da Vivara a Lyra e ao diretor de marketing e expansão, Leonardo Bichara. Há relatos de discordâncias também em relação aos custos administrativos e operacionais da Vivara. Lyra, que acumulava o cargo de CEO com o de CFO, defendia medidas restritivas, para contenção das despesas. No entanto, não encontrou respaldo no acionista controlador.
No terceiro trimestre deste ano, as despesas totais no conceito mesmas lojas chegaram a R$ 230 milhões, um crescimento de 21% em relação a igual período em 2023. Procurada pelo RR, a Vivara não se pronunciou.
Caberá ao novo CEO, Icaro Borrello, administrar o, digamos assim, excesso de presença de Nelson Kaufman no dia a dia da Vivara. Borrello já é da casa: ocupava o cargo de COO. Bem, Lyra também era. Respondia pela área financeira antes de ser nomeado presidente da rede de joalherias, em março deste ano.
E da casa, da casa mesmo, nenhum deles era mais do que Paulo Kruglensky, sobrinho de Kaufman, que se sustentou na cadeira de CEO entre fevereiro de 2021 e fevereiro deste ano. Nem o parentesco serviu de blindagem. Consta que Kruglensky deixou a empresa também por atritos com o empresário. Na ocasião, não custa lembrar, o próprio Kaufman pisou em cima do anel de vidro, mandou a governança às favas e reassumiu a função de CEO, 13 anos após ter deixado o cargo. O mercado reagiu de forma agressiva, a ação da Vivara virou bijuteria – caiu 14% em um único pregão -, e Kaufman teve de voltar atrás, deixando a gestão executiva. Ao menos para inglês ver.
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